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sábado, 13 de agosto de 2011

VERGONHA: Oscarzinho encerra sessão e vereadores saem escoltados





Jocelito Paganelli, Rodrigo Lima e Alexandre Gama

Hamilton Pavam
População lotou as galerias da Câmara com cartazes e narizes de palhaço para protestar contra “pacotão”
O presidente da Câmara de Rio Preto, Oscarzinho Pimentel (PPS), debochou, tratou dezenas de cidadãos rio-pretenses como palhaços e, no momento em que o projeto que aumenta para 23 o número de cadeiras no Legislativo seria rejeitado, decidiu encerrar a sessão alegando falta “de condições de trabalho.” “Falta de condições de trabalho”, para Oscarzinho, seria a presença de populares que lotaram as galerias da Câmara para protestar contra o pacote de horrores recheado de projetos imorais.

Por conta do passa-moleque de Oscarzinho, vereadores foram obrigados a deixar o prédio do Legislativo escoltados pela Polícia Militar para evitar manifestação de estudantes, representantes de sindicatos e associações de moradores, que ficaram revoltados com a manobra. A decisão de Oscarzinho para encerrar a sessão ocorreu durante a votação do projeto que pretende criar seis cadeiras no Legislativo, passando das atuais 17 para 23, o que gera um impacto anual de R$ 2,3 milhões ao erário.

Sem os 12 votos necessários para aprovar a emenda à Lei Orgânica do Município (LOM), a proposta seria rejeitada. “Não tinha 12 votos”, disse Jorge Abdanur (PSDB), contrário à proposta. Maurin Ribeiro (PC do B), Pedro Roberto (Psol), Dinho Alahmar (PSB), Walter Farath (PR) e Marco Rillo (PT) também se manifestaram contra o aumento de cadeiras.

Antes de Oscarzinho encerrar a sessão, foi formado um cordão de policiais militares no plenário para proteger os vereadores da ira de munícipes. Oscarzinho alegou à imprensa que o major da Polícia Militar Marcelo de Oliveira Burgati teria lhe dito, durante o intervalo da sessão, que a PM não estaria preparada para coibir possíveis manifestações no local. O argumento do vereador, no entanto, foi rechaçado por Burgati.

“Disse a ele que garantia a segurança. O barulho das pessoas iria continuar e até aumentar com o ingresso de mais pessoas no plenário. Mas tinha condições de manter a segurança sim”, afirmou o major. De acordo com a PM, 50 policiais foram deslocados para garantir a “ordem pública.” Por isso, a oposição coloca sob suspeita a medida de Oscarzinho de encerrar a sessão sem votar o mérito dos projetos na pauta. “Vou encaminhar o que ele (Oscarzinho) fez para análise do Ministério Público”, disse Marco Rillo (PT).

Com a decisão do presidente da Casa de encerrar a sessão, a proposta que cria 230 cargos comissionados e 266 gratificações na Prefeitura não foi aprovada na íntegra. Somente a legalidade foi aprovada. Será necessário agora nova votação para sua aprovação no mérito, o que deve ocorrer na próxima terça-feira.

O projeto dos apadrinhados tem impacto de R$ 14 milhões anuais aos cofres públicos. Cerca de 15 apadrinhados demitidos por decisão da Justiça participaram da sessão. O projeto que eleva o salário do prefeito de R$ 9 mil para R$ 12,9 mil, do vice-prefeito de R$ 4,5 mil para R$ 6,3 mil e dos secretários municipais de R$ 7,7 mil para R$ 8,4 mil também só teve sua legalidade aprovada.

Veja abaixo videorreportagem sobre a sessão

Hamilton Pavam
Centenas de estudantes foram à Câmara de Rio Preto protestar contra aumento de vereadores e de salários e pediram a renúncia de Oscarzinho Pimentel presidente


Pressionados pela população, os vereadores já haviam adiado a votação do projeto que prevê um aumento de 75% do salário dos vereadores, passando de R$ 4,8 mil para R$ 8,4 mil a partir de 2013. Diversas pessoas estavam empunhando cartazes com a palavra: “não!” Antes de adiar a proposta, vereadores chegaram a aprovar emenda que reduzia o reajuste para R$ 6 mil, o que também não foi digerido pelos cidadãos.

Foi então que Eduardo Piacenti (PPS), autor da emenda, retirou a proposta e se manifestou contra qualquer reajuste. Decisão que irritou Walter Farath (PR), que, por conta do recuo de parlamentares em aprovar o aumento, se referiu a dois colegas, sem revelar nomes, como “tangas frouxas” por não respeitar suposto acordo para aprovar os projetos mesmo com a pressão da população. “Homem. Não respeitam acordos.” O Diário aprovou que os “tangas frouxas” seriam Manoel Conceição (PPS) e Emanuel Tauyr (DEM).

