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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Banhistas encontram fezes na água das praias da zona sul do Rio



Cedae e INEA culpam redes clandestinas de esgoto por despejo sem tratamento


Crédito: João Laet / Agência O Dia


Mesmo com manchas verdes de sujeira no mar, surfistas entram na água para pegar onda.

Mesmo com manchas verdes de sujeira no mar, surfistas entram na água para pegar onda.

Em dias de sol e calor uma das primeiras opções da maioria das pessoas é curtir as praias da zona sul e oeste. No entanto, uma reclamação tem sido constante entre os frequentadores da orla carioca: a poluição e o aparecimento de fezes na água do mar. Foi o que aconteceu com Juliana de Almeida, que mora próximo ao Jardim de Alah onde já foram encontradas diversas redes de esgoto clandestinas que despejam dejetos in natura no mar do Leblon.

Os moradores não se conformam com a situação no bairro, que tem o metro quadrado mais caro da cidade, um custo médio de R$ 11.964.

- Chega a ser ridículo. Pagamos tão caro de impostos para morar no Leblon, um dos locais mais conceituados do Rio e entro no mar e vejo cocô do meu lado na água.


O caso não é isolado. Na praia de Copacabana, na altura da rua Hilário de Gouveia, Iuri Serra também passou por um constrangimento parecido.

- Estava sozinho na água, achei que era um galho de árvore, quando cheguei perto vi que era um cocô. Saí e fui embora. A gente sabe que tem, mas ver é nojento. Não volto ali tão cedo.

De acordo com a Cedae, concessionária que cuida da rede de esgoto da região, a ligação clandestina pode ser feita por qualquer pessoa. A Assessoria de Segurança Empresarial

da Cedae realiza operações diárias contra ligações clandestinas de água e esgoto e já encontrou diversos tipos de "gatos" em toda a cidade, desde imóveis residenciais a estabelecimentos comerciais.

A Cedae informou ainda que faz o tratamento de 100% do esgoto produzido na zona sul. A empresa afirmou que não despeja esgoto in natura no mar, em rios, canais ou lagoas. Segundo a companhia, todo o esgoto captado é submetido a tratamento para retirada de resíduos poluentes e encaminhado para os emissários submarinos de Ipanema.

O cenário não é exclusivo na zona sul. Na Barra da Tijuca, é frequente a mesma reclamação de moradores que vivem perto da lagoa de Marapendi. No local é constante o aparecimento de manchas escuras provenientes de esgoto. Marcelo Rezende, que mora em um condomínio de frente para a lagoa, reclama da falta de saneamento na região.

- Às vezes, o cheiro é muito forte e chega ao meu apartamento no 10º andar. A Barra é um bairro que está crescendo e merece receber um tratamento mais adequado. Aqui não é tão caro como a zona sul, mas esta longe de ser baratinho.

O metro quadrado médio do bairro é de R$ 5.518, chegando a R$ 8.457 em alguns pontos. Segundo a Cedae, a companhia saltou de tratamento zero em 2007 para um tratamento de 80% de todo o esgoto da região.

De acordo com as informações, a estação da Barra, no entorno da avenida Via Parque, recebe e trata 1.600 litros de esgoto por segundo.

Para o ambientalista Mário Moscatelli, os sistemas de tratamento não são suficientes. Ele afirma que a rede pluvial da Barra é esgoto puro e já fez várias denúncias de crimes ambientais.

- O cheiro é de podre 24 horas por dia, 365 dias por ano. Isso porque estamos falando da Barra, se pegar a Baía de Guanabara, nos últimos cem anos a transformamos em um valão, não tem mais água, só coco. Todos os rios que deságuam nela são um lixo.

De acordo com Moscatelli, existe solução, tecnologia e recursos para resolver o problema de saneamento básico do Rio de Janeiro. Na opinião do ambientalista, o que falta é vontade política.

- Entra governo e sai governo e a situação continua a mesma. Se nos próximos cinco anos esses problemas não forem resolvidos, o carioca vai ter que se acostumar a viver com um mar de m....

De acordo com a Cedae, quem fiscaliza o despejo clandestino em rios, lagoas e no mar é o INEA (Instituto Estadual do Ambiente), mas o instituto informou que não dispõe de dados sobre média de ligações clandestinas.


Ainda segundo o INEA, o problema de poluição que mais oferece risco à saúde humana é quando a água está muito contaminada com altos níveis de coliformes fecais. A qualidade da água das praias é monitorada e divulgada toda sexta-feira no site do instituto.

Neste fim de semana, da zona sul à oeste, oito praias estão liberadas ao banho sem restrições: Diabo, Vermelha, Grumari, Prainha, Pontal de Sernambetiba, Recreio e Barra da Tijuca, inclusive, no trecho Quebra-Mar ao Pepê.

Joatinga, Leblon, Ipanema e Copacabana estão recomendadas, mas com restrições. Na Joatinga, evitar locais próximos a saídas de águas pluviais. No Leblon e em Ipanema, evitar os trechos próximos às saídas dos canais da Visconde de Albuquerque e do Jardim de Alah, respectivamente.

Em Copacabana, evitar locais com sinais de poluição. Não estão recomendadas ao banho as praias da Barra de Guaratiba, Pepino, em São Conrado, Vidigal, Arpoador, Leme, Urca, Botafogo e Flamengo.

Para que os banhistas não passem por situações como a de Juliana e Iuri, o ideal é saber quais locais estão próprios para o banho até o dia que dejetos não sejam mais despejados no mar.





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