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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Rafael Ilha prepara filme sobre seu passado com drogas e sobre sua recuperação


POR KAMILLE VIOLA

Rio - Se a vida de Rafael Ilha fosse um filme, seria daqueles que provocam revolta no público a ponto de alguém dizer: “Isso nunca aconteceria!”. Sua história vai do auge da fama com o grupo Polegar ao fundo do poço quando tentou suicídio, levado pelo vício das drogas, até a recuperação e o retorno à mídia. É esse roteiro de altos e baixos que Rafael decidiu colocar num livro e no longa-metragem, ‘Rafael, Um Anjo no Inferno’.

Sua trajetória começou quando estreou no meio artístico aos 9 anos, fazendo comerciais. Aos 12, entrou para o grupo Polegar, ‘boy band’ brasileira montada por Gugu Liberato, que pegava carona no sucesso dos porto-riquenhos do Menudo. No auge da fama, aos 17, Rafael namorou a atriz Cristiana Oliveira, nove anos mais velha e a beldade mais em alta da TV na época, como a Juma da novela ‘Pantanal’, da extinta TV Manchete.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Mas apesar do sucesso, o vício já o corroía. Ele usava drogas desde os 12, começou cheirando cola e benzina e logo depois veio a cocaína. Aos 15, já havia sido internado. Aos 17, foi afastado do Polegar e viu o namoro de quase um ano terminar. Aos 25, viciado em crack e vivendo debaixo de um viaduto em São Paulo, foi preso ao assaltar uma mulher para comprar drogas. Foram muitas as internações: ficou famoso o episódio em 2000, quando, internado e em crise de abstinência, engoliu pilhas.

Em 2008, outra polêmica: dono de uma clínica de reabilitação, ele foi preso, acusado de tentar internar uma mulher à força. No ano seguinte, tentou se matar cortando a garganta com um caco de vidro. O filme, acredita Rafael, é uma esperança para quem vive problemas com as drogas. “Não só quem usa, mas os pais dessas pessoas também”, diz.

Prestes a completar 38 anos, em março, ele atualmente é repórter do ‘A Tarde É Sua’, da Rede TV, apresentado por Sônia Abrão. Rafael trabalha na produtora dela, a Câmera 5, desde o início de 2010, quando saiu de sua última internação, depois de tentar o suicídio. “A Sônia foi me visitar na clínica com os dois irmãos, Elias, diretor do programa, e Margareth. Numa dessas visitas, fizeram a proposta para que, quando eu saísse, trabalhasse na produtora”, lembra.

Os projetos que contam a vida dele também estão ligados aos irmãos Abrão: Sônia vai escrever a biografia, a ideia do filme foi de Margareth, que colheu os depoimentos de Rafael num gravador, e a produção será de Elias. “Gostaria muito que o Daniel de Oliveira me interpretasse, ele é um ótimo ator”, sonha.

Rafael jura que não usa drogas desde 2000 e não bebe. “Só o cigarro não consegui largar”, lamenta. Com um filho de sete anos de um casamento anterior, Cauã, Rafael está noivo de Juliana, de 27 anos, sobrinha de seu psiquiatra, Aloisio Priuli. “Vamos morar juntos em maio e nos casar ano que vem”, planeja.

Depois de escapar por pouco de um fim trágico, ele arrisca um conselho para quem está no meio artístico. “Saber que é um mundo de ilusão: do mesmo jeito que você está em cima agora, depois pode estar embaixo. É um mundo muito frágil, sólido para poucos artistas”, diz. “Vi que o Fiuk acabou com a banda. Ele começou com uma banda, depois teve oportunidade na Globo, enchem a bola, e você começa a achar que não precisa de ninguém... Esquece que são poucos os que duram no mercado”, diz.




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