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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Lula mostra dentes para mídia: ‘Tô ficando invocado’

Marcello Casal/ABr

Houve quem imaginasse que a ex-presidência fosse fazer bem a Lula. A planície seria para ele uma espécie de zona de desintoxicação. Por ora, não funcionou. O ex-soberano continua viciado. Pior: a abstinência de quase sete meses angustiou-o. Acumularam-se mágoas que chocalham dentro dele como guizos de cascavel.

Nesta quinta (14), Lula teve uma recaída. Deu-se no Congresso da UNE, em Goiânia. A estudantada serviu ao ex-soberano uma de suas drogas prediletas. “Eu tava com saudades do microfone”, disse Lula, antes de entrar em êxtase. Entregando-se ao velho vício, pôs-se a espinafrar a imprensa.

Como que narcotizado por suas víboras interiores, Lula despejou veneno sobre o microfone: “Eu tô ficando invocado. Faz seis meses que eu saí da Presidência, mas eles não saem do meu pé”.

Nos pesadelos particulares de Lula, o pior fantasma é a comparação com Dilma. Como num transe, ele empilhou os seus incômodos:

1. “Primeiro disseram que há diferenças entre mim e Dilma, que somos diferentes. Não precisa ser um especialista para saber que ela é diferente de mim.”, ironizou.

2. “Falaram que divergimos. Eu já disse que, se houver divergência, é ela quem estará certa. Não há divergências.

3. "Depois, quando fui a Brasília e tirei uma foto com senadores, disseram que ela era fraca”.

4. “O babaca que escreveu a matéria nunca deve ter sentado com a Dilma para conversar. Ela pode ter todos os defeitos do mundo, menos ser fraca.”

5. “Ninguém que passa três anos na cadeia, sendo barbaramente torturada e é eleita presidente pode ser fraca.”

6. “Inventaram também que ela é diferente nas coisas que faz, que eu falava muito. É que eu competia com o que eles falavam e o povo acreditava em mim”.

7. “Chegaram a dizer que eu deixei uma herança maldita. A primeira herança maldita é o pré-sal. Tem o Prouni, o PAC 2. Quem sabe é o Minha Casa, Minha Vida 2…”

8. “O dado concreto é que eles [os jornalistas] não perceberam que as coisas mudaram no Brasil.”

Repisou a tecla segundo a qual o brasileiro agora informa-se “de múltiplas formas”, não apenas por meio daqueles “que achavam que formavam a opinião pública”. A certa altura, simulou desinteresse por 2014. À sua maneira, um tanto sinuosa, vaticinou o segundo mandato de sua pupila:

"A Dilma vai fazer mais e melhor do que nós fizemos. Ela vai inaugurar até o final do mandato, digo, deste primeiro mandato, obviamente, mais 200 escolas técnicas." Noutro trecho, ressuscitou 2010. Afirmou que Dilma, por usar saias, foi mais discriminada na campanha do que ele nos seus tempos de macacão.

Sem mencionar o nome do tucano José Serra, acusou-o de patrocinar a “mais preconceituosa [campanha] da história”. Fez graça para o auditório repleto: “Inventaram até um meteorito de papel. Depois, falaram que era um objeto não identificado”.

Insinuou que os antagonistas de Dilma serviram-se do machismo: “Falam em uma sociedade igualitária desde que a mulher limpe a casa, lave a roupa suja.” Usou e, sobretudo, abusou do velho bordão: “Nunca antes na história desse país”. Contrapôs ricos e pobres:

“Aqueles que governavam para um terço da população estão incomodados ao ver pobre andado de avião. Tem gente que se incomoda de ver pobre de carro novo. Querem que pobre só ande de Brasília, de Chevette com para-choque arrastando no paralelepípedo”.

Lula disse que ele mesmo, hoje um milionário palestrante, é a “evolução" de seu próprio governo. Ao tropeçar numa palavra que considera sofisticada –“factível”— repetiu um chiste que, de tanto escorrer de seus lábios, já se tornou batido: “Antes eu falava menas laranja, agora falo ‘en passant’, factível…”

Terminado o discurso, a turma da UNE, tão viciada em Lula quanto o orador em microfone, encontrava-se nas nuvens. A rapaziada entoou o coro predileto do petismo: “olêêêê, olêêêê, olêêêê, oláááá, Lulaaaa, Lulaaaaaaaaaa...”

O refrão da velha canção de Adelino Moreira, imortalizada no vozeirão de Nelson Gonçalves, talvez tivesse soado melhor: "Ele voltou! O boêmio voltou novamente. 
Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?"

Convidada a participar do encontro da UNE, custeado por empresa estatais, Dilma preferiu se abster.

