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domingo, 7 de agosto de 2011

#PareBeloMonte Mobilização para manifestações contra Belo Monte e o Novo Codigo Florestal, e Pelas Florestas e povos do Brasil. Manifestações 20/08



Mobilização para manifestações contra Belo Monte e o Novo Codigo Florestal, e Pelas Florestas e povos do Brasil. Manifestações vão acontecer em todas as capitais brasileiras em 20 de agosto de 2011.





Povos ainda poderão ‘ir à guerra’ contra usina de Belo Monte

Publicado em 26 de julho de 2011
Por Xingu Vivo

Liderança da aldeia Boa Vista e componente do Movimento Xingu Vivo, a índia Sheila Juruna já comandou manifestações, deu entrevistas ao lado de um diretor cinematográfico americano e recebeu homenagens da Assembleia Legislativa do Pará (Diário do Pará, 26.07.2011).

Estudante da faculdade de geografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Altamira, ela divide seus dias entre a aldeia localizada em Vitória do Xingu e o município.

Referência do movimento contrário à construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, pelo qual diz lutar desde 1989, ela aposta na união dos povos indígenas na luta contra a construção do que ela chama de “monstro”. Mais ainda: diz que eles estão dispostos a ir à “guerra” para impedir a realização da usina.

Por que você se refere à Hidrelétrica de Belo Monte como um monstro?
Para nós, Belo Monte vem para destruir não só a questão ambiental, mas também culturalmente e socialmente. Então, tem todo um contexto histórico do nosso povo que vem sofrendo muito com esse desenvolvimento. Para nós, pela forma como o governo vem usando isso, o desenvolvimento vem para destruir. Ele [governo] não respeitam as populações locais. Nós do povo Juruna e os povos do Xingu já sofremos muito com invasões de território, expulsão. Há todo um contexto triste e de sofrimento.

O nosso povo já foi dado como extinto. Naquela época, quando os Villas-Boas criaram o Parque do Xingu, tiraram aquele grupo de 14 povos e os Jurunas foram um desses grupos que ficaram no Parque do Xingu. Com esse conflito, o nosso grupo que vivia ali para cima do [rio] Iriri, na localidade do Iucatã, foi expulso e fomos baixando o rio. O nosso povo sempre morou ao longo do Rio Xingu, por isso nós somos povos reconhecidos como Yudja, que quer dizer “o dono do rio”. Por isso defendemos o rio, porque consideramos o rio a nossa casa. Para nós, é dentro do rio que está o céu, então tem toda uma ligação espiritual. Há uma ligação muito forte do povo com o rio, e não só do povo Juruna. É de todos os povos que habitam essa região. E vai ser a tudo isso que esse empreendimento vai atingir. Nós temos consciência de que Belo Monte não vai ser só um empreendimento, vai ser apenas uma porta para outros que virão e que estão camuflados. Não tem cabimento acreditar que Belo Monte vai ser só uma barragem. E ela não vai gerar a energia que eles estão falando. Nós conhecemos o nosso rio, ele não é suficiente, ele seca. Se esse empreendimento fosse explicado em sua íntegra, ninguém nunca falaria a favor dele, porque tem muitas coisas escondidas ai.

Que tipo de coisas?
Muita coisa. Tudo é obscuro. Em primeiro lugar, a mentira de que fomos consultados, porque nós não fomos. A minha comunidade está em uma área que vai ser atingida diretamente por Belo Monte e até hoje o governo federal nunca fez as oitivas com as nossas comunidades. O que nós consideramos como oitiva seria uma audiência só com os indígenas atingidos por Belo Monte, com toda a diversidade que nós temos no Xingu. Nós temos nove povos só no Médio Xingu e esse povo está sendo desconsiderado. O Governo usa pequenas reuniões, usa as nossas fotos para divulgar por aí que fomos ouvidos e que todo esse processo está sendo legal.

