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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Brasil vê fragilidade econômica de Cuba, revela site #WikiLeaks



SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO

O Brasil transmitiu aos EUA em 2007 preocupação com o processo de sucessão em Cuba, em especial no que diz respeito ao que o governo brasileiro avalia como desamparo econômico da ilha.

As impressões brasileiras, revestidas de um tom crítico poucas vezes usado em público pelo governo Lula, foram transmitidas em encontro entre representantes brasileiros e americanos ocorrido em Brasília um ano após Fidel Castro ceder a Presidência ao irmão Raúl, devido a problemas de saúde, encerrando 47 anos no poder.


Na reunião, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, confidenciou a altos diplomatas americanos que o governo Lula considerava inviável o modelo de gestão cubano.

"Cuba, nos últimos 40 anos, teve um sistema fundado em cima de uma única figura carismática, e isso não é sustentável", disse Garcia ao subsecretário de Estado William Burns, ao então embaixador Clifford Sobel e ao secretário de Estado assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental Thomas Shannon, atual embaixador.

Na conversa, Garcia lamenta que Cuba não tenha uma "vocação econômica".

O assessor também destaca que o governo castrista "não foi capaz de inserir sua indústria de turismo e sua capacidade médica em uma estratégia de produtividade."

O assessor de Lula, que se manteve no cargo com a presidente Dilma Rousseff, afirma que o Brasil está disposto a ajudar Cuba, desde que "os cubanos definam que caminho querem seguir."

Segundo relatado nos documentos do WikiLeaks, Garcia prevê mudanças significativas na era pós-Fidel.

O assessor não detalhou as projeções brasileiras, mas deixou claro que não acredita que Cuba possa seguir o modelo chinês, que mistura abertura econômica e controle político centralizado.

"A China é uma civilização, Cuba não é. [Os cubanos] não têm paciência, recursos ou organização para seguir o modelo chinês", diz.

Na conversa, Garcia cobrou dos EUA que aliviem o bloqueio econômico à ilha.

Em outro telegrama, diplomatas dos EUA dizem que o Brasil não entende as "dinâmicas internas complexas" nos EUA em relação a Cuba.

Contactado pela Folha Garcia disse não querer comentar "coisas que diplomatas americanos escrevem."




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