Benedict Mander
Em uma comunidade isolada na borda sul dos Andes venezuelanos, uma região sem lei, apoiadores radicais do presidente Hugo Chávez reuniram-se para inaugurar uma "base para a paz"."Nós estávamos aqui primeiro, e continuaremos a resistir; primeiro ao colonialismo, e agora ao Plano Colômbia!", gritam eles em uníssono. Estes indivíduos estão protestando contra as "bases gringas" do outro lado da fronteira, que segundo eles ameaça o seu país devido ao acordo militar firmado recentemente entre Colômbia e Estados Unidos.
Com o objetivo de organizar milícias populares para combater aquilo que essas pessoas veem como uma ameaça, a base no sopé das luxuriantes montanhas andinas em Los Jabillos, próxima à fronteira colombiana, consiste até o momento principalmente de uma pequena estação de rádio comunitária e de uma precária cooperativa de laticínios. Mas ela é parte do plano de Chávez para preparar os venezuelanos para a guerra, caso ocorra uma temida invasão por parte dos Estados Unidos a partir da Colômbia. O presidente venezuelano já deslocou 15 mil soldados para a fronteira a fim de conter uma recente onda de violência, bem como o problema do narcotráfico.
Embora muitos minimizem a beligerância de Chávez, afirmando que trata-se apenas de retórica, ela é um indicador de como andam ruins as relações entre Venezuela e Colômbia, que têm estado tensas desde que o irascível líder venezuelano congelou as relações diplomáticas e os vínculos comerciais entre os dois países em julho deste ano, em resposta ao pacto estadunidense-colombiano.
Mas isso só fez agravar a frágil situação na fronteira entre Colômbia e Venezuela. Ao se somar à insegurança provocada pelos grupos paramilitares e guerrilheiros que são responsáveis por extorsões, sequestros e execuções, o bloqueio atualmente atinge o comércio e o emprego, provocando uma crescente insatisfação dos moradores locais e o aumento das atividades de contrabando.
"A área de fronteira é uma bomba-relógio", afirma Cesar Perez Vivas, o governador oposicionista do Estado de Táchira, que fica na fronteira. "Aquela é uma região violenta, na qual grupos irregulares praticam o tráfico de drogas e o contrabando de gasolina. Eles farão uma guerra para proteger os seus interesses".
Na semana passada, paramilitares armados colombianos foram acusados de terem assassinado dois guardas nacionais, pouco após as forças de segurança venezuelanas terem começado a reprimir as atividades ilegais na fronteira.
No entanto, Perez Vivas acusa o presidente socialista da Venezuela de fazer vistas grossas ao perigo representado pelos guerrilheiros marxistas colombianos na Venezuela devido às suas simpatias pela luta destes, ainda que acredite-se que eles controlam cerca da metade do tráfico de cocaína colombiana. A presença deles é frequentemente sentida na Venezuela: moradores locais dizem que os guerrilheiros foram responsáveis pelo massacre sangrento de um time de futebol colombiano ocorrido no mês passado.
"Acontecimentos recentes evidenciaram um conflito que já está ocorrendo na região há anos, bem como o fato de que os dois governos são incapazes de atuarem em conjunto para resolver o problema", afirma Raquel Flores, diretora do Centro de Estudos de Integração e Fronteiras da Universidade dos Andes. Ela acredita que o Plano Colômbia, apoiado pelos Estados Unidos, agravou o problema na Venezuela, já que tanto guerrilheiros quanto paramilitares se refugiam na zona fronteiriça.
De acordo com Flores, a crise na região deteriorou-se devido a uma rede cada vez mais entrelaçada dos interesses não apenas dos paramilitares rivais, dos guerrilheiros, dos narcotraficantes e de criminosos comuns, mas também dos projetos políticos diametralmente opostos dos governos da Colômbia e da Venezuela. A isso tudo pode-se acrescentar o conflito político doméstico de Chávez com o governo oposicionista de Táchira, que foi eleito um ano atrás.
"É óbvio que os interesses políticos aprofundaram o conflito", afirma ela. Até o momento Caracas não respondeu de forma recíproca ao tom mais conciliatório de Bogotá, e Chávez reagiu friamente à oferta do Brasil para mediar as negociações entre Colômbia e Venezuela.
No nível local, a cooperação também é inexistente. Assim como Chávez é acusado de tirar vantagem do conflito para impor um poder centralizado sobre o governo regional da oposição, políticos proeminentes de Táchira que são leais ao presidente, tais como Nellyver Lugo, acusam Perez Vivas de encorajar a atividade paramilitar na área, uma acusação que Vivas repele.
Mas, enquanto os políticos trocam acusações, os moradores locais sofrem. "Muitos inocentes pagaram o preço por uma luta que não é deles", acusa Isabel Castillo, diretora da câmara de comércio de San Antonio del Táchira, na fronteira colombiana.
Ela diz que os fechamentos da fronteira e as tentativas da Venezuela de substituir as importações da Colômbia por produtos brasileiros e argentinos fizeram com que o comércio local sofresse uma queda de cerca de 80% desde agosto. O comércio bilateral provavelmente cairá para a metade do valor do ano passado, que foi de mais de US$ 7 bilhões (R$ 12 bilhões). Como cerca de US$ 6 bilhões (R$ 10,3 bilhões) correspondem a exportações colombianas, muitas negócios locais foram particularmente afetados.
Os críticos do governo alegam que as recentes hostilidades contra a Colômbia têm como objetivo aumentar o sentimento nacionalista e distrair a atenção dos eleitores de preocupações quanto aos precários serviços de saúde e o grande aumento da criminalidade e da inflação, por causa da relativa proximidade das importantes eleições legislativas de setembro do ano que vem.
Tradução: UOL
Trânsito em SP pela Rádio SulAmérica
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