Todos os povos, antes, falavam contra Belo Monte. Hoje, depois que a Funai fez acordo com a Norte Energia [empresa responsável pela implantação, construção e operação da hidrelétrica], os indígenas não querem mais falar com medo de perder as condicionantes. São medidas emergenciais e eu não aceito. Nós temos direito a muito mais do que isso. Antes de esse empreendimento chegar até aqui, nós já estávamos aqui lutando para ter pelo menos os nossos direitos. Para mim, o meu direito não é condicionante, é direito. E o governo está colocando isso como se fosse uma condicionante: a questão das nossas demarcações de terra e de uma saúde e educação de qualidade. Isso é direito nosso, então não aceitamos a forma como eles estão tratando isso e a nossa comunidade. Das 46 condicionantes indígenas, três começaram a ser feitas e não foram cumpridas na sua íntegra. Demarcaram a área da Volta Grande, mas a desintrusão não foi feita. Hoje, os povos da Volta Grande, os Araras, estão ameaçados de morte por causa dos conflitos agrários. Por que o governo não tratou essas questões antes de se instalar esse caos que está lá? Por que não foram tomadas providências para demarcar as terras antes? Hoje há quase uma cidade dentro das terras indígenas e eles vão ser obrigado a tirar.

Os agricultores também têm os direitos deles, não estamos negando isso. O grande culpado dessa história foi o próprio Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] que assentou essas pessoas nas terras indígenas, e hoje está lá uma guerra entre os indígenas e os agricultores. Tudo isso quem está causando é Belo Monte. Não admitimos que o governo venha, mais uma vez, massacrar o nosso povo. Hoje, nós, povos indígenas do Xingu, precisamos buscar apoio onde quer que possamos, porque essa luta não é só nossa. Não existe mais diálogo, nada foi resolvido. Só piorou a nossa situação. Se o governo federal continuar insistindo com Belo Monte, vai ter guerra ainda entre os povos.

Você acredita que ainda é possível barrar a construção da hidrelétrica?
É possível, porque se o governo não nos escuta através do diálogo, ele vai escutar da nossa forma. Qual é a forma que os povos indígenas têm de luta? É pintado para a guerra. Nós já estamos preparados para essa guerra porque eu não quero mais conversar. Eu não vou mais a Brasília. Nossa luta tem que ser agora no Xingu. Agradecemos todos que nos apoiaram no mundo todo, mas agora precisamos que todo mundo venha para o Xingu porque nós temos que defender o nosso rio lá. Nós não vamos abrir mão desse direito nosso porque nós não precisamos de barragem, nós não precisamos de empreendimento de destruição para ter o mínimo que nós precisamos, que são os nossos direitos garantidos.

A principal preocupação dos povos indígenas é de que o rio seque?
Sim, principalmente. Vão secar cem quilômetros do Rio Xingu, na Volta Grande. O paredão vai cortar a floresta, vai destruir a fauna e a flora e não é considerado impacto. É muito mais fácil ouvir o governo do que a população que está lá gritando há séculos e não está sendo ouvida.

O governo afirma que Belo Monte vai trazer um desenvolvimento econômico com a geração de 18 mil empregos para as comunidades atingidas. O que você acha dessa afirmação?
Não acredito. Para isso, poderiam ser desenvolvidas políticas públicas que é de obrigação do governo. Eu acompanho tudo em Altamira e não está acontecendo nada. Não há saneamento básico, não há hospitais. Haverá geração de emprego, sim, mas para essas pessoas vindas de fora. Vai gerar emprego, mas é muito provisório. E para as nossas populações menos preparadas, que não têm uma educação de qualidade e que não têm capacitação para isso? Como é que vamos ter a ilusão de que vai gerar emprego para nós, se o mínimo que eles poderiam garantir não garantem?

Então os prejuízos que a usina poderá trazer serão maiores que os benefícios?
Sim, porque os prejuízos que Belo Monte trará são irreversíveis, principalmente para o nosso povo, culturalmente. A Norte Energia não está prevendo como esse povo vai navegar. Vão fazer um paredão onde é o rio e a estrada deles é o rio. O que eles vão fazer? Estrada para derrubar mais floresta para ir para outro município chamado Belo Monte que vai ficar a mais de 70 quilômetros da aldeia? A comunidade não aceita isso, nós temos o nosso rio livre. A Norte Energia não tem proposta nenhuma quanto à questão do rio. Ele não vai continuar navegável. E os peixes e os animais? Vão fazer museu de animais depois que estiverem todos mortos? Não vai restar quase nada. Fora as coisas que não estudaram. Não há um estudo completo da água. Eles estudaram só os lugares que se interessaram. O rio Xingu não foi estudado de uma forma adequada para dizer como vai ficar a qualidade da água. O que nós sabemos é que vamos ter seis meses de água toldada. Os meus parentes Jurunas do Paquiçamba e os Araras da Volta Grande sobrevivem da pesca. Até agora nós estamos tendo os nossos direitos violados, principalmente sobre todos os acordos que o Brasil fez. Ele não está cumprindo nenhum.

