Ministro indicado se mostra preocupado em desfazer imagem de arrogante.
Diz que não é Super-Minc, que Viana é mais preparado e que comprou blusa para Marina.
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O ministro indicado do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a primeira proposta que apresentará ao presidente Lula, na audiência que os dois terão nesta segunda-feira (19),em Brasília, é a de que regimentos das Forças Armadas - em particular, o Exército - trabalhem dentro dos parques nacionais e das reservas extrativistas, “basicamente na Amazônia”. A medida seria semelhante à que, segundo ele, foi adotada no Rio de Janeiro.
“É o primeiro dos dez pontos que eu irei sugerir para ele (presidente Lula), para ver se ele concorda. Afinal, ele é quem está me convidando, imagino que ele diga as coisas que espera e eu vou passar as condições de trabalho normal”, diz, informando que a audiência está marcada para as 17h30 desta segunda-feira.
No desembarque na manhã deste domingo (18), no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no subúrbio do Rio, Minc mostrou-se preocupado com o tom supostamente arrogante que teria transparecido da entrevista coletiva que ele concedera em Paris. “Ainda estou em estado de choque”, admitiu.
Carlos Minc garantiu que a Amazônia não vai virar carvão, ao responder às críticas de ruralistas de que seria um “ambientalista de Copacabana”.
“Se eu fosse elogiado pelos ruralistas eu ficaria preocupado. Porque o que acontece, com o afastamento da Marina (Silva, ex-ministra, que vai reassumir sua cadeira no Senado), a primeira sinalização em nível nacional foi ‘a Amazônia está sem defesa’. A defensora da Amazônia saiu, agora ela está entregue. Essa foi a sinalização”, disse, acrescentando:
“A imprensa lá na França quis saber, na única coletiva que eu dei: ‘Qual é a garantia que eu tenho que a Amazônia não será devastada, já que sua principal defensora jogou a toalha?” Eu, que não pedi para ser ministro, falei para a imprensa internacional, porque a Amazônia não ia virar carvão. E não vai virar carvão porque a gente vai manter a política da Marina e boa parte dos quadros dela - ela já colocou toda a equipe à minha disposição”.
Minc negou ter sido arrogante na primeira entrevista e disse ter sido mal interpretado:
“Eu coloquei algumas condições de trabalho. Mas, na verdade, são muito mais condições do que aquelas colocadas. Acho que arrogante seria imaginar que eu pudesse desempenhar uma missão, da qual eu realmente tenho dúvidas se estou à altura, sem ter condições de trabalho”.
“Aqui no Rio de Janeiro o (governador) Sérgio Cabral me deu condições excepcionais, eu preparei dez decretos. Desde o (decreto) de que todas as habitações construídas tivessem energia solar até.., em suma, guarda-parques, bombeiros, etc. Ele (Cabral) assinou todas as dez. Eu participava do conselho econômico do governo, o meio ambiente estava ‘bem na fita’, isso possibilitava eu fazer licenciamentos rápidos, e conseguir compensações para algumas obras”.
O ainda secretário estadual de Ambiente do Rio de Janeiro disse que não foi arrogante na entrevista em Paris:
“Eu coloquei, com bastante honestidade, ao contrário da arrogância, arrogância seria pensar que eu pudesse enfrentar o problema ambiental do Brasil, 100 vezes mais complicados que os do Rio de Janeiro, sem ter o mínimo de condições de trabalho. Isso eu acho que seria uma frustração para o presidente Lula e para mim também. Eu acho que ele viu isso de boa forma, eu vejo exatamente pelo lado contrário ao que foi levantado. Arrogância seria se eu ‘me achasse, Super-Minc’, tendo ou não tendo condições. Sem condições não se resolve.
Ele comentou a indicação de Jorge Viana para trabalhar na sua equipe:
“Eu acho que o Jorge Viana tem muito mais condições de ser ministro do que eu, já foi um governador de estado, conhece a Amazônia muito bem, tem trânsito com outros partidos. Até com o Fernando Henrique ele tinha bom trânsito”.
“Eu acho que ele (Jorge Viana) dificilmente faria parte da minha equipe, eu até propus que ele fosse o coordenador executivo, mas ele tem o plano Amazônia sustentável. De forma alguma, ele seria o que quisesse no ministério”.
“Eu vou falar com a Marina na segunda-feira (19), me encontrarei com ela, eu acho que ela foi a melhor ministra de meio ambiente da América Latina. Aliás, comprei uma roupa muito bonita para ela - blusa verde de seda crua - para dar de presente. Eu acho que mesmo se eu ficar 10 anos no governo, não vou conhecer metade da Amazônia do jeito que ela conhece.
“A experiência que eu pretendo transmitir é dialogar com os setores econômicos.
O que eu colocarei para o Lula é: isto está acima da minha capacidade, e eu pretendo trabalhar nas melhores condições, ainda mais por estar sucedendo a Marina, que é um exemplo nacional e orgulho de nós todos.
“O orçamento me preocupa. O saneamento está fora da questão do ministério, mas a principal causa de morte é água contaminada, poluição de rios e praias, é o esgoto. Quero que o meio ambiente participe de uma estratégia de saneamento básico nacional, eu vou levar para o Lula um plano adicional. Ainda que eles sejam tocados por ministérios da cidade”.
“Por exemplo, poluição industrial. Eu conversei com o presidente do Bndes para dar condições de crédito, tempo de pagamento e condições de empréstimos para as tecnologias que tenham um impacto menor sobre o meio ambiente”.
"São sugestões importantes que eu darei ao Lula para saber o que ele espera de mim e ver se realmente eu tenho as condições de trabalhar. Se eu tiver as condições administrativas, financeiras e políticas. E, mesmo tendo todas elas (as condições), eu não sei se conseguiremos resolver os problemas”.
“Qualquer brasileiro ser convidado pelo presidente para ser ministro é um motivo de orgulho; o Lula, ao me convidar, mostrou uma confiança e uma expectativa. Imagino que ele tenha planos para mim, e eu gostaria de conhecer com detalhes quais são esses planos”.
“Quero participar das equipes. Os nossos padrões de emissão (máximo admissível de poluentes atmosféricos) em relação a outros países da Europa. Hoje, os padrões do Rio são mais rigorosos que os do Brasil. Quero tornar esse parâmetro mais rigoroso e não menos rigoroso. Outra sugestão é também baseada no Rio, é chamado compensação energética, é para 100 MW de energia gerada , transformá-las em energias renováveis”, disse.
Carlos Minc disse que pretende ampliar as Arpa, áreas protegidas da Amazônia, “garantir a biodiversidade e fazer um mapa da Mata Atlântica’. Mas, em sua opinião, o centro da questão ambiental, no Brasil, é outro:
“Do ponto de vista do planeta, é a Amazônia, ela está no centro. Vou me cercar dos melhores profissionais. Também há outras prioridades, questões urbanas e industriais. Tecnologia limpa, plano de emissão, transformar lixo em energia, etc. Vou colocar com mais força esses problemas que são relevantes. Além da questão da educação ambiental, implantação nas escolas e universidades”. Sphere: Related Content
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