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segunda-feira, 4 de abril de 2011

NO PAÍS QUE PERSEGUE PALAVRAS E TENTA PROIBIR OPINIÕES AO ARREPIO DA CONSTITUIÇÃO

, O TERRORISMO SE APROVEITA DO VAZIO LEGAL E AGE LIVREMENTE

No país que persegue palavras e opiniões, o terrorismo islâmico encontra um vazio legal em que pode fincar as suas bases e se expandir, informa reportagem de capa da VEJA desta semana, de nove páginas, de autoria de Leonardo Coutinho, com fotos de Gabriel Marques. Vocês verão como o terrorismo opera livremente no Brasil, tendo como aliado objetivo um estado inerme, que não dispõe de instrumentos para coibi-lo. Por que não? Reproduzo alguns trechos da reportagem e volto em seguida:

*
Khaled Hussein Ali nasceu em 1970, no leste do Líbano. Sua cidade, Kamed El Laouz, fica no Vale do Bekaa. Nessa região. Ali, seguidor da corrente sunita do islamismo. prestou serviço militar. Depois, sumiu. No início dos anos 90, reapareceu em São Paulo. Casou-se e teve uma filha. Graças a ela, obteve, em 1998, o direito de viver no Brasil. Mora em Itaquera, na Zona Leste paulistana, e sustenta sua família com os lucros de uma lan house localizada no bairro de Vila Matilde. Bonachão, passa o dia na porta da loja distribuindo cumprimentos.

Ali leva uma vida dupla. É um dos chefes do braço propagandístico da Al Qaeda, a organização terrorista comandada pelo saudita Osama bin Laden. De São Paulo, o libanês coordena extremistas do Jihad Media Battalion em dezessete países. Os textos ou vídeos dos discípulos de Bin Laden só são divulgados mediante sua aprovação. A regra também vale para as traduções dos discursos do terrorista saudita e para os vídeos veiculados pelos extremistas na internet. Mais: cabe ao libanês dar suporte logístico às operações da Al Qaeda. Ele faz parte de uma rede de terroristas que estende seus tentáculos no Brasil.
(…)
Acusado de arquitetar atentados contra instituições judaicas que vitimaram 114 pessoas em Buenos Aires, nos anos de 1992 e 1994, o iraniano Mohsen Rabbani é procurado pela Interpol, mas entra e sai do Brasil com freqüência sem ser incomodado. Funcionário do governo iraniano, ele usa passaportes emitidos com nomes falsos para visitar um irmão que mora em Curitiba. A última vez que isso ocorreu foi em setembro do ano passado. Quando a Interpol alertou a Polícia Federal para sua presença no Brasil, ele já tinha fugido. Mas não são apenas os laços familiares que trazem esse terrorista ao país. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) descobriu que Rabbani já recrutou, pelo menos, duas dezenas de jovens do interior de São Paulo, Pernambuco e Paraná para cursos de “formação religiosa” em Teerã. “Sem que ninguém perceba, está surgindo uma geração de extremistas islâmicos no Brasil”, diz o procurador da República Alexandre Camanho de Assis, que coordena o Ministério Público em treze estados e no Distrito Federal

Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, vivem dois brasileiros aliciados. Suas histórias foram descobertas pela CIA durante o interrogatório de um dos líderes da Al Qaeda. o saudita Abu Zubaydah, o mesmo que convenceu o inglês Richard Reid a instalar uma bomba no salto do sapato e tentar explodi-la em um vôo que ia de Paris para Miami, em 2001. Preso em Guantánamo, Zubaydah foi severamente torturado com simulações de afogamento. Em seu livro, “Pontos de Decisão”, o ex-presidente George W. Bush alega que a tortura de Zubaydah ajudou a impedir outros atentados. Em Guantánamo, o jihadista saudita contou que acolhera os paulistas Alan Cheidde e Anuar Pechliye no campo de treinamento de combatentes de Khaldan, no Afeganistão. Cheidde pertence a uma família famosa no ABC paulista. Seu pai, Felipe Cheidde, amealhou uma das maiores fortunas da região com uma empresa de factoring, bingos e loterias. Chegou a ser deputado federal constituinte pelo PMDB. Como mantém um time, o Esporte Clube São Bernardo, ele é popular em sua cidade. Sua casa de 1400 metros quadrados é uma das mais suntuosas de São Bernardo do Campo.