Vocês conhecem o projeto da Hidrelétrica de Belo Monte? Tiveram acesso a ele?
Eles foram à comunidade, a equipe contratada pela Funai, para fazer o componente indígena, que seria um estudo socioeconômico da comunidade nas áreas que terão impacto direto, como a minha, para saber como nós vivemos hoje e como nós viveríamos se Belo Monte sair. Foi pedido para nós mesmos darmos alternativas, perguntando o que achávamos que era preciso para amenizar o impacto. Era uma coisa muito técnica. Nós, na minha comunidade, que estudamos, não entendemos, porque era tudo muito técnico o que eles apresentam lá. Muitas questões eram sem resposta. Eles mandam um técnico de uma área que não responde pela outra área. Então muita coisa sobre Belo Monte não está tendo resposta para a comunidade.

Tem algumas comunidades que nem falam português direito. Lá em Altamira são nove povos diferentes e cada povo tem a sua cultura, sua língua e sua devoção diferente. Os únicos povos que falam português fluentemente são o povo Arara, Juruna, Xipó e Curuara. Os outros não falam português direito. Como é que esse povo vai entender direito um processo desse? Se fosse para ser uma coisa com mais clareza, teria sido feito pelo menos na língua materna para que as pessoas entendessem. A Norte Energia fez um acordo com a Funai de atender às comunidades no que precisassem até que saísse o PBA [Plano Básico Ambiental]. O PBA não foi concluído ainda e já saiu a licença de instalação. Eles fizeram um acordo de R$ 30 mil por mês para cada comunidade, para serem atendidas. Com esse dinheiro, as comunidades começaram a pedir cestas básicas, combustível, que era encaminhado para a Norte Energia. O que está acontecendo atualmente é isso. É uma briga, porque a Norte Energia não consegue cumprir nem com essas coisas que eles estão prometendo, que são emergenciais.

Eles dizem que os povos vão ser remanejados para outras localidades. Vocês acham que isso não vai suprir as necessidades?
O que estão falando é que Belo Monte não vai atingir comunidade nenhuma, que isso não é impacto. Na região de Altamira, onde acontecerá o maior alagamento, serão 678 quilômetros quadrados de alagamento. Altamira vai alagar, em média, 14 bairros, onde tem, nas áreas de risco, a maioria de população indígena.

São 17 povos indígenas morando na cidade, desaldeados. Esses povos moram todos em área de risco, que será inundada por Belo Monte. Onde essas pessoas vão morar? Eles não estão assegurando nada disso. Por isso que as populações estão revoltadas. Mas eu acredito que há possibilidade de parar Belo Monte a partir da unidade dos povos.

Então vocês acreditam que não há como fazer Belo Monte sem impacto?
Não tem nenhuma maneira de se fazer Belo Monte. Ela não pode existir de maneira alguma. Não somos contra o desenvolvimento e nem contra a geração de energia, mas há outras formas de geração de energia. O que se gasta socialmente e ambientalmente com um empreendimento de barragem poderia ser transformado em pesquisas de outras fontes renováveis. Nós estamos prontos. Se o governo quer guerra, vai ter guerra.


www.xinguvivo.org.br

Plantadores de árvore por Belo Monte foram presos em Brasilia

Depois de liberados, manifestantes criaram capanha pela vida de pequena aroeira plantada no gramado do Senado em protesto contra a usina e mudanças no Código Florestal
Publicado em 03 de agosto de 2011
Por Xingu Vivo

Domingo dia 31 de Julho, um grupo de jovens que não concordam com a construção da usina de Belo Monte nem com o desmonte do Código Florestal Brasileiro plantaram três árvores no gramado do Congresso Nacional (copaíba, aroeira e ipê roxo, todas elas nativas do cerrado e protegidas por lei). O grupo não era grande, é verdade, mas tinha gente de todas regiões do Brasil.

