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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Hugo Chávez anuncia saída de comissão de direitos humanos


Chávez chama órgão de direitos humanos de "máfia" e anuncia saída

CLÁUDIA JARDIM
da BBC Brasil, em Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quinta-feira a saída de seu país da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ao qualificar como "infame e indizível" um relatório da organização publicado na véspera com duras críticas ao governo.

"[A Venezuela] vai denunciar o acordo através do qual se inscreveu (...) nessa nefasta Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e sairemos daí então", disse o presidente em entrevista coletiva na sede do governo.

Chávez voltou a acusar a CIDH de ter apoiado o fracassado golpe de abril de 2002 contra ele. "Essa é a mesma comissão que respaldou a [Pedro] Carmona aqui, em 2002. É a ameaça permanente, a tentativa de nos isolar, mas ai estão os resultados", afirmou Chávez, ao fazer referência à decisão dos países da região de levar à Caracas a próxima Cúpula da recém criada Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribe (Celac) que será realizada no próximo ano.

Estados Unidos

O presidente venezuelano disse que a CIDH é "uma máfia", um "corpo politizado", que é utilizado "pelo império para agredir" aos demais governos da região.

Chávez afirmou que as críticas a seu país são parte de uma articulação internacional. "As agressões contra a Venezuela correspondem a um plano, não tenho a menos dúvida e isso coincide com a visita da doutora [Hillary] Clinton pela América Latina, a do chefe da CIA em Bogotá e a provocação [discussão com Álvaro Uribe] lá em Cancún", afirmou.

Na véspera, relatório da CIDH, que pertence à OEA (Organização de Estados Americanos), disse que, na Venezuela, ocorrem "sérias restrições" aos direitos humanos. O critica o que consideram como "intolerância política", "falta de independência dos poderes de Estado", "restrições" à liberdade de expressão, violência e impunidade.

Apesar das críticas, a CIDH também destacou os avanços sociais e econômicos registrados no país nos últimos anos. "A prioridade dada pelo Estado aos direitos econômicos, sociais e culturais (...) constitui uma base importante para a manutenção da estabilidade democrática", diz o documento da CIDH.

O relatório da comissão foi elaborado sem que seus membros visitassem o país. O governo da Venezuela veta a entrada da CIDH ao país por não ter reconhecido a tentativa de derrocamento de Chávez como um golpe de Estado. Horas depois do anúncio da desfiliação, Chávez criticou a OEA, ao afirmar que a organização chegará a seu fim, porém, que sua extinção "não se decreta, será fruto do processo histórico", disse Chávez.







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