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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

#rio #news Moradora do Alemão acusa policiais militares de agressão


A consolidação da ocupação policial nas favelas do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro depende, segundo a própria polícia, de uma inspeção rigorosa em casas, becos, lajes e todo tipo de local que possa servir de esconderijo para armas, drogas e criminosos. A operação ‘pente-fino’, no entanto, acarreta um problema que põe em risco a boa relação que os agentes da lei tentam estabelecer com a população. O desgaste, em menos de uma semana, gerou 27 denúncias de abusos de policiais à Corregedoria Geral Unificada (CGU), que instalou um posto para atender moradores no 16º BPM (Olaria).

A mais grave até o momento é o caso da moradora L., de 32 anos, que acusa quatro policiais militares de agressão. Ela afirma ter sido estrangulada na tarde desta quarta-feira, durante a revista de um apartamento de seu pai, em um conjunto habitacional da favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão.

Um informante levou os policiais acusados, que estão lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar (Alcântara), à residência do pai da vítima, o aposentado R., de 65 anos. O apartamento serviria de esconderijo de dinheiro e ouro do tráfico. A abordagem truculenta foi testemunhada pelos dois filhos da vítima, ambos menores, uma irmã, de 36 anos, e uma sobrinha, de 11.

“Eles vieram aqui só procurar ouro e dinheiro. Se eu tivesse, estaria morando aqui?”, indignou-se o aposentado. “São ladrões mesmo. Estão querendo achacar os moradores, levar o que não temos”, acusou.

No momento da inspeção, o aposentado não estava em casa. Ao chegar, pouco depois, R. encontrou armários revirados, roupas e objetos pessoais pelo chão, teto rebaixado do banheiro desmontado. O apartamento é um modesto quarto e sala, cujo único luxo é uma televisão LCD de 42 polegadas.

“Só porque tenho uma televisão boa lá na sala e uma casinha arrumada? Não posso ter nada? Eu trabalhei. Tudo aqui tem recibo. Não é nada roubado”, esbravejou, aos prantos.

Investigação – Os quatro policiais depuseram na 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), no Méier, na zona norte, e confirmaram que inspecionaram o apartamento do aposentado. Eles negaram, no entanto, ter cometido agressões. A Corregedoria considerou inconsistente a denúncia para decretar a prisão dos agentes, que foram liberados e vão continuar trabalhando normalmente. L. será encaminhada para um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).

Outros casos – A maior parte das queixas de moradores diz respeito a arrombamentos e danos a móveis, com gavetas e armários quebrados ou abertos a força. Segundo informa a Corregedoria, a orientação para os policiais é agir sempre tendo o morador ou um vizinho como testemunha. Caso a casa tenha sido arrombada, pertences são reunidos, listados em um documento e entregues a um responsável que more nas proximidades – o escolhido deve assinar um termo de recebimento.

Nem sempre, pelo que indicam as queixas, o procedimento é seguido. Uma das ocorrências registradas na localidade Alvorada é do pastor evangélico Carlos Alberto dos Santos. Segundo ele, depois da inspeção, ficarm abertas as portas e janelas do tempo, que ficou vulnerável a invasão. “Quem vai tomar conta dos instrumentos musicais que guardamos aqui? Minha casa, aqui ao lado, também foi arrombada”, reclamou.

(Rafael Lemos, do Rio de Janeiro)




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