Ficamos em roda quase o dia todo, cantando e dançando ao redor das mudas, e à noite, enquanto estávamos conversando com a imprensa, a Polícia do Senado (SPOL) veio de forma violenta, arrancou e matou as três mudas. Agindo assim, a SPOL cometeu um crime ambiental, por arrancar árvores nativas do cerrado protegidas por lei. Dois dos manifestantes que registravam os atos truculentos contra as árvores, foram agredido pelo policial que tentou arrancar as câmeras das mãos deles, danificando uma delas.

Segunda feira, primeiro de agosto, após dormirmos em nossos sacos de dormir na Esplanada, o tempo todo vigiados por viaturas policiais, acordamos bem e praticamos um pouco de Ioga. Passamos o dia, refletindo, fazendo música, jogando bola de meia no gramado em frente ao Congresso. Trocamos ideia; falamos de política, monocultura, cibercultura, contracultura, permacultura, sexo, drogas, rock’n roll, samba, coco, ciranda, maracatu, catira, Código Florestal, Belo Monte, 20 de agosto, liberdade, amor, respeito, e, sobretudo, Paz e Amor.

Passeamos com as mudas que ainda tínhamos conosco, demos água a elas, e até fizemos uma espécie de “marcha” com as mudas, passando em frente ao prédio cantando músicas que falam de paz e amor e improvisando refrões como:

“Vamos fazer festa pra defender floresta”
“Irmão Caiapó você não está só!”
“o Xingu é nosso irmão, devemos respeitá-lo”

A Policia Militar havia avisado que, se armássemos barracas, seriamos despejados “de um jeito bastante desagradável”. Não teve problema. Nas horas de sol alto, nos abrigávamos sob as árvores da Esplanada, À noite, nos protegíamos do frio ao redor do fogo e dormindo com os sacos de dormir juntinhos uns dos outros.

À noite, esses desconhecidos que se tornaram companheiros, esses companheiros que se tornaram amigos, esses amigos que viraram irmãos decidiam coisas em volta da fogueira. Ouvimos uns aos outros com respeito, construímos idéias juntos. Tínhamos que decidir como agir, resolvemos em consenso plantar quantas árvores fosse possível até que nos impedissem de alguma forma. E, fosse qual fosse essa forma, em hipótese alguma agiríamos com violência, pois não queremos ser como eles. Pelo contrário, estamos em Brasilia porque queremos deter a violência.

Terça feira dia 2 de agosto, começamos o dia em movimento. Um grupo voltou à delegacia da Polícia Militar para pegar o B.O. (Boletim de Ocorrência) que havíamos registrado no dia anterior contra a Polícia do Senado, pelo crime ambiental de arrancar árvores protegidas por lei (quanto às agressões, os cinegrafistas optaram por perdoar o policial). Enquanto isso, outros jardineiros da liberdade contatavam varias mídias, outros trabalhavam nas mídias alternativas (redes sociais, o blog, etc.) para divulgar que o plantio aconteceria a partir das 16 horas. Outros cuidavam da manutenção do acampamento. Outros protegiam as mudas.

Na hora combinada, jornalistas e polícias estavam presentes. Exatamente às 4h20 da tarde iniciamos a ação. Cantando, sentados em volta da muda, cavamos com as mãos. Um a um de nós. Na hora do ato, mais alguns jovens de brasília se juntaram a quem já estava ali desde domingo. Cada um ia tranquilo e reverentemente até junto da primeira muda e retirava um pouco de terra do solo. Entregamos ao solo uma jovem e simpática aroeira de espécie ameaçada de extinção. E, coletivamente, cobrimos de terra a cova da bebê aroeira.