Ainda assim, as conexões de seu filho, Alan, com o terror passaram despercebidas das autoridades brasileiras até 2004, quando a CIA as comunicou à Polícia Federal. Os agentes americanos relataram que Cheidde e seu amigo Pechlive haviam sido incumbidos de arranjar passaportes brasileiros para integrantes da Al Qaeda. Intimados pela Polícia Federal, ambos contaram que haviam perdido seu passaporte duas vezes, em 2000 e 2001, e que não se lembravam das circunstâncias em que isso teria ocorrido. Apesar de considerarem a desculpa esfarrapada, as autoridades brasileiras decidiram liberá-los. A VEJA, Cheidde disse que sua viagem é assunto privado. Pechlíye não retornou as ligações da reportagem.

Uma das raras ocasiões em que os terroristas se viram incomodados foi em junho de 2005. Naquele mês, a Polícia Federal aproveitou a Operação Panorama contra a imigração ilegal para prender 21 extremistas. Eles foram acusados de falsidade ideológica e adulteração de documentos para obter vistos de permanência no país. Faziam isso forjando casamentos com brasileiras. Os radicais escolhiam mães solteiras, pagavam-lhes 1000 reais para participar da fraude e reconheciam os filhos delas como seus. Tomavam-se formalmente pais de filhos brasileiros e, por isso, não podiam mais ser extraditados. O bando era chefiado pelo libanês Jihad Chaim Baalbaki e pelo jordaniano Sael Basheer Yahya Najib Atari, um proeminente líder muçulmano de Foz do Iguaçu. Com a quadrilha, a Polícia Federal apreendeu 1.206 passaportes emitidos por Portugal, Espanha e México.

(…)

Voltei
O que vai acima, leitores, é só um pouquinho da longa reportagem de nove páginas. Mas por que, afinal de contas, essa gente toda está solta? O Inciso 8 do Artigo 4º da Constituição diz que este país repudia o terrorismo — junto com o racismo, diga-se:

“VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Atenção! O Inciso 43 do Artigo 5º estabelece:
“XLIII - A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem”.

Muito bem! Fizemos uma lei para punir o racismo, fizemos uma lei para punir a tortura, MAS NÃO FIZEMOS UMA LEI PARA PUNIR O TERRORISMO. Até hoje, meus caros, inexiste a caracterização do que é terrorismo no Brasil — e essa é uma das questões que indispõem o governo americano com o Brasileiro. A propósito: a política externa brasileira — E ISTO DILMA E ANTONIO PATRIOTA AINDA NÃO MUDARAM E DUVIDO QUE MUDEM — se nega a reconhecer o Hezbollah, o Hamas e as Farc como movimentos terroristas.

Mas por que o Brasil não vota um lei definindo o terror e estabelecendo as penas?

Em maio de 2009, quando circularam informações sobre Khaled Hussein Ali, que foi, então, identificado na imprensa brasileira como o “libanês K”, eu contei aqui por que não:
“Porque isso criaria dificuldades internas e externas. Sim, senhores! No dia em que uma lei criar punição específica, o primeiro grupo a ser enquadrado é o MST. Mais: quando o Brasil tiver tal texto, terá de parar de flertar com terroristas latino-americanos ou do Oriente Médio, como faz hoje em dia.”

É isto mesmo que vocês entenderam: no dia em que o país tiver uma lei que defina e puna o terrorismo, CONFORME PEDE A CONSTIUIÇÃO, grupos como o MST, a Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragens seriam facilmente enquadrados — em 2007, essa turma ameaçou abrir as comportas de Tucuruí no seu permanente esforço de “negociação”.

No dia 26 de maio de 2009, diante da evidência de que a Al Qaeda já estava entre nós, o inefável Tarso Genro, então ministro da Justiça, tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. No dia seguinte, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse tipo de crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole. PORQUE A LEI NÃO EXISTE, TODAS AS PESSOAS PRESAS NO BRASIL POR CAUSA DE VÍNCULOS COM MOVIMENTOS TERRORISTAS ESTÃO SOLTAS! O Babalorixá de Banânia, então presidente da República, acusou a interferência de estrangeiros no Brasil (sem dúvida!!!), e o Ministério Público se encarregou de divulgar uma nota um tanto rebarbativa e precipitada, que falava na “ausência de provas”.

Encerrando
É isso aí! Faz-se um pandemônio porque alguém emite uma opinião considerada “errada” — e pouco importa quão estúpida ela seja —, e as “autoridades” permitem que o país seja um campo aberto para a articulação de terroristas.

Às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

PS: Se vocês procurarem nos arquivos, escrevi uma penca de posts sobre o tal libanês em 2009 e o fato de o Brasil não ter uma lei antiterror. Alguns tentaram mangar: “Como esse Reinaldo é paranóico!” Pois é…

Por Reinaldo Azevedo





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