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terça-feira, 22 de novembro de 2011

BM&FBovespa acusa o golpe da concorrência



Autor(es): Daniele Camba
Valor Econômico - 22/11/2011
 

As ações da BM&FBovespa acusaram o golpe da concorrência à vista. As ordinárias (ON, com direito a voto) da bolsa passaram o dia em queda e fecharam em baixa de 4,44%, a segunda maior desvalorização dentro do Índice Bovespa, que caiu 0,79%, para 56.284 pontos.
Os papéis refletiram a notícia antecipada pelo Valor de que a bolsa americana Direct Edge está desembarcando no Brasil. Até 2007, era apenas uma plataforma de negociação eletrônica. Mas, desde então, funciona como uma bolsa de valores e já responde por 10% de todo o volume de ações negociado nos Estados Unidos.
Essa não é a primeira vez que uma bolsa internacional se mostra interessada em brigar com a BM&FBovespa pelo mercado brasileiro. No início deste ano, a também americana Bats Global Markets anunciou uma parceria com a gestora de recursos brasileira Claritas para montar uma bolsa no país.
Até agora, a BM&FBovespa tem uma situação bastante privilegiada, já que é o único ambiente de negociação tanto de ações quanto de derivativos. Não é à toa que recentemente o próprio presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse ao Valor que possíveis concorrentes internacionais são "oportunistas", dispostos apenas a "beliscar" um pedaço de um mercado em crescimento para depois ir embora.
O anúncio da chegada da Direct Edge explica o tom agressivo e incisivo de alguém tradicionalmente disposto a contemporizar, como é o caso de Edemir Pinto
Apesar dos planos iminentes dessas bolsas virem para o Brasil, ainda resta uma esperança para a BM&FBovespa que atende pelo nome de "clearing". Bats, Direct Edge e qualquer outra concorrente que queira vir pra cá terá que montar, além do ambiente de negociação em si, uma câmara de liquidação e custódia dos ativos.
Isso porque a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), única clearing de ativos, é da BM&FBovespa. E, segundo o próprio Edemir disse ao Valor, a CBLC não está disposta a vender os seus serviços a terceiros, pelo menos não no curto prazo.
Para os analistas, o fato de terem que montar uma clearing do zero, algo nada trivial, pode ser o grande obstáculo para essas bolsas virem de fato competir com a BM&FBovespa. "A CBLC é o que tem garantido que a BM&FBovespa continue nessa posição confortável", diz um analista. "O importante é saber até quando, pois já sabemos que a perda desse privilégio de reinar sozinha é uma questão de tempo", completa ele.
Ontem, perto das 17h, as ações do Fleury foram a leilão por conta de um negócio que envolvia quantidade superior à média negociada nos últimos 30 pregões, segundo apurou a repórter Ana Paula Ragazzi. Um investidor colocou à venda 1,871 milhão de papéis, a R$ 20, que movimentaram R$ 37,4 milhões. As ações giraram R$ 49 milhões, sendo que, na média diária de 2011, os papéis movimentaram R$ 4,4 milhões. O papel caiu 0,84%, para R$ 21,17.
Daniele Camba é repórter de Investimentos


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