A essa altura, estávamos cercados pelas polícias. A Militar chegou a levar um ônibus-camburão para o gramado. Sem falar ou combinar, entendemos coletivamente que, naquele momento, não ia ser a melhor idéia continuar plantando as demais mudas. Diante daquele tamanho contingente de policiais, da SPOL e PM, percebemos que tínhamos era que defender nossa irmã aroeira, essa única que já estava no solo. E não haveria de ser no grito nem na violência. Simplesmente permanecemos em círculo, sentados como indiozinhos (que alguns também chamam de posição de lotus) e em silêncio. Apenas mentalizando coisas boas, desejando ardentemente o bem e a vida (que alguns chamam de “vibrar boas energias”, outros de “oração silenciosa”, mas mesmo chamando de diversos nomes diferentes, era como se estivéssemos unidos num só Espírito).

Ao fim, fomos presos. Não resistimos à prisão. Pelo contrário, ficamos felizes, pois logo nossos irmãos policiais chegaram com quatro cones e fita zebrada e isolaram a mudinha, como quem quer preservar a cena do “crime”. Com isso, e com as lentes da imprensa em volta, pudemos ficar tranquilos que a irmã aroeira não seria assassinada e dormiria feliz em frente ao Congresso pelo menos até o dia seguinte.

O primeiro de nós que eles levaram, foi tratado com truculência: o típico procedimento de juntar vários policiais contra um, humilhar, torcer o braço, gritar no ouvido, algemar e sair puxando com força, numa tentativa de causar medo e raiva no restante do grupo. Não houve resistência, nem desistência. Permanecíamos sentados, em nosso estado de silêncio e serenidade (alguns, de olhos fechado, permaneciam em seu estado de meditação/oração).

Quando os irmãos policiais viram que mantínhamos a serenidade, desistiram do “camburônibus” e das algemas (sequer haveria algemas para todos), e passaram a pedir que nos colocássemos em fila indiana, meio que “acordando” um a um. Fizemos isso, pois a aroeira, pelo menos por hora, estava salva.

Fomos conduzidos assim para a delegacia que fica no subsolo do Senado. Foi lindo. O momento mais feliz desde o inicio do acampamento. Estávamos sendo presos por plantar uma árvore e conseguindo entrar em grupo no prédio do Parlamento. Entramos cantando nossos refrões bem alto para todo o prédio de onde sairá a decisão sobre o Código Florestal ouvisse.

No começo, os policiais que nos escoltavam tentaram pedir que nos calássemos. mas estávamos tão felizes e nos divertindo tanto que não conseguíamos. Pelo contrário, cantávamos ainda mais e mais alto. Desistiram de tentar mandar a gente ficar quieto.

Deputados de um partido de esquerda da minoria que votou contra o sucateamento do Código Florestal na Câmara vieram nos ver e ajudaram para que fôssemos liberados o mais rápido possível, a tempo de ver o maravilhoso finalzinho do pôr do Sol daquele dia.

A aroeira ainda estava lá. Viva. Pequenina, mas já grandiosa e respeitosa como aquelas que já são gigantes, centenárias, ancestrais, daquelas que parecem unir Terra e Céu (Infelizmente, devido à ação do homem, poucas aroeiras daquela chegam à idade adulta). Aroeira, símbolo de resistência no cerrado e na caatinga, como você é linda!

Depois de comemorar a prisão e a soltura, de alguns darem entrevistas, de ver o por do sol, nos reunimos ao redor do fogo em nosso acampamento. Pensávamos em ir pra casa, tomar banho, pois a missão estaria supostamente cumprida.

Mas depois pensamos: e se, na calada da noite, arrancarem a aroeira e a matassem como haviam feito com nossas outras três irmãs no domingo? E se no dia seguinte fizessem isso? Decidimos permanecer acampados defendendo-a. Para estar ao redor dela ou fotografar bem o rosto de quem viesse arrancá-la. Para no dia seguinte oficializar o pedido ao Senado para que a bebê aroeira possa permanecer no gramado do Congresso para sempre.

Outra parte do grupo foi a casas de irmãos do DF com acesso à Internet para contarmos essa História e convocarmos pela internet as pessoas a nos ajudarem a defender a aroeira e o direito que ela tem de viver, assim como também o têm cada indígena do Xingu e cada planta e animal ameaçados pelos planos ruralistas para o nosso Código Florestal.

