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terça-feira, 8 de julho de 2008

Em entrevista, maestro Roberto Minczuk explica a escolha do tema da 39ª edição do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão

Revista Cult


Por Daniel Marques
Roberto Minczuk rege a Orquestra Acadêmica, formada por 148 alunos bolsistas do Festival (foto/Divulgação)
E m sua 39ª edição, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão baseou-se na fértil relação entre literatura e música para definir o tom dos 50 concertos que serão realizados entre 5 e 27 de julho, na turística cidade da Serra da Mantiqueira. Pensando neste intercâmbio entre letra e harmonia, o maestro Roberto Minczuk, diretor artístico do evento, preparou um final apoteótico: no dia do encerramento será executada a Nona Sinfonia, de Ludwig van Beethoven, obra baseada no poema Ode à Alegria, de Friedrich Schiller.
Ainda como parte do tema "Música e Literatura" foi programada a estréia mundial de Capitu, do compositor e residente do festival João Guilherme Ripper, com a Orquestra Acadêmica, formada apenas por alunos bolsistas, sob regência de Ronald Zollman. A obra foi inspirada na personagem do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, considerada uma das figuras femininas mais enigmáticas da literatura brasileira. Outro grande destaque é a montagem da ópera Os Sete Pecados Capitais, música de Kurt Weill, libreto do dramaturgo Bertold Brecht, direção de Carla Camurati e com a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Nesta edição, o festival ganhou seis palcos, espalhados pela cidade serrana: Auditório Cláudio Santoro, Praça do Capivari, Capela do Palácio Boa Vista, Igreja Santa Terezinha, Igreja São Benedito e pela primeira vez a Igreja Nossa Senhora da Saúde. Os ingressos podem ser comprados na bilheteria da Sala São Paulo, localizado na Praça Júlio Prestes na capital paulista, no Auditório Cláudio Santoro em Campos do Jordão, e pelo endereço eletrônico www.ingressorapido.com.br .
Público acompanha concerto na Praça do Capivari, um dos seis palcos desta edição do Festival (foto/Divulgação)
Para explicar melhor como a literatura foi influente na produção da música clássica, além de comentar a importância do Festival Internacional para o treinamento de 148 alunos bolsistas que farão parte da próxima Orquestra Acadêmica, o maestro Minczuk concedeu entrevista ao site da Revista CULT.
CULT - Como foi definido o tema desta edição do Festival, intitulado "Música e Literatura"? Por que a música clássica e a literatura sempre caminharam juntas na história da arte?
Maestro Minczuk - Música e literatura sempre andaram juntas. Há uma quantidade imensa de obras musicais inspiradas em outras literárias, que resultaram em grandes obras-primas. Queremos mostrar que a convivência entre as formas de arte é importante, frutífera e, acima de tudo isso, faz parte do processo de educação e formação do ser humano.
CULT - Quais foram os critérios utilizados para realizar a seleção dos 50 concertos desta edição do Festival?
Maestro Minczuk - Sempre procuramos levar ao público do Festival as principais orquestras do Brasil, bem como artistas brasileiros consagrados, estrelas internacionais e jovens promissores. Acima de tudo, devem ter qualidade musical e seriedade.
CULT - O Festival atinge seus objetivos de formar novos instrumentistas pelo projeto de bolsas. O objetivo de cultivar ou aumentar o público participante também está sendo atingido?
Maestro Minczuk - A parte pedagógica ou aquela que se refere aos bolsistas é a mais importante do Festival. É claro que para o grande público provavelmente o que mais chama a atenção são os concertos, mas nossa programação de música de câmara, além de contar com altíssimo nível artístico e musical, traz uma variedade enorme de obras durante as três semanas, que certamente não são suplantadas em muitas séries regulares das principais cidades do país durante um ano inteiro de programação. Os bolsistas devem não só aprender com esses grandes artistas que vêm a Campos do Jordão para ensinar, mas tocar ao lado deles é fundamental para o aperfeiçoamento musical desses bolsistas.
CULT - Já em sua 39ª edição, o Festival conquistou o título de "mais importante e maior evento de música clássica da América Latina". O que isso, de fato, representa? Que reflexão pode ser feita sobre a música clássica no Brasil a partir desse rótulo?
Maestro Minczuk - Ao longo de sua história, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão tem levado ao público inúmeros artistas de excelente qualidade, proporcionado aos bolsistas um convívio único com esses instrumentistas de uma forma intensa, atendendo a um número imenso de jovens músicos vindos de todas as partes do mundo. Não há paralelos na América Latina dentro desses parâmetros e nenhum outro Festival se mantém há tantos anos de forma a privilegiar os alunos.
CULT - A expansão das atividades da Osesp, em São Paulo, e a criação do complexo Cidade da Música, no Rio, sinalizam um bom momento para a divulgação da música de concerto nessas capitais. É possível observar o aumento de interesse também em outras regiões do país? Que tipos de projetos e iniciativas poderiam ser destacados nesse sentido?
Maestro Minczuk - Em todos os lugares há espaço para a música de concerto. Este será o terceiro ano em que viajarei com a OSB às capitais onde acontecem os trabalhos com o projeto Vale Música, da nossa mantenedora, a Vale. Em lugares como São Luís, Vitória e Corumbá os concertos são realizados ao ar livre e contamos com um público sedento de música estimado em até 30 mil pessoas por evento. As pessoas não conseguem consumir aquilo que não é oferecido. Quando isso acontece, o sucesso é garantido, independente da condição social ou cultural.

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