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domingo, 29 de junho de 2008

União Africana discute eleição de Mugabe; UE ameaça intervir

O Conselho da Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) --organismo encarregado da prevenção de conflitos no continente-- iniciou neste domingo uma reunião dedicada ao Zimbábue, enquanto a União Européia (UE) divulgou que "não exclui a possibilidade de tomar as medidas oportunas contra os responsáveis pelos trágicos eventos dos últimos meses" no país.

No comunicado, a UE acrescentou que as únicas eleições legítimas foram as realizadas em 29 de março, "já que ocorreram de maneira correta e podem servir de base para uma solução aceitável" porque, no segundo turno, a população do país "não teve a possibilidade de expressar sua vontade".

Arte Folha Online

O bloco também pediu para que sejam imediatamente suspensas as restrições impostas às organizações humanitárias que trabalham no país e defendeu o acesso " sem obstáculos" dos cidadãos a uma assistência alimentar e médica".

A reunião do CPS da União Africana ocorre a portas fechadas no balneário egípcio de Sharm el Sheikh, onde será realizada uma cúpula de chefes de Estado e de governo a partir de amanhã, na qual poderá estar presente o presidente zimbabuense Robert Mugabe.

Mugabe, foi eleito para o seu sexto mandato neste domingo, após ter sido declarado vencedor pela Comissão Eleitoral do país.

A cerimônia de posse foi realizada na residência oficial do presidente apenas algumas horas após o anúncio oficial de sua vitória. Mugabe obteve um total de 2.150.269 votos, contra 233 mil de Morgan Tsvangirai, do MDC (Movimento para a Mudança Democrática), que rejeitou o convite para comparecer ao evento.

Juramento

Mugabe jurou defender as leis de sua nação se "assim Deus ajudar" e assinou os documentos em meio à comemoração dos presentes.

Tsvangirayi Mukwazhi-22.jun.2008/AP
Morgan Tsvangirai anuncia saída da disputa para a Presidência do Zimbábue
Morgan Tsvangirai anuncia saída da disputa para a Presidência do Zimbábue

"Declaro, portanto, Robert Gabriel Mugabe presidente eleito da República do Zimbábue", disse o responsável pela apuração na comissão eleitoral do país, Lovemore Sekeramyi, segundo a agência de notícias France Presse.

O número de votos fraudados foi alto, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Associated Press (AP).

Na cidade de Bulawayo, por exemplo, resultados oficiais mostravam 21.127 votos para Mugabe; 13.291 para o candidato opositor (que deixou a disputa na semana passada), de Tsvangirai, e outros 9.166 votos foram fraudados (Bulawayo é a segunda maior cidade do Zimbábue e é conhecida por ser um reduto de oposição a Mugabe)

A votação foi condenada pela comunidade internacional devido à desistência de Tsvangirai, que retirou sua candidatura em razão das recentes ondas de violência contra opositores no Zimbábue, que causaram mais de 80 mortes e forçaram a retirada de cerca de 200 mil de suas casas.

O partido opositor MDC divulgou considerar a eleição de Mugabe 'uma farsa' organizada devido à derrota do partido governista Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica) no primeiro turno, realizado em 29 de março.

'É uma farsa completa e um ato de desespero por parte do regime', afirmou à agência France Presse o porta-voz do MDC, Nelson Chamisa.

Mediação

A UA se esconde por trás de declarações diplomáticas otimistas e quer uma divisão de poder entre Mugabe e Tsvangirai. Designado mediador na crise em nome da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a África do Sul apresentou dois projetos de resolução desde sexta-feira.

Tsvangirayi Mukwazhi-27.jun.2008/AP
Ditador Robert Mugabe deposita seu voto na eleição em que é o único candidato
Ditador Robert Mugabe deposita seu voto na eleição em que é o único candidato

O primeiro é firme e detalhado sobre uma possível divisão de poderes no Zimbábue, mas levantou reticência em várias delegações, principalmente a do Zimbábue.

O outro projeto pede apenas o fim da violência e o diálogo que, por ora, não foi adotado.

Já o Prêmio Nobel da Paz, o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu, foi mais enfático ao afirmar que, se a pressão diplomática não conseguir surtir efeito junto a Robert Mugabe, existe um bom argumento para enviar uma força internacional ao Zimbábue.

"Esta crise tem de ser resolvida logo e acho que existe um argumento muito bom para enviar uma força internacional ao Zimbábue para restabelecer a paz", afirmou Tutu em entrevista para a rádio BBC.

Com Associated Press, Efe e France Presse

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