27/03/2011 - 02h23
MAURÍCIO DEHÒ
Da Redação
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Bruce Dickinson, Dave Murray e Steve Harris em show do Iron Maiden em São Paulo (26/03/2011)
Com uma marca de três turnês nos últimos quatro anos na América do Sul, o Iron Maiden segue em alta com o público brasileiro. Na nona visita da banda que é considerada por muitos como a mais poderosa do heavy metal mundial, a estreia dessa vez foi com o show de São Paulo, neste sábado (26), no qual o Iron tocou por exatas duas horas frente a 50 mil headbangers no estádio do Morumbi. Em anos recentes, o grupo inglês se apresentou na cidade para 37 mil pessoas, em 2008, e para 63 mil, em 2009.
A lotação não foi máxima, mas a grande quantidade de fãs acompanhou uma apresentação com todas as características tradicionais da banda: som cristalino, muitos clássicos e energia de sobra de seus seis integrantes e, é claro, Eddie, o mascote que ganhou versão “espacial” no último ano.
A diferença dessa apresentação para a de 2009, no autódromo de Interlagos, foi na escolha do repertório, que misturou passado e presente. Enquanto a turnê de dois anos atrás foi uma ode à era clássica da banda, contemplando quase que apenas os cinco primeiros discos, desta vez eles aproveitaram para divulgar o álbum “The Final Frontier”, o 15º da discografia. A prioridade não foi só nos sons do disco novo, mas em outras músicas mais recentes da banda, desde o retorno de Bruce Dickinson, em 1999. O vocalista chegou a falar na gravação de um DVD que pode incluir o show e refutou os boatos de aposentadoria do grupo.
Iron Maiden abre a turnê "The Final Frontier" em São Paulo
Foto 5 de 26 - Bruce Dickinson canta no primeiro show da turnê brasileira do Iron Maiden, em São Paulo (26/03/2011) Shin Shikuma/UOL
O show principal da noite --que teve abertura do Cavalera Conspiracy-- começou às 21h. O Iron Maiden trouxe ao país a estrutura completa da turnê e começou com a introdução "Satellite 15", enquanto um vídeo era exibido nos telões. O palco remetia ao tal satélite e algumas estruturas de luz imitavam naves, enquanto o pano de fundo era pontuado com luzes, como se fossem estrelas.
O sexteto entrou no palco com energia, e foi respondido prontamente pela plateia, que cantou junto o refrão da música de abertura do novo disco "The Final Frontier". Apesar de ser um conjunto de cinquentões, as duas primeiras músicas mostraram que um trio específico não perde em nada para outros roqueiros mais jovens, o que se manteve até o fim: Bruce Dickinson (voz), Janick Gers (guitarra) e Steve Harris (baixo) correram por todo o palco nas duas horas de show, como se estivessem em seus 20 e poucos anos.
Com a também nova "El Dorado", Dickinson deu seus primeiros berros de "scream for me, Brazil" (gritem para mim, Brasil), e explorou a plataforma ao fundo do palco, mais alta que o restante. O vocalista – de gorro, camiseta rasgada e calça camuflada – apresentou em seguida o clássico "2 Minutes to Midnight", do álbum "Powerslave", e a recente "The Talisman", do "The Final Frontier", sempre com o pano de fundo sendo trocado para combinar com a faixa em questão.
Antes de continuar, Dickinson saudou o público em português. "Boa noite! Obrigado. Tudo bem?", disse ele, continuando em inglês: "Ninguém teve este show que estamos tocando para vocês. Guardamos energia para o Brasil. Sei que vocês têm de ir à igreja amanhã, mas vamos mantê-los acordados por um tempo", riu o vocalista, prometendo um repertório longo, mas que não teve grandes alterações em relação aos outros da atual turnê.
Com "Coming Home", mais uma canção nova e de ritmo mais lento, a energia do público diminuiu, mas o interesse foi retomado com "Dance of Death", do álbum de mesmo título, de 2003. Interpretando a letra e cantando de modo irretocável durante as duas horas de apresentação, Bruce Dickinson mostrou um lado teatral, que foi completado pela atuação de Gers ao liderar a parte mais pesada da canção nas seis cordas de sua guitarra.
O instrumento foi o destaque em mais uma tradicional canção do grupo, "The Trooper", com o trabalho de Gers, Dave Murray e Adrian Smith, que mostraram ter muita sincronia durante todo o show. Nesta música, Dickinson vestiu sua roupa de cavaleiro e hasteou a bandeira britânica, como de costume.
O enfoque na discografia mais recente retornou com "The Wicker Man", com o público cantando em uníssono o refrão e suas melodias. Também do "Brave New World", de 2000, que marcou o retorno de Dickinson e Smith à banda, foi tocada "Blood Brothers", dedicada ao Japão. "Estávamos indo ao Japão quando aconteceu o terremoto. Vinte mil fãs ficaram sem o show. Não importa se você é branco, negro ou amarelo, se você é fã do Iron Maiden, somos todos irmãos de sangue", discursou Dickinson, usando o nome da canção. Antes dela, ele se mostrou emocionado com os gritos de "olê, olê, olê, olé... Maiden, Maiden".
