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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Há algo de sexy no reino da Dinamarca: o Hamlet de Jude Law


Spotlight On: Hamlet

Spotlight On: Hamlet Jude Law takes on the iconic role in this new revival.
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Jude Law takes on the iconic role in this new revival.















Ator inglês provoca romaria de mulheres à Broadway todo fim de semana com Shakespeare casual

Jotabê Medeiros, de O Estado de S. Paulo


Foto de Jude Law em cartaz na Broadway

Jotabê Medeiros/AE

Foto de Jude Law em cartaz na Broadway

NOVA YORK - Tinha mais mulher feliz e namorado contrariado do que em show do Chico Buarque. Uma hora antes do espetáculo, na quinta-feira, 29, elas já começaram a fazer uma ruidosa fila à frente do Broadhurst Theatre, na Rua 44, para ver a peça. Ok, tá certo que na Broadway o povo entra em fila até para injeção na testa, mas essa fila certamente será diferente das outras -mais perfumada, maquiada e repleta de saltos altos. E vai se repetir até o dia 6 de dezembro, quando o ator inglês Jude Law, de 37 anos, estrela a última de 12 apresentações lotadas de Hamlet, de Shakespeare, na versão de Michael Grandage.

"Jude é bonito, mas Shakespeare é melhor", jurou na calçada do teatro, após a sessão, Chelsea Trowbridge, estudante de Inglês que foi ao teatro acompanhada da amiga Danielle Burkee. "Não tenho tanto conhecimento de teatro para julgar as interpretações, mas me parece que ele foi muito bem, assim como todo o elenco." Me engana que eu gosto, Chelsea!

Jude não tira a camisa nem mostra as partes em cena, mas quando brinca como um acrobata nos ombros de dois companheiros de cena, exibindo a forma física de um Diego Hipólito, arranca aplausos emocionados das moças (bom, ele arranca aplausos até quando a fala não é dele...). "Jude é um ator muscular, visceral, e tem uma conexão direta com as emoções mais cruas", defendeu o diretor Michael Grandage.

Bom, ao menos bem treinado Jude Law é. Mas não faz um Hamlet exibicionista, muito ao contrário. Somente às vezes mostra seu coté hollywoodiano, como quando duela com espadas de esgrima com o oponente Laertes. Parece cena de O Gavião do Mar (quando não sugere um clima meio Juventude Transviada). É uma ousadia para o velho Broadhurst Theatre, aberto em 1917 com Misalliance, de George Bernard Shaw. Mas quem está por trás dessa montagem não dá tiro a esmo: trata-se da poderosa Donmar Warehouse, empresa que já produziou espetáculos que ganharam 14 prêmios Tony, 35 prêmios Olivier, 20 prêmios Critics’ Circle.

Descalço em cena a maior parte do tempo, parecendo que veste um pijama da Gap, que acabou de acordar e que está indo para a cozinha pegar um suco na geladeira, Jude Law faz um Hamlet casual, falsamente ordinário, que até imita macaco e caranguejo (Alô, pessoal do Pânico, o homem aprendeu!) e faz uma piadinha levemente homofóbica ao acariciar o braço de Horatio (Matt Ryan) e soltá-lo de supetão ("Isso está ficando esquisito"). As dezenas de casais gays na plateia não chiaram porque, no final, Horatio beija a testa de Hamlet enquanto este morre em seus braços (não era para contar o final? Ah, come on, é Shakespeare!).

O Hamlet de Jude Law e Michael Grandage é um Shakespeare vestido às vezes com roupas da Barneys, noutras com Oscar de La Renta e Dolce & Gabbana e gelzinho para espetar o cabelo. É Shakespeare de casaco de couro tingido com as cores do humor, ou algo parecido. Todos riem do contraponto entre tragédia e comédia que Grandage criou, mas é um tanto sem graça. Tem um momento, quando Hamlet descobre o assassinato do pai, o Rei da Dinamarca (o bom ator veterano americano Peter Eyre), e berra: "Vingança!" Jude vai ao fundo do palco e encobre o rosto, e fica todo mundo tenso, calado. Mas daí ele levanta o rosto e diz: "Que bundão que eu sou!", e todo mundo ri como se concordasse.

O elenco parece escolhido a dedo, todo o povo good looking do teatro - os rapazes são guapos, como Laertes (Gwilym Lee), Horatio (Matt Ryan), James Le Feuvre (cortesão), Alan Turkington (Francisco), Henry Pettigrew (Marcellus) ou Rosencrantz (John MacMillan). Ofélia (Gugu Mbatha-Raw), que é mulata, passeia pelo palco (e canta) com pijaminha de menina de orfanato, fazendo o gênero sexy distraída. O efeito é previsível. "With Shakespeare in love, Hamlet on Broadhurst is phenomenal!", postou logo depois da peça em seu twitter Katrine Hald, de Stamford, Connecticut, fazendo trocadilho com o blockbuster Shakespeare Apaixonado. A Rainha Gertudre (Geraldine James) é um clone da Cate Blanchett, elegantérrima e linda, só que parece mais nova que o filho Hamlet (mas isso não faz a menor diferença).

