[Valid Atom 1.0]

quinta-feira, 12 de março de 2009

Madoff se declara culpado, vai para cadeia e pode pegar 150 anos por fraude

Madoff se declara culpado de fraude nos EUA e volta à cadeia


Justiça deve decidir em 16 de junho se o condena a 150 anos de prisão pelo esquema de pirâmide financeira

AP


Mary Altaffer/AP

Madoff chega a tribunal federal em NY

NOVA YORK - O especulador americano Bernard Madoff se declarou culpado nesta quinta-feira, 12, pelos 11 crimes pelos quais é acusado em um tribunal federal de Nova York. Ele é acusado de promover uma fraude no esquema de pirâmide financeira no valor de US$ 50 bilhões. Após o fim da audiência, o juiz federal Denny Chain decidiu revogar o regime de prisão domiciliar no qual ele estava desde dezembro, quando pagou US$ 7 milhões para escapar da prisão. Ele volta para a cadeia ainda hoje. Depois do anúncio, aplausos irromperam pela sala do tribunal.


Entre os crimes estão fraude com ações, em assessoria de investimento e em transferências bancárias, fraude postal, declarações falsas, perjúrio, informação falsa à comissão da bolsa de valores (SEC, em inglês), roubo de fundos de investimento de trabalhadores e três crimes de lavagem de dinheiro. Em conjunto, todos eles preveem uma condenação de até 150 anos de prisão, o que equivaleria a uma pena perpétua. O anúncio da sentença está marcado para o dia 16 de junho.

"Eu estou grato pela oportunidade de poder falar em público sobre meus crimes, pelos quais estou arrependido e profundamente envergonhado", disse Madoff ao admitir a culpa ao juiz.

Durante a audiência, Madoff admitiu que começou a organizar a fraude no início dos anos 90 para ganhar dinheiro em meio à recessão que afetava a economia americana.

"Conforme os anos foram passando, eu percebi que este dia inevitavelmente chegaria. Não consigo expressar adequadamente o quanto estou arrependido", completou Madoff.

O ex-presidente da bolsa americana Nasdaq, de 70 anos, estava em prisão domiciliar há três meses desde que o FBI descobriu o esquema. A fraude evaporou fortunas e envolvia desde grandes bancos mundiais a instituições de caridade e celebridades americanas. Dois dos investidores no fundo de Madoff cometeram suicídio. No total, mais de 4 mil clientes, entre pessoas físicas e jurídicas, foram envolvidos no esquema.

Entre os nomes mais conhecidos que levaram prejuízo do especulador estão o cineasta Steven Spielberg, o apresentador Larry King e o atores Kevin Bacon e John Malkovich, além dos bancos Santander e HSBC, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Universidade de Nova York (NYU).

O esquema

Bernard Madoff, operador renomado de Wall Street e fundador da Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, foi preso no dia 11 de dezembro acusado de estar por trás de um esquema multibilionário e fraudulento de pirâmide financeira conhecido como Ponzi.

A fraude era feita da seguinte forma: a empresa de Madoff atraía os investidores oferecendo níveis de rentabilidade que chegavam a 1% ao mês, ou seja, mais de 10% de retorno no investimento por ano. Ele, então, utilizava o dinheiro desses novos investidores para pagar clientes antigos, que queriam resgatar os recursos aplicados.

O esquema funcionava porque os rendimentos não eram pagos aos investidores todo mês, apenas acompanhado por eles. Esse dinheiro só seria devolvido ao cliente quando este resgatasse seu investimento. O problema é que, diante de grande demanda por resgates em decorrência da crise financeira, o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagar os investidores e a fraude veio à tona.


Entenda como funcionava o esquema de pirâmide de Madoff

Empresa atraía investidores com promessa de altos lucros. Com este dinheiro, ele pagava clientes antigos

Da redação



SÃO PAULO - Bernard Madoff, operador renomado de Wall Street e fundador da Bernard L. Madoff Investment Securities LLC, foi preso no dia 11 de dezembro acusado de estar por trás de um esquema multibilionário e fraudulento de pirâmide financeira conhecido como Ponzi.

A fraude era feita da seguinte forma: a empresa de Madoff atraía os investidores oferecendo níveis de rentabilidade que chegavam a 1% ao mês, ou seja, mais de 10% de retorno no investimento por ano. Ele, então, utilizava o dinheiro desses novos investidores para pagar clientes antigos, que queriam resgatar os recursos aplicados.

O esquema funcionava porque os rendimentos não eram pagos aos investidores todo mês, apenas acompanhado por eles. Esse dinheiro só seria devolvido ao cliente quando este resgatasse seu investimento. O problema é que, diante de grande demanda por resgates em decorrência da crise financeira, o fundo de Madoff ficou sem dinheiro para pagar os investidores e a fraude veio à tona.

Suas supostas vítimas questionaram por que as autoridades americanas não checaram antes o que estava acontecendo, mas a forma como Madoff operava foi decisiva para o seu sucesso. Descrito como "afável" e "de alto nível, mas de uma forma discreta", o banqueiro se esforçou para manter sua aura de exclusividade.

Muitos de seus clientes mais ricos foram conquistados em conversas em clubes para abastados em Nova York ou na Flórida, e Madoff dava a eles uma sensação de pertencerem a um círculo privilegiado. Ele usou esses grandes nomes para atrair outros investidores, até que sua influência passou a se estender a grandes bancos, fundos hedge e até mesmo organizações beneficentes.

As operações de Madoff, de fato, eram bem obscuras. Além de sua empresa original, a Bernard L. Madoff Investment Securities, ele dirigia uma empresa de assessoria financeira totalmente separada - e é essa empresa que está envolvida na suposta fraude.

Ele nunca revelou seus métodos de operação no mercado ou como ele gerava os lucros substanciais para os investidores que representava. "É uma estratégia do meu negócio. Não posso dar muitos detalhes", disse ele certa vez.

A Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos tinha autoridade para investigar os negócios de Madoff. Analistas financeiros levantaram dúvidas sobre as práticas de Madoff repetidamente ao longo da última década, incluindo uma carta de 1999 para a SEC que acusava Madoff de estar realizando o esquema Ponzi. Mas a agência não conduziu nem mesmo uma análise de rotina no fundo de investimentos até a semana passada.

Mas como essa situação não levantou antes a suspeita dos órgãos reguladores?

A resposta envolve provavelmente uma combinação do prestígio pessoal de Madoff com sua exploração cuidadosa de certas brechas no sistema. Como ex-presidente da Nasdaq, com uma coleção de outras diretorias no currículo, e generoso doador em causas beneficentes, Madoff era um homem que inspirava confiança.

Quanto aos reguladores, a SEC regularmente fiscalizava a Bernard L. Madoff Investment Securities, mas não sua empresa separada de assessoria financeira. Essa empresa gerenciava um fundo hedge que não estava registrado na SEC até setembro de 2006 - e, de acordo com relatos, nunca foi sujeito a inspeção depois disso.

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: