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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Be-a-bá do fiofó



14/07/2011 - 09h09m

Helder Caldeira (*)

À História sempre será designado o papel de juíza de um tempo, de um governo, de uma personalidade pública. No início da era digital, onde a informação explode horizontalmente e um furo de notícia não dura mais que um minuto na internet, cobra-se dessa senhora História cada vez mais celeridade em seus julgamentos. Em especial no Brasil, onde o Poder Judiciário caminha a lentos passos de tartaruga, ainda que seja o mais “antenado” dos poderes. Eis que os julgamentos da era Lula estão começando e desnovelando o período mais corrupto e despudorado que um governante poderia capitanear.

O be-a-bá do fiofó já foi apresentado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e agora está nas mãos do ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão e de “Ali-Babá e os 40 Ladrões” no Supremo Tribunal Federal. Tudo bem que não são mais 40 ladrões, afinal o ex-deputado José Janene morreu, o ex-ministro Luiz Gushiken foi previamente absolvido por suposta falta de provas e o ex-secretário-geral do PT, Sílvio Pereira, fez um acordozinho ridículo com a Justiça – prestar 750 horas de trabalho comunitário em 3 anos para compensar o fato de ser cúmplice de um mega esquema de corrupção – e escapou do julgamento. Mas lá continuam 37 bandidos nacionais a espera de um xilindró que talvez nunca venha, já que temos o péssimo hábito de não punir quem rouba o dinheiro do povo.

Seja como for, trata-se de uma excepcional oportunidade para o brasileiro observar com que caneta privilegiada os 11 ministros do STF vão escrever essa página safada da História do Brasil. Afinal eles tem essa caneta. Porque, se dependesse do ex-presidente Lula, seria usada uma grande borracha capaz de apagar todo roubo, toda gaiatice e toda corrupção que a cúpula do PT – e dos partidos aliados, que ninguém esqueça disso – promoveram durante seu governo. Desde o início de 2011, Lula vem ganhando fortunas para dar palestras pelo mundo afirmando que o Mensalão nunca existiu e que seu governo foi perfumado. Mas a catinga nauseabunda veio da forma mais contundente: em um processo monumental elaborado pelo ex-procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, e agora chancelado pelo atual, Roberto Gurgel.

Se Lula reclamava de “pré-conceitos” contra sua escolaridade ou suas diatribes de português errático – que inspiraram até os livros do Ministério da Educação –, agora terá uma excelente chance para se dirigir corretamente à sociedade brasileira e explicar porque seus correligionários petistas – com seu total e irrestrito apoio e defesa – engendraram o maior esquema de corrupção da história da República. Afinal, a despeito do desejo lulista de apagar os fatos e reescreve-los sob sua ótica paternalista e mentirosa, o STF irá julgar 37 “companheiros” por alta bandidagem. Espera-se que os ministros togados desvelem à nação o be-a-bá do fiofó pelo qual Lula e o PT chegaram ao poder, chafurdaram na lama e por onde irão sair, carimbados como reles e fedorentos estrumes políticos. Isso, é claro, se os ministros da Suprema Corte tiverem a saudável vergonha na cara de não deixar que os crimes prescrevam. Triste história.

(*) Escritor, articulista político, palestrante– heldercaldeira@estadao.com.br




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