Com duas músicas longas tocadas sem intervalo, a banda executou em seguida "When the Wild Wind Blows", que mais uma vez esfriou o clima, mas por pouco tempo. Essa foi a última das novas canções, antes de a banda mandar uma série de clássicos, começando com "The Evil That Men Do" e a aparição do novo Eddie. O boneco gigante leva uma câmera em sua cabeça e até segurou uma guitarra antes de deixar o palco.
Outra aparição do mascote foi com "Iron Maiden", quando um enorme Eddie apareceu ao fundo, apenas com sua cabeça, ombros e mãos à mostra. Steve Harris e o baterista Nicko McBrain comprovaram seu bom entrosamento na música, com destaque para as viradas de Nicko, que fica totalmente escondido atrás de seu enorme kit, quase impossível de ser visto pelo público, a não ser pelos telões.
Com a galera nas mãos, Dickinson não teve dificuldades em fazer os paulistanos cantarem no bis, com "The Number of the Beast" – e mais um boneco no palco, desta vez de um diabo--, "Hallowed Be Thy Name" e, para fechasr, "Running Free", do primeiro disco da banda, de 1980. Nesta última, Bruce apresentou a banda, fez o público cantar junto e avisou que a apresentação estava sendo gravada e pode ser incluída no próximo DVD dos britânicos.
Ele ainda deu um recado de que o fim da Donzela de Ferro não está tão perto quanto muitos imaginam. "Muitos perguntam sobre o disco, que se chama 'A Fronteira Final'. Mas, se formos fazer uma última turnê, nós tocaremos em São Paulo. A gente ainda vai se ver", afirmou ele, aplaudido pelos 50 mil fãs, antes de deixar o palco do Morumbi.
Cavaleras revivem clássicos
Antes da entrada dos britânicos no palco, uma dupla bem brasileira foi responsável por abrir o espetáculo e aquecer o público, às 19h25. Os escolhidos foram Max e Iggor Cavalera, ex-Sepultura, que lançaram o grupo Cavalera Conspiracy em 2008 e já chegam ao segundo CD. Para alguns que já viram o Iron Maiden em outras oportunidades, esta foi até a principal atração, já que o guitarrista e vocalista Max passou mais de uma década longe do Brasil e só retornou em 2010, para uma apresentação única do grupo no festival SWU.
Os irmãos priorizaram o thrash metal das faixas dos CDs "Inflikted" (2008) e "Blunt Force Trauma" (2011), com destaques para "Inflikted", "Torture", "Sanctuary" e o novo single "Killing Inside", apesar do som embolado e das guitarras baixas no início. Com forte presença de palco, Max interagiu o tempo todo com o público, enquanto Iggor mostrou sua tradicional pegada na bateria. Completam a banda o baixista Johny Chow (Fireball Ministry) e Marc Rizzo (Soulfly, com Max), virtuoso guitarrista responsável por dar uma quebrada no ritmo intenso da banda com o groove de seus solos e efeitos.
A pista realmente esquentou quando a banda trouxe aquilo que todos esperavam: clássicos do Sepultura. "Refute/Resist" foi a primeira delas, abrindo rodas na pista do Morumbi. Da antiga banda dos irmãos Cavalera rolaram ainda "Troops of Doom", "Territory" e o grande clássico "Roots Bloody Roots", a que mais contagiou os metaleiros. Para completar, eles também apresentaram uma faixa do Nailbomb, antigo projeto com toques eletrônicos de Max, "Wasting Away".
Próximos shows
Com a turnê de "The Final Frontier", o Iron Maiden afirma que vai rodar o mundo em 66 dias. A viagem começou em Moscou, na Rússia, no dia 11 de fevereiro. A previsão é de que termine no dia 10 de julho em São Petersburgo, também na Rússia.
Depois de São Paulo, os britânicos seguem para outras cinco cidades em sua turnê brasileira:
27/03 - Rio de Janeiro, HSBC Arena
30/03 - Brasília, Ginásio Nilson Nelson
01/04 - Belém, Parque de Exposições
03/04 - Recife, Parque de Exposições
05/04 - Curitiba, Expotrade
Veja abaixo o repertório da apresentação do Iron Maiden em São Paulo:
"Satellite 15... "
'The Final Frontier"
"El Dorado"
"2 Minutes to Midnight"
"The Talisman"
"Coming Home"
"Dance of Death"
"The Trooper"
"The Wickerman"
"Blood Brothers"
"When the Wild Wind Blows"
"The Evil That Men Do"
"Fear of the Dark"
"Iron Maiden"
Bis:"
"The Number of the Beast"
"Hallowed Be Thy Name"
"Running Free"
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