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domingo, 18 de setembro de 2011

Aos 40 anos e mais fortalecido, Fabio Assunção entra em cena para fazer humor em 'Tapas e beijos'



Plantão | Publicada em 18/09/2011 às 08h08m
Zean Bravo

Fabio Assunção em foto de Guito Moreto
RIO - Uma figurante já na faixa dos 60 anos cutuca a outra, mais jovem, para mostrar que ali, a poucos metros, está Fabio Assunção, 40 anos recém-completados.
- Lindo! - comentam as duas, quase num sussurro, tentando não atrapalhar a gravação na cidade cenográfica de "Tapas & beijos", no Projac.
Alheio ao elogio, o ator chupa uma bala de coco, enquanto espera sua vez de entrar em cena. Combinando sapato preto de bico fino com camisa social de cor berrante, ele mexe no cabelo e joga charme para Sueli (Andrea Beltrão), já diante das câmeras. Ali, Fabio é Jorge, o novo dono da boate La Conga que entra para o elenco fixo da série da Globo a partir do dia 27. O personagem marca a volta do ator à TV. Quer dizer...
- Para mim não aconteceu nenhuma ida. Eu sempre estive trabalhando, né? Se você pegar os meus últimos papéis, não tem um ano de distância entre eles. Essa coisa que aconteceu na minha vida, esse turbilhão, não me deixou inativo. Na verdade, eu sempre estive aí. Estou indo em frente - afirma.
Se você pegar os meus últimos papéis, não tem um ano de distância entre eles. Essa coisa que aconteceu na minha vida, esse turbilhão, não me deixou inativo
O tal turbilhão a que Fabio se refere foi o seu problema com as drogas. Um drama que se tornou público em 2008, quando o ator abriu mão do posto de protagonista em "Negócio da China" para tratar a dependência química.
- Aquele foi um momento complicado da minha vida - resume o ator: - Mesmo assim, eu fiz uns 50 capítulos da novela. Isso dá mais ou menos três meses de trabalho.
De fato, Fabio nunca ficou muito tempo longe do vídeo. No final de 2009, lá estava ele num set de gravação para atuar, mais uma vez no papel principal, na microssérie "Dalva e Herivelto - Uma canção de amor", exibida em 2010. Depois disso, suas aparições foram pontuadas por participações: no mesmo ano, fez "S.O.S. emergência" e "Clandestinos - O sonho começou". No início de 2011, garantiu o final feliz da personagem de Malu Mader, com uma rápida passagem em "Ti-ti-ti". O ator, que estreou na Globo em "Meu bem, meu mal" (1990) e tem mais de dez folhetins na bagagem, teria retornado de vez às novelas em "Insensato coração", na pele do vilão Leonardo Brandão. Mas, depois de gravar por duas semanas, no fim do ano passado, chegou à conclusão de que não era o momento certo para se dedicar a um trabalho tão longo e o personagem acabou sendo vivido por Gabriel Braga Nunes.
- Deixei a minha vida toda em São Paulo e teria que ficar sozinho num hotel de segunda a sábado. Eu não estava preparado - admite.
O afastamento de "Insensato" causou barulho. Mas, nos bastidores, diz o ator, foi resolvido em comum acordo entre ele, o autor Gilberto Braga e o diretor Dennis Carvalho.
- As pessoas que estavam na novela tinham 100% de disponibilidade e eu pude dar uma grande ajeitada na minha vida - reconhece: - Às vezes, você tem que parar de trabalhar para cuidar de outras coisas que pedem sua atenção e urgência. Isso é natural na vida de todo mundo.
De longe, ele aplaudiu a performance do seu substituto na trama. A admiração entre os dois parece ser mútua.
- Ele é um dos atores de que eu mais gosto na nossa geração - diz Gabriel, que dividiu o set com Fabio no filme "País do desejo", de Paulo Caldas, ainda inédito nos cinemas.
Gilberto Braga, que escreveu para o ator papéis marcantes como o vilão Renato Mendes, de "Celebridade" (2003), destaca entre as qualidades de Fabio o "talento extraordinário e caráter irrepreensível". E deixa clara a sua vontade de voltar a trabalhar com ele o mais breve possível. Segundo o próprio ator, a amizade com o diretor Dennis Carvalho também segue inalterada:
- Na coletiva de "Insensato coração", as pessoas foram perguntar sobre a minha saída e Dennis respondeu: "Fabio é meu irmão". Você acha que se alguém tivesse sido sacaneado ou se alguém aqui fosse vagabundo, ele teria falado isso?
Hoje, o ator ainda segue em tratamento. As duas sessões de análise semanais fazem parte deste processo. Mas terapia não é novidade em sua vida.
- Faço há 20 anos. A gente tem uma vida muito exposta e a forma que encontrei de lidar com isso foi ter uma pessoa para conversar sobre minhas questões particulares. Ao longo dos anos, o foco da análise mudou - explica.
Fabio voltou a gravar no Rio - cidade em que viveu durante 15 anos -, mas a sua vida está em São Paulo, onde moram a mulher, a fotógrafa Karina Tavares, a filha, Ella Felipa, nascida há quatro meses, e o primogênito, João, de 9 anos, fruto do seu casamento com a empresária Priscila Borgonovi.
- Estamos nos aturando há seis anos e acho que a crise dos sete não vai nos pegar. A gente brinca que tem crise todo dia - conta Karina, que, dia desses, flagrou o marido tocando piano para a filha: - Fui tomar banho e, quando vi, ele tinha posto a Ella Felipa em cima do piano!
Para a fotógrafa, que está de mudança com a família para uma casa nova, a fase mais difícil da recuperação de Fabio ficou no passado:
- Sempre acreditei que ele não iria entregar os pontos. Esse é um problema sério que atinge muita gente. Fabio precisava passar por isso, mas enfrentou tudo da melhor maneira possível.
Há 21 anos na Globo, o ator afirma estar em um "momento positivo". A expressão, aliás, é usada durante toda a entrevista. Agora, aos 40, ele garante "viver a melhor época da sua vida":
- Envelhecer me trouxe uma tranquilidade.
Fã de "Tapas & beijos", ele aceitou na hora o convite para integrar a atração. A carga das gravações - menor que a de uma novela - influenciou. O ator estará ainda em um dos episódios da série "As brasileiras", de Daniel Filho, e rodou, recentemente, o longa "Totalmente inocentes", de Rodrigo Bittencourt. Fabio também segue em cartaz em São Paulo com a peça "Adultérios". Esse trabalho, sim, representa um retorno aos palcos depois de 11 anos.
- Eu não faço teatro por fazer - explica, anunciando que comprou os diretos e vai dirigir uma montagem da peça "The sunset limited", escrita por Cormac McCarthy.
A autora Maria Adelaide Amaral, com quem Fabio já trabalhou na minissérie "Os Maias" (2001) e em "Dalva e Herivelto", vai assinar a adaptação do texto. A relação dos dois vai muito além da profissional. Para ela, o ator é como um irmão mais novo.
- Ele sempre poderá contar comigo na vida e na arte - garante a escritora: - Se Fabio não pôde ser Jacques Leclair em "Ti-ti-ti", como eu tanto desejava, teve a sabedoria e a garra de voltar a fazer teatro, que é o espaço no qual os grandes atores se tornam ainda maiores.


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