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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Empresas se preparam para dinheiro mais caro nos EUA




O rebaixamento da dívida do governo americano pela Standard & Poor's não vai causar imediatamente muitos cortes na classificação de crédito no universo empresarial dos Estados Unidos, mas a expectativa é de que haja um aumento nos custos dos empréstimos para todo tipo de empresas do país.

No entanto, essa possibilidade provavelmente não vai tirar o afã das grandes empresas de emitir dívida. Um aumento na volatilidade financeira, agravada pelo rebaixamento da dívida dos EUA, só tem ampliado a ânsia das empresas por mais dinheiro no caixa.

As agências de classificação de crédito não planejam rebaixar o crédito de nenhuma das quatro empresas americanas com nota AAA — a Automatic Data Processing Inc., a Exxon Mobil Corp, a Johnson & Johnson e a Microsoft Corp. — em sintonia com o corte na nota da dívida soberana do país, uma prática conhecida em inglês como "notching", diz Ronald Narone, um diretor-gerente da S&P.

Embora a classificação do crédito corporativo pareça estável, por ora, o rebaixamento da dívida americana é uma manifestação tangível do temor de empresas e seus investidores de que a economia e os mercados estejam caminhado para uma desaceleração prolongada do crescimento.

"Há um movimento silencioso na direção de aumentos da dívida para captar dinheiro", diz Anthony Carfang, sócio da Treasury Strategies Inc., que assessora tesoureiros de empresas. "Uma moratória do governo americano significaria alguns dias ruins, mas teria sido resolvido; agora um rebaixamento significa uma década ruim."

À medida que os boatos do rebaixamento circulavam na sexta-feira, o spread médio dos juros dos títulos com grau de investimento em relação aos títulos do Tesouro dos EUA subiu para 1,62 pontos porcentuais, o maior desde dezembro, segundo o índice de títulos corporativos dos EUA do Barclays Capital. Isso significa que está ficando mais caro para as empresas tomar dinheiro emprestado.

Mesmo as empresas com receita estável estão preocupadas com as consequencias de rebaixamentos da classifação de crédito."O crescimento está se acelerando, no que realmente parece ser uma recuperação para nós, e nosso negócio está indo bem", disse Ron S. Gill, diretor financeiro da NetSuite Inc., um fornecedor de software empresarial on-line. Mas, acrescenta, "se continuamos dizendo que tudo está indo para o inferno, vai começar a ser verdade."

Para o segundo semestre, John Bender, diretor de uma carteira de renda fixa de US$ 20 bilhões nos EUA para a Legal & General Investment Management America, diz que espera que um crescimento a taxa anualizada de 2% a 2,5% para a economia dos EUA. Ele não acredita que o rebaixamento da dívida americana vá se refletir na classificação do crédito de empresas em breve, mas julga que a estagnação econômica e política apontada pela S&P como uma razão para o rebaixamento é uma preocupação real que, segundo Bender, corroeu sua confiança na sua própria previsão de crescimento da economia.

Embora o rebaixamento pela S&P ameace secar as já minguadas operações no mercado de títulos com grau de investimento, os juros permanecem relativamente baixos para empresas que se financiam com a emissão de dívida, e a atividade de empréstimos provavelmente se acelerará, prevê Bender.

De fato, empresas de todos os matizes passaram a reforçar suas finanças na semana passada, antes do rebaixamento da dívida americana.

Uma série de empresas de grau de investimento, incluindo a Coca-Cola Co., a Hyatt Hotels Corp, o J.P. Morgan Chase & Co. e o Kinder Morgan Energy Partners LP venderam cerca de US$ 5 bilhões em dívida. Mas em vez de usar esses fundos para contratação, gastos de capital, ou pagamento de dividendos, as empresas estão enchendo seus cofres ainda mais, diz Carfang, da Treasury Strategies. O caixa das empresas chegou a US$ 1,9 trilhão no primeiro trimestre e cresceu ligeiramente no segundo, acrescentou.

Aqueles que esperam que os executivos estejam procurando uma desculpa para abrir o bolso podem se decepcionar, diz Steven Lear, vice-diretor de investimentos do J.P. Morgan Asset Management.

"Vemos esses grandes superávits nos países da Ásia e isso é uma resposta natural à crise que atravessaram em 1997-1998. Eles pensam: 'Nunca vamos ficar com o caixa vazio novamente", diz Lear.

"As empresas dos EUA passaram por isso em 2008, e sua reação vai ser a mesma."

(Colaboraram Michael Hickins e Kelly Geressy-Nilsen)







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