O ditador do Sudão, Omar al Bashir, desviou até US$ 9 bilhões de seu país, a maior parte para bancos em Londres, segundo telegramas diplomáticos americanos revelados pelo WikiLeaks, informa o jornal britânico "Guardian". Os telegramas citam conversas com o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional.
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Boa parte do recurso deve estar no banco Lloyds, segundo o promotor Luis Moreno-Ocampo, que sugeriu às autoridades americanas divulgar o tamanho do roubo de Bashir para virar a opinião pública sudanesa contra ele.
"Ocampo sugeriu que se o desvio de dinheiro de Bashir fosse divulgado (ele estima o valor em US$ 9 bilhões), isso mudaria a opinião pública sudanesa, de um 'ativista' para um ladrão", informa um telegrama de altos representantes dos EUA. "Ocampo relatou que o banco Lloyds em Londres deve estar com o dinheiro ou saber de seu paradeiro", diz o informe. "Ocampo sugeriu que expor que Bashir tem contas ilegais seria o suficiente para colocar os sudaneses contra ele", informa o "Guardian".
Simon Maina/AFP - 27.ago.10 | ||
Ditador sudanês no Quênia; Bashir desafia há meses a ordem de prisão, viajando por vários países africanos |
O banco Lloyds disse não ter nenhuma prova de possuir recursos em nome de Bashir. "Não temos absolutamente nenhuma prova que sugira qualquer ligação entre o grupo Lloyds e o senhor Bashir. A política do grupo é de cumprir as obrigações legais e regulamentares em todas as jurisdições nas quais opera", reporta o jornal britânico.
Se a estimativa de Ocampo estiver correta, os recursos sudaneses guardados em bancos londrinos correspondem a um décimo do PIB anual do Sudão, que é o 15º país mais pobre do mundo na lista da ONU (Organização das Nações Unidas), calcula o "Guardian".
Ocampo discutiu as provas desse desvio de dinheiro com os EUA dias antes de divulgar um mandado de prisão contra o ditador sudanês, em março de 2009, o primeiro divulgado pelo tribunal contra um chefe de Estado em exercício. Bashir foi indiciado por sete acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade no ano passado, com outras três acusações de genocídio acrescentadas em julho.
Bashir desafia há meses a ordem de prisão, viajando por vários países africanos.
Ocampo nunca divulgou os detalhes desses desvios publicamente, mas foi duramente criticado pelo indiciamento por muitas pessoas no Sudão, e por pessoas na comunidade internacional temendo aumento de conflitos na região de Darfur.
A região de Darfur está em guerra civil há sete anos, com um balanço de 300 mil mortos segundo a ONU, e 10 mil segundo Cartum.
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