26/03/2011 - 23h43
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
No mesmo dia em que os rebeldes retomaram o controle de duas importantes cidades do leste da Líbia, Ajdabiyah e Brega, os EUA disseram que não há provas de que os bombardeios da coalizão internacional estejam matando civis. Em entrevista à CBS News, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, acusou o ditador Muammar Gaddafi de espalhar cadáveres de pessoas mortas pelas tropas do regime pelas ruas do país.
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As declarações de Gates chegam dias após o regime ter divulgado um balanço de que entre o domingo (20) e a quarta-feira (23), ao menos 114 pessoas morreram e mais de 445 ficaram feridas pelos ataques das forças internacionais.
"De 20 a 23 de março, 114 pessoas morreram e 445 ficaram feridas nos bombardeios da coalizão", declarou Khaled Omar, autoridade do Ministério da Saúde líbio.
Neste sábado, em reação, Gates disse à emissora americana CBS News que há "diversos relatórios de inteligência" sugerindo que Gaddafi estaria colocando corpos de civis mortos pelo Exército da Líbia nos locais que são alvo dos bombardeios das aeronaves da coalizão.
Suhaib Salem/Reuters | ||
Rebeldes dançam e comemoram sobre tanques do Exército em Ajdabiyah; França abateu 7 aeronaves líbias |
O secretário da Defesa disse ainda que a missão tem tomado "cuidado extremo" para não ferir civis.
A entrevista foi gravada e deve ir ao ar neste domingo no programa "Face the Nation".
NOVOS BOMBARDEIOS
As acusações de Gates chegam em meio a relatos de que as forças de coalizão intensificaram os ataques aéreos na noite de sábado ao longo dos 400 km da estrada que liga as cidades de Ajdabiyah a Sirte (leste), declarou um porta-voz do regime, Musa Ibrahim.
"Os ataques aéreos continuaram durante horas e horas, sem parar, na estrada costeira de Ajdabiyah a Sirte, de 400 km", informou.
"Estimamos que inúmeros civis morreram, inclusive famílias que fugiam de carro dos bombardeios", acrescentou.
Ibrahim classificou a ofensiva como "mortífera, imoral e ilegal".
MISRATA
Após o anúncio de aparente sucesso das operações em Ajdabiyah e Brega, a coalizão internacional intensificou os bombardeios sobre Misrata, onde a França derrubou cinco jatos e dois helicópteros das forças líbias neste sábado.
Com a retomada de duas importantes cidades no leste do país, onde os bombardeios têm demonstrado eficiência ao deter o avanço das tropas de Gaddafi, a coalizão internacional aumentou suas ofensivas em Misrata, cidade situada no oeste, entre a capital Trípoli e Sirte, que é mantida cercada pelo Exército líbio há mais de uma semana.
Os moradores, em suas raras comunicações com o exterior, asseguraram às emissoras por satélite árabes que a situação é desesperada pela falta de remédios, sangue e demais elementos essenciais para atender à grande quantidade de feridos, que chegam a dezenas.
Os rebeldes denunciam que as tropas do governo têm como estratégia cortar as ligações de água, luz elétrica e telefones para isolar a cidade enquanto a atacam. Mais de 10 mil estão sem eletricidade desde o início dos fortes confrontos na cidade.
Suhaib Salem/Reuters | ||
Ataques da coalizão detiveram avanços de Gaddafi em terra no leste; desafio agora é libertar Misrata, no oeste |
Ainda nesta semana, o governo negou o isolamento. "Ouvimos rumores de que o governo cortou de forma intencional o fornecimento [de água, luz elétrica e telecomunicações]. Mas é apenas um problema técnico causado pelos danos e saques", disse o vice-chanceler líbio Khaled Khaim.
OTAN
Há expectativa de que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) assuma o comando das operações dos aliados na Líbia na segunda-feira.
As operações aéreas manterão o objetivo de reforçar a zona de exclusão aérea sobre a Líbia, enquanto as posições navais terão como finalidade fazer respeitar o embargo às vendas de armas ao regime do ditador Muammar Gaddafi aprovado pelas Nações Unidas.
Andrew Winning/Reuters | ||
Homem caminha perto de carro queimado na cidade de Ajdabiyah, no leste da Líbia; rebeldes retomaram controle |
Detalhes da transferência de comando dos EUA ainda serão definidos no domingo, entre eles a abrangência dos ataques aéreos sobre o país, e quem irá executá-los, mas a cúpula da aliança militar quer garantir que não haja problemas na transição.
A chefia das operações estará sediada num dos mais sofisticados centros de comando da Otan, numa base em Nápoles, na Itália. A porta-voz da aliança, Oana Lungescu, disse na sexta-feira que a operação já foi aprovada por três meses, mas pode ser extendida.
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