Estudantes lotam galerias da Câmara

Estudantes do colégio Coopen e representantes de instituições de Rio Preto lotaram as galerias da Câmara, ontem, para protestar contra o pacote de horrores apresentado pelos vereadores. “Nenhum trabalhador tem reajuste salarial de 75%. Esse projeto de aumento salarial para os vereadores é uma vergonha. Não concordamos com isso. E o prefeito também está agindo errado. Ele deve priorizar concursos públicos e não contratar apadrinhados”, disse o estudante Felipe Cabral, 16 anos.

Para a advogada Sandra Gentil, não há necessidade de reajustar os salários dos vereadores, porque eles têm outras profissões e já são remunerados por essas atividades. “É vergonhoso. O reajuste no salário e o aumento do número de vereadores atinge a população. O povo vai pagar essa conta”, afirmou.

Hamilton Pavam
Estudante é barrada por policiais; no detalhe, tomates apreendidos


Barrados

Uma manobra do presidente da Câmara, Oscarzinho Pimentel (PPS), impediu que manifestantes acompanhassem a sessão da Câmara. Oscarzinho distribuiu 50 senhas para assessores de vereadores, que ocuparam os lugares destinados às pessoas que queriam acompanhar a sessão.

Quem ficou do lado de fora do prédio do legislativo também protestou contra o aumento de cadeiras na Câmara e também contra o reajuste salarial dos vereadores e do prefeito. “Não aceitamos isso. É vergonhoso. Impediram as pessoas de entrar na Câmara, que a casa do povo”, gritou a professora Alaíde Pinheiro.

Tumulto

Os estudantes Marília Botelho e Luciano de Deus Pereira tentaram furar o bloqueio, avançando sobre os policiais. Eles não conseguiram passar pelo cordão de isolamento. “Fui barrado pela polícia como se eu fosse um bandido. Os vereadores ganham uma fortuna e não fazem nada pela nossa cidade”, afirmou Pereira.

Ovos e tomates são apreendidos por PM

Ao final das sessões extraordinárias, ontem, os vereadores foram obrigados a sair da Câmara escoltados por policiais militares, que fizeram dois cordões de isolamento - dentro da Câmara e na rua - para impedir a aproximação das pessoas que protestavam contra o aumento no número de vereadores e o reajuste salarial dos parlamentares e do prefeito de Rio Preto. Revoltados, populares ameaçaram atacar vereadores com ovos e tomates, que foram apreendidos pela PM.

Hamilton Pavam
Polícia Militar teve de cercar manifestantes para garantir segurança de vereadores, que saíram escoltados


Os policiais interditaram trechos da rua Silva Jardim e da avenida Alberto Andaló para que os vereadores pudessem sair em segurança da garagem da Câmara.

Ocorrência

Durante as manifestações contra o pacote de horrores da Câmara, policiais militares registraram uma ocorrência de ato obsceno. O manifestante José Francisco Carminatti Wenceslau abaixou a calça e mostrou a bunda para os vereadores. Ele foi retirado das galerias da Câmara por policiais militares que elaboraram o boletim de ocorrência.

O crime de ato obsceno é punido com detenção de três meses a um ano ou multa. O boletim de ocorrência foi entregue ao Plantão Policial e o manifestante será chamado para prestar depoimento no 1º Distrito Policial. Wenceslau não quis comentar o episódio. Temendo novo protesto, os policiais militares impediram que o manifestante retornasse para as galerias da Câmara.

Internautas mobilizam rede

Desde as primeiras horas da manhã de ontem, a votação do pacotão de horrores pela Câmara de Rio Preto foi tema de debates nas redes sociais na internet. Assim que surgiu a informação de que o governo mobilizava apadrinhados para pegar as 200 senhas que seriam disponibilizadas para acompanhar a sessão, internautas começaram a se mobilizar e organizar movimentos de protesto tanto no Twitter quanto no Facebook.

Hamilton Pavam
Ao saber que Oscarzinho encerraria sessão, policiais fizeram cordão de isolamento no plenário


Mas foi por meio do Twitter que a maioria dos internautas se mobilizou e combinou as formas de protesto. O movimento ganhou força depois do desafio lançado por tuiteiros para colocar a hashtag #vergonhariopreto nos “trending topics”, que são os assuntos mais comentados do dia no microblog.

Centenas de internautas passaram então a comentar o pacote de horrores e identificar suas mensagens com a tag da “vergonha.” Um dos internautas, identificado como Marquinhos, diz que comprou 50 narizes de palhaço que foram distribuídos aos munícipes presentes na sessão.

O assunto ganhou força e deixou os limites de Rio Preto. O jornalista Maurício Ferraz, repórter do Fantástico, chegou a postar no seu perfil que “Rio Preto está destruída. Só tem buraco. E agora prefeitos e vereadores querendo aumento.” Outro tuiteiro, Guh_Dias10, chegou a questionar a necessidade de mais vereadores. Muitos também postaram manifestos, como Osvald_T: “Leis que aumentam os salários e o número de vereadores para 23. Sou contra.”

Apesar do empenho dos internautas rio-pretenses, a tag #vergonhariopreto não conseguiu entrar entre os 10 assuntos mais comentados do Twitter. Fica para a próxima.





















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