O ator Ron Cook, que faz o conselheiro Polonius, é o ponta-de-lança do elenco "engraçadinho" (trabalhou na TV nas séries The Lost Prince, The Singing Detective e Little Dorrit). O veterano Peter Eyre se destaca como o fantasma do pai de Hamlet, e mostra versatilidade em drama e comédia nos dois atos (no segundo, ele interpeta um ator que Hamlet usa para desmascarar o padrasto). "Não deixe o reino da Dinamarca sucumbir em luxúria e danação!", exorta, pedindo vingança ao filho, e o público fica sabendo ali o que é um ator convincente.

A versão em dois atos do Hamlet de Shakespeare de Jude Law e Grandage usa buzinas de carro em cena e inverte expectativas. Hamlet diz a famosa frase "To be or not to be" debaixo de uma tempestade de neve. O crânio do rei é "escavado" no meio do palco, na mesma cova em que é enterrado o corpo de Ofélia, bem defronte dos olhos da plateia. "My fate cries out" (Meu destino me chama!), berra Hamlet/Law. Ninguém parece acreditar. "Mesmo que não fosse tão bom eu teria gostado", diz a balconista Melanie Riese, de Las Vegas, saindo da sessão feliz como pinto sai do lixo. Se é bom? Muita gente parece que vai pensando que esse tal Shakespeare é um novo roteirista rico de Beverly Hills. Certamente a implacável Barbara Heliodora teria uma coisinha ou outra para dizer sobre essa versão.

Fui ver e aplaudi:

Gabriel Villela, diretor - Há uma calmaria muito bem calculada no Hamlet de Jude Law. Ausência de ventos, mesmo. Ator astuto, perspicaz, de voz timbrada para tão grande evento, vestindo roupas de andar em casa, ele sabe explorar bem o paradeiro de Elsinore. Preenche-o de pensamentos, ideias ambíguas, até que um próximo pé de vento se aproxime. Então, ele arremessa seu Hamlet no olho do furacão com uma volúpia e um prazer inacreditáveis. Jude Law conta com uma trupe de antagonistas à sua altura, pra melhores, se calhar. No paradeiro dessa montagem franciscana, o livre-arbítrio do protagonista evolui harmoniosamente até se encontrar com o troca-troca de venenos nas espadas e cálices. Atônitos e silenciosos, os sobreviventes contemplam a tragédia de Hamlet, depois olham em coro para nós, espectadores, e parecem parafrasear, com seus semblantes interrogativos, uma das primeiras frases da peça: "Alto aí, plateia! Você sabe quem vem lá?"

Thiago Lacerda, ator - Tudo na montagem é impressionante. O espetáculo é impecável. O uso dos recursos de encenação é milimétrico, assim como a técnica do elenco, que é ótimo. Destaques para o rei e para a rainha Gertrudes, como eu nunca havia visto (e olha que eu já vi algumas montagens desse espetáculo). E Jude Law desfila um talento que, de longe, supera seus trabalhos no cinema, que já indicam o grande ator que ele é. Seu Hamlet é deslumbrante... Na medida e preciso. Para quem está ou vai passar por Nova York durante esta temporada, o espetáculo é imperdível. Foi um privilégio poder assisti-lo e uma experiência indelével. Uma aula de teatro.

Confira alguns atores que já interpretaram Hamlet no teatro

2009

O ator britânico Jude Law interpreta Hamlet na Broadway.

2008

O Hamlet de Wagner Moura ('Tropa de Elite') é definido como debochado, irado, malandro, carinhoso, sagaz e cínico.

2001

O ator americano Robert Downey Jr. é o Hamlet na montagem dirigida por Mel Gibson.

2001

Diogo Vilela, o ator comemorou os 30 anos de sua carreira interpretando Hamlet.

1991

O ator Marco Ricca vive o papel de Hamlet, com direção de Ulisses Cruz.

1969

Hamlet foi interpretado por Walmor Chagas.

1948

O ator britânico, agraciado com o título de sir em 1947, Laurence Olivier, foi um dos mais carismáticos atores do século XX. Sua presença em palco fascinava o público e sua credibilidade como intérprete, no drama como na comédia, proporcionou-lhe os maiores êxitos. Destacou-se interpretando personagens de Shakespeare, quer no teatro, quer no cinema.

1948

A produção de Hamlet, no Teatro Fênix, encenada e atuada pelo renomado ator brasileiro Sérgio Cardoso, que teve grande repercussão na história do teatro brasileiro. A produção tornou-se popular e conquistou crítica e público. O impacto dessa produção foi a interpretação inovadora de Sérgio Cardoso, citada como atenciosa na construção da personagem, num tempo em que os atores brasileiros acreditavam no talento nato. Cardoso trabalharia novamente em Hamlet oito anos depois, em 1956.









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