O reencontro de Lula com o microfone mostrou que o ex-soberano está muito longe de livrar-se da droga que o escraviza. Há pessoas que só discursam em ocasiões muito especiais. Outras, como Lula, consideram especiais todas as ocasiões em que discursam.

Longe do poder, Lula fabrica suas circunstâncias. Se o convidarem para um batizado, um baile de debutante, uma quermesse, lá estará ele para exercitar o seu vício. Excesso de microfone é ruim. Mas, para Lula, é muito bom.




TCE nega recursos e considera irregulares contratos de Campinas

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MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

O TCE (Tribunal do Contas do Estado) de São Paulo rejeitou nesta quinta-feira (14) três recursos relacionados a contratos da Prefeitura de Campinas e da Sanasa (empresa mista de saneamento local) que haviam sido considerados irregulares.

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Um dos contratos foi firmado pela prefeitura com o consórcio Ecocamp, responsável pela coleta de lixo entre os anos de 2000 e 2006. Outro foi assinado com a empresa Gocil, que faz até hoje o controle de segurança em prédios da administração.

A Ecocamp firmou o primeiro contrato em dezembro de 2000 por 48 meses e valor total de R$ 133,6 milhões. Foram realizadas repetidas prorrogações, a última delas em dezembro de 2005, por 12 meses, no valor de R$ 48,7 milhões.

De acordo com decisão do TCE, as prorrogações foram irregulares e evidenciaram a "inércia da administração na instauração, em tempo hábil", de nova licitação.

Já a Gocil firmou contrato com a prefeitura em março de 2007, por 24 meses e valor total de R$ 55,3 milhões. Tanto a licitação como o contrato foram considerados irregulares pelo excesso de exigências, o que reduziu as possibilidades de concorrência, segundo o TCE.

O prefeito Hélio de Oliveira Santos, o dr. Hélio, (PDT) é apontado como responsável nos dois casos. No primeiro caso, também foram responsabilizados a ex-prefeita Izalene Tiene (PT) e ex-secretários.

Pela irregularidade no contrato com a Gocil, o prefeito terá de pagar multa de R$ 17.450.

A administração municipal informou que, como ainda não foi oficialmente notificada, não comentará o assunto.

SANASA

O terceiro recurso negado pelo TCE a respeito de contratos de Campinas se refere à Sanasa, recentemente envolvida em denúncias do Ministério Público por fraudes em licitações.

Segundo o TCE, houve cancelamento irregular de licitação para a realização de obras de uma Estação de Tratamento de Esgoto.

Entre os responsáveis, estão o ex-presidente da Sanasa, Luiz Augusto Castrillon de Aquino, e o ex-diretor técnico, Aurélio Cance Júnior. Cada um deverá pagar multa de R$ 5.235.

De acordo com a Sanasa, após a licitação, houve muita demora para a emissão da licença ambiental, o que fez com que o valor da obra --inicialmente em R$ 23,8 milhões-- triplicasse.

Diante da dificuldade, o contrato, que não chegou a ser executado nem pago, foi cancelado e atualmente a empresa está refazendo o projeto.

Para o tribunal, no entanto, o atraso na liberação de áreas por falta de emissão de licenças ambientais se deu por imperfeição do projeto básico, portanto, por culpa da própria Sanasa. Por isso, o recurso foi negado.

Com relação ao pagamento das multas, a Sanasa afirmou que, como Aquino e Cance Júnior foram exonerados, devem responder pessoalmente.

O ex-diretor técnico informou, por meio de seu advogado, Augusto Botelho, que todos os aditivos e contratos feitos na sua gestão são regulares e que, se houve alguma irregularidade, ele precisa tomar ciência para comentar.

O advogado de Aquino, Carlos Pimentel Neto, não retornou aos recados deixados pela reportagem.


Lula ataca imprensa e nega discórdia com Dilma


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, durante Congresso da UNE, ter divergências com a presidente Dilma Rousseff. Mas preferiu imputar à imprensa uma suposta discórdia entre eles. “Saí há seis meses do governo e eles (a imprensa) não saem do meu pé”, disse Lula. “Primeiro, tentaram mostrar uma divergência entre eu e a Dilma. “Não precisa ser nenhum especialista para saber qual a diferença. Depois perceberam que não havia divergência”.

“Depois, quando fui a Brasília para tirar fotos com os senadores, disseram que ela (Dilma) era fraca”, afirmou. “E o babaca que escreveu isso, se já tivesse sentado com a Dilma por 10 minutos, ele iria saber que ela pode ter todos os defeitos do mundo, menos ser fraca”.

O ex-presidente também criticou a imprensa por divulgar informações sobre o patrocínio da Petrobras, no valor de R$ 4 milhões ao evento dos estudantes.

