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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

PF alerta para uso da nova droga


14/09/2008 15:53:00


Polícia informa que droga originária da Europa, semelhante ao ecstasy, está sendo usada por jovens

Francisco Edson Alves


Rio - Considerado o terceiro maior consumidor de drogas sintéticas no mundo, conforme relatório divulgado pelo Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, o Brasil tem um motivo a mais para se preocupar: uma nova substância produzida em laboratório, a clorofenilpiperazina ou m-clorofenilpiperazina (mCPP), começa a ser usada em larga escala, principalmente no Estado do Rio. As primeiras investigações sobre a chegada do entorpecente, que tem aparência e efeitos parecidos com o ecstasy, foram iniciadas há seis meses pela Polícia Federal de Volta Redonda, no Sul Fluminense.

“Começamos a desvendar um forte esquema que abastece festas ‘rave’ na capital e no interior com o novo e perigoso ‘combustível’ (mCPP), além de ecstasy, skank e LSD. O mCPP é produzido na Europa, onde é usado como antidepressivo. Ainda não sabemos com certeza a origem dos comprimidos, mas acreditamos que os carregamentos estariam vindo da Holanda, como medicamento, pelos Correios”, afirmou o delegado da PF em Volta Redonda, César Augusto Gaspar.

Há duas semanas, durante a Operação Deserto (em alusão aos usuários que têm sede exagerada), a PF prendeu dez suspeitos de integrar uma quadrilha que traficava o produto, com conexões em favelas do Rio e São Paulo. “Todos são jovens de classe média”, diz Gaspar.

A apreensão de mil comprimidos de mCPP — a maior no País — pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em julho, na Via Dutra, em Volta Redonda, ajudou a PF a chegar ao bando. Com base em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, agentes da PF descobriram que o mCPP foi comprado na Mangueira, no Rio, e identificaram mais de 30 viciados só no Sul do Estado. Vinte já prestaram depoimento.

X., 18, que aparece em um dos grampos, foi arrolada como testemunha pela PF. Ela diz apenas conhecer integrantes da quadrilha e que nunca usou mCPP. “Os efeitos são muito loucos. Em festas rave, vi mulheres ficarem nuas, gente alucinada, tendo convulsões. Há apostas para ver quem é que fica mais doidão. Muitos passam mal”, conta a jovem, que diz ficar aterrorizada com os efeitos.

César Augusto Gaspar planeja novas operações devido à crescente identificação de usuários de mCPP e ecstasy. “As investigações continuam. A Operação Deserto é conseqüência de outras, como a Xeque-Mate, em 2006, da Roseira, em 2007, e da Barragem, no ano passado. Em dois anos, prendemos 120 traficantes”, comenta.

ANVISA DEVERÁ INCLUIR SUBSTÂNCIA EM LISTA DE PROIBIDOS

A preocupação com o mCPP é tão grande que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aguarda pedido formal da PF para incluí-lo na lista de produtos proibidos. Segundo especialistas, a substância, que pertence à classe das piperazinas, imita os efeitos do ecstasy, cujo comprimido chega a custar R$ 60 em festas rave. A primeira sensação é de elevação do humor e bem-estar.

“Mas as reações são piores: de intensa dor de cabeça e vômito até ataques de pânico e confusão mental. Misturado ao álcool ou cocaína pode ser fatal”, alerta Maria Thereza de Aquino, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad/Uerj). Ela diz que a piperazina dá sensação de humor ao usuário e é tão forte, que é usada como princípio ativo de medicamentos usados para sedar esquizofrênicos em crises. “Como prevenção, o mais eficaz é o diálogo entre pais e filhos, pois, ao contrário de outras drogas, o mCPP não deixa cheiro ou rastro aparentes”, ressalta.

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