Por isso anunciamos a campanha #FicaAroeira . Pedimos a todos os que concordam com a causa da Vida (biodiversa) que divulguem nas redes sociais, pressionem seus senadores pela permanência da vida da aroeira (e de tudo aquilo que ela significa). Pedimos reforços também para o acampamento. Reforços de pessoas dispostas a se juntar aos acampados, de ciberativistas para divulgar esse movimento plural e as bandeiras que defente. Mais instrumentos musicais, câmeras, comida (vegetariana de preferência) e modens 3G são bem-vindos.

Fica Aroeira, no gramado do senado, você é o símbolo da resistência viva, queremos você aí, em pé, como a floresta viva. Símbolo também da Liberdade, do direito de expressão, do direito de não se conformar covardemente com os abusos de poder por parte de psicopatas que parecem se sentir confortáveis mesmo sabendo que suas atitudes ameaçam a vida no planeta.

http://www.jardimparaliberdade.wordpress.com


Crescimento do Brasil ameaça povos indígenas
A constatação está em um relatório elaborado pela Anistia Internacional sobre índios em 12 países americanos. "O crescimento rápido do Brasil, a expansão do agronegócio e grandes obras aumentam o risco para os indígenas"
Redação ÉPOCA, com Agência Brasil

AMEAÇA "Os povos indígenas que lutam pelo direito constitucional às terras tradicionais continuam a sofrer discriminação, ameaças e violência. A situação é particularmente grave no estado de Mato Grosso do Sul", diz o documento da AI.

A Anistia Internacional (AI), organização não-governamental (ONG) que luta pelos direitos humanos, divulgou nesta sexta-feira (5) o relatório “Sacrificando Direitos em Nome do Progresso”, sobre os povos indígenas das Américas. O documento mapeia a situação dos índios em 12 países americanos, entre eles o Brasil, e aponta que os problemas relativos a essas populações são muito parecidos em todas as regiões analisadas.

"O crescimento rápido do Brasil, a expansão do agronegócio e a construção de grandes obras, como a barragem de Belo Monte [no Pará], aumentam o risco para os indígenas", disse o responsável pela pesquisa no país, Patrick Wilcken. A maior parte das questões apontadas pela Anistia envolve a expansão econômica e a manutenção das populações indígenas em seu território de origem.

Segundo Wilcken, há uma série de efeitos provocados pelo crescimento. "A ameaça não vem só do projeto em si, mas dos efeitos colaterais. Muitas pessoas migram para a região e aumentam as invasões a territórios indígenas por madeireiros e garimpeiros", disse. "Além da Amazônia, vemos isso no Centro-Oeste, como em Mato Grosso do Sul onde há expansão do setor sucroalcooleiro."

O relatório diz ainda que os "povos indígenas que lutam pelo direito constitucional às terras tradicionais [pela demarcação] continuam a sofrer discriminação, ameaças e violência". Segundo o documento, "a situação é particularmente grave no estado de Mato Grosso do Sul, onde comunidades Guarani-Kaiowá enfrentam perseguição constante de capangas contratados por fazendeiros locais".

O pesquisador, no entanto, reconhece que as condições de vida dos povos indígenas melhoraram bastante a partir dos direitos adquiridos na Constituição de 1988. Porém, para ele, a expansão da economia brasileira, nos últimos cinco anos, expõe os indígenas às situações de maior perigo em comparação à década anterior.

"A Funai [Fundação Nacional do Índio] não tem recursos suficientes para cumprir o seu papel", afirmou Wilcken, acrescentando que, no caso dos indígenas que vivem em fronteiras agrícolas, como no Centro-Oeste, é intensa a pressão e a influência dos ruralistas sobre os governos locais.

A Funai informou que seu quadro de servidores foi ampliado para 3 mil e que o orçamento de 2010, de R$ 423 milhões, foi o maior de sua história.

No relatório, a Anistia Internacional critica a "consulta ineficaz", por parte do governo brasileiro, das populações que serão deslocadas para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Segundo o pesquisador responsável pelo trabalho, o governo se posicionou com "tudo pronto às audiências públicas e só comunicou os indígenas sobre o que iria ser feito, sem engajá-los na decisão".

Em abril deste ano, o diretor de Licenciamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Pedro Bignelli, disse que “as comunidades que forem diretamente afetadas serão transferidas para locais onde possam manter condições similares de vida”. Ele também negou que elas "serão diretamente atingidas" pelas obras da barragem.

LH



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