Prefeitura afirma que menores de 18 anos retirados das ruas foram encaminhados para internação, conselho tutelar ou famílias
15 de janeiro de 2012 | 23h 21
Artur Rodrigues, de O Estado de S.Paulo
Cinquenta crianças e adolescentes já foram retirados das
ruas da cracolândia desde o início da operação policial na área, no dia
3, segundo dados compilados pela Secretaria Municipal da Assistência
Social até sexta-feira. Desse grupo, 21 aceitaram tratamento contra o
vício e foram encaminhados à rede de saúde. Os demais foram levados para
abrigos, conselhos tutelares ou retornaram para as famílias. O ‘Estado’
constatou ontem, porém, que ainda há muitos menores de 18 anos fumando
crack no centro de São Paulo.
Até saírem das ruas, crianças e jovens passam por um processo trabalhoso. Primeiro, são abordados por duplas de agentes da Prefeitura, que tentam convencê-los a passar o dia - das 10h às 22h - em um dos três centros de convivência disponíveis na região central da cidade. "Os agentes são treinados para conquistar a confiança da criança, o que não acontece de um dia para o outro, já que as relações que elas têm na rua costumam ser ruins e deterioradas", explica a vice-prefeita e secretária da Assistência Social, Alda Marco Antônio.
Desde o começo da ação na cracolândia, foram feitos cerca de 220 atendimentos nesses centros, onde as crianças e jovens brincam, se alimentam e participam de passeios. "Essas unidades têm de ser mais fascinantes e interessantes que a rua", afirma Alda. Ela informa que logo no primeiro dia da ação na cracolândia foram feitos 49 atendimentos - a média diária antes era de 20.
Nos centros, também é feito um trabalho para descobrir a identidade das crianças, geralmente escondida por elas. Só depois funcionários tentam convencê-las a ir para um abrigo, onde terão de começar a obedecer regras, como dormir na hora estabelecida e tomar banho.
Nas ruas. Na tarde de ontem, a reportagem flagrou menores de 18 anos na maioria dos grupos de viciados espalhados pela região central. "Boa parte deles é menor de idade", afirma o porteiro José Severino Duda, de 51 anos, que integra o Conselho Comunitário de Segurança de Santa Ifigênia, para onde muitos usuários de crack migraram depois que a polícia passou a reprimir o uso da droga na Luz.
Um menino de 12 anos contou que veio de Barueri, na Grande São Paulo, para usar drogas no centro. "É rápido chegar aqui, é só pegar o trem", conta. Segundo o garoto, a mãe dele não sabe onde ele está.
Um viciado de 33 anos afirma que as crianças não têm tratamento especial entre os usuários. "Elas podem ser bem perigosas, algumas até andam com facas escondidas", conta o homem. Abordado pela reportagem, um menino aparentando 12 anos, que havia acabado de fumar, demonstrou desconfiança e agressividade. "Você está filmando o quê? Ei, pessoal, esse é ganso (policial)", disse, chamando outros viciados.
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