“Aquele jornal, de caráter nacional, não sai do Rio de Janeiro”, disse Lula. “Vai na Baixada Fluminense que você não acha ele. “E os grandes de São Paulo quase não chegam no ABC”.

Além de participar do 52º Congresso Nacional dos Estudantes da UNE, o ex-presidente Lula se reuniu com o PT e o PMDB, ambos de Goiás, para ampliar uma parceria visando as disputas eleitorais pela prefeitura de Goiânia, no ano que vem, e ao governo do Estado, em 2014.



ECONOMIA

Lula defendeu o modelo de crescimento econômico que adotou no seu governo (2003-2010). “Estão torcendo para inflação voltar”, disse o ex-presidente, ao rebater denominações como “herança maldita” no Congresso da UNE.

Para Lula, seu governo deixou uma “herança bendita”. Ele citou programas de governo como o Prouni e o PAC, com investimentos no valor de R$ 965 bilhões, além do Minha Casa Minha Vida.

“Chegou a se falar em herança maldita”, disse. “É que eles não reconhecem que o povo não quer mais intermediário entre eles e a informação”, afirmou. “Mas o Brasil vai continuar crescendo, e a inflação controlada”.

O presidente revelou que durante as conferências que faz, pelo mundo, chama atenção os números da redução da desigualdade no Brasil. Ele contabiliza que o Brasil saiu de um total de 113 mil alunos nas universidades, no começo de seu governo, para 227 mil alunos atuais.

O Brasil que deu certo, ele declarou, “elevou 39 milhões de brasileiros à classe média e tirou 28 milhões da extrema pobreza”, afirmou.

Lula dá a entender que os questionamentos, além de não serem reais, estão permeados de preconceitos sociais.”Os que governam para um terço da população estão incomodados em ver os pobres andando de avião”, criticou. “Tem gente que se incomoda vendo pobre andando de carro novo porque eles adoram ver um pobre andando de Brasília, ou de Chevette com o parachoque arrastando”, disse. “Essa gente não está acostumada a ver progresso”.

Afirmações como essas levantaram a plateia. “Porque na hora de pagar o Imposto de Renda não tem preconceito?”, questionou. Também dominou a atenção da plateia, ganhou aplausos e gritos como: “Ah! Cabra da peste, o Lula é do Nordeste”, gritaram os estudantes. “Lula é rei, Lula, Lula”.

O ex-presidente, que falou de improviso,começou o discurso confessando-se ‘apaixonado’ por microfones. E descontraiu: “Não via a hora de falar perto de um microfone outra vez. Há quanto tempo não faço um discursinho. Queria matar a vontade”.



HADDAD

O ex-presidente elogiou a atuação do ministro Fernando Haddad, da Educação, que teria resultado em ampla evolução do setor de ensino no País.

Durante palestra, Lula apresentou Haddad como representante da presidenta Dilma Roussef no encontro. “O Haddad vai entrar para história, como o ministro que mais fez para a educação e para os estudantes do Brasil”, disse Lula no Teatro Rio Vermelho do Centro de Convenções.

Para o ex-presidente, Haddad desenvolveu um trabalho pertinente junto aos alunos, professores e reitores das universidades. E abriu oportunidade a alunos carentes e sem acesso às universidades por meio de programas de financiamento, sem fiador, e de Bolsas de Estudos, caso do Prouni.

“Nós queríamos mais gente em salas de aula”, disse o ex-presidente. “Mas tem um tipo de gente que criticava dizendo: ‘esse tal de Lula dando bolsa de estudo pra pobre?’”. De acordo com o presidente, mais de um milhão de alunos foram beneficiados com o programa. E foi aplaudido de pé, por mais de dois mil estudantes que lotaram o auditório para ouvi-lo.

O ex-presidente se revelou emocionado, ainda, com o depoimento de Vanessa Castilho, de 32 anos, aluna do 4º ano de Medicina na Uninove, em São Paulo. Ela é filha de um pedreiro e uma dona de casa que moram no interior do Estado.

“Eu tive essa oportunidade, a chance que um estudante pobre precisa”, disse Vanessa. “Quem não se emociona com isso tem de ser diretor do BC (Banco Central), não trabalha na Educação”, afirmou o ministro Fernando Haddad.

Além de Haddad, o PT tem outros quatro pré-candidatos na disputa pela prefeitura de São Paulo: a senadora Martha Suplicy, o ministro Aluízio Mercadante, da Ciência e Tecnologia e os deputados Carlos Zarattini e Jilmar Tatto.





O PATROCÍNIO

Lula também criticou a imprensa por divulgar informações sobre o patrocínio da Petrobras, no valor de R$ 4 milhões ao evento dos estudantes. (Goiãnia/AE)



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