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domingo, 18 de setembro de 2011

Os atos nem tão secretos de Agaciel Maia




Autor(es): LILIAN TAHAN
Correio Braziliense - 18/09/2011
 

Após protagonizar escândalo no Senado, o distrital usa métodos do passado, com promessas de agrado aos servidores, para se projetar politicamente. O deputado quer igualar os salários da Câmara aos vencimentos dos funcionários do Congresso, o que afrontaria a Lei de Responsabilidade Fiscal

Dia desses, o distrital Agaciel Maia (PTC), a caminho do trabalho, pegou o rumo da Esplanada dos Ministérios. Quase chegando ao Senado, ele se deu conta de que fazia o percurso errado. Deveria ir à Câmara Legislativa, mas, distraído, dirigiu em direção ao lugar em que esteve empregado por 33 anos, endereço onde fez fortuna e palco do escândalo que interrompeu sua carreira no Congresso. Sobretudo, a escola na qual aprendeu as artimanhas da política. Há nove meses deputado, Agaciel se vale das lições que tomou com os senadores e repete a fórmula de servir ao mundo político sem tirar o foco em satisfazer o interesse de servidores. Desde os primeiros dias de mandato, ele defende que os salários pagos na Câmara Legislativa sejam igualados às polêmicas remunerações do Senado. A medida, se adotada de imediato, colocaria o GDF em situação de ilegalidade.
No Congresso, Agaciel se especializou em agradar representantes de dois mundos que convivem debaixo do mesmo teto. Subiu as escadas do poder atendendo aos caprichos de senadores, como no cumprimento dos atos secretos editados na gestão do presidente José Sarney (PMDB) e cuidou dos interesses corporativos de servidores, tendo capitaneado o plano de carreira de funcionários que resultou em salários tão ou mais altos que o dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Criou, com isso, uma rede que lhe deu trânsito no tapete azul por mais de três décadas e lhe conduziu à direção-geral do Senado.
Na condição de distrital, Agaciel testa as práticas que lhe abriram portas no mundo político. Desde os primeiros dias de mandato, o deputado jogou uma isca infalível para conquistar o apreço, agora, dos servidores da Câmara Legislativa. Ele tem reiteradamente defendido aumentar os salários dos funcionários do Legislativo local aos patamares das remunerações pagas no Senado. O projeto é tão desligado da realidade que, se a Câmara Legislativa resolvesse aplicar imediatamente o paralelo proposto por Agaciel, ultrapassaria os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (leia O que diz a lei). O GDF  ficaria em situação de irregularidade, sujeito a punições, como a proibição de fazer convênios com o governo federal e a contratação de empréstimos internacionais.
Limite prudencial
O salário inicial de um consultor do Senado em início de carreira gira em torno de R$ 23,8 mil. Na Câmara Legislativa, esse valor é de R$ 9,8 mil — próximo da aposentadoria a cifra chega a R$ 15.351. Nos dois casos, não foram incluídos eventuais benefícios e cargos comissionados que podem elevar os rendimentos ao teto constitucional de R$ 26,7 mil . Mas o fato é que para equiparar os dois valores seria necessário imprimir um acréscimo de 142,8% no montante destinado pelo Legislativo local aos gastos com servidores. Em 2011,o orçamento autorizado para pagamento de pessoal na Câmara Legislativa foi de R$ 202,2 milhões, valor próximo ao limite da responsabilidade fiscal. Só para lembrar, o Poder Legislativo começou o ano acima do teto prudencial e ficou impedido de fazer novas contratações de servidores. Foi preciso cortar despesas para se adequar à lei. Um aumento nas proporções sugeridas por Agaciel extrapolaria o máximo de gastos autorizado pela legislação.











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