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domingo, 28 de novembro de 2010

#RIO #NEWS RJ desrespeita recomendação da ONU sobre efetivo nas ruas



28 de novembro de 2010 02h38



27 de novembro - policial vigia a rua Paranhos, uma das entradas do Complexo do Alemão . Foto: Reinaldo Marques/Terra

Só 5 das 41 áreas de batalhões do Estado obedecem a critério internacional, que recomenda pelo menos um PM para cada 250 moradores
Foto: Reinaldo Marques/Terra


A onda de ataques a carros, ônibus e vans registrada em diversos pontos do Rio de Janeiro na última semana evidenciou um problema no policiamento ostensivo do Rio: o déficit de contingente. A Organização das Nações Unidas (ONU) aconselha que haja um policial militar para cada 250 habitantes. No Estado do Rio, só 5 dos 41 batalhões estão adequados à recomendação.

Ainda assim, quatro dessas 5 unidades são centrais - 1º BPM (Estácio), 4º (São Cristóvão), 5º (Praça da Harmonia) e 13º (Praça Tiradentes) -, onde a população volante (não levada em consideração no cálculo) chega a ser maior do que a residente. A outra é o 29º BPM (Itaperuna). De acordo com especialistas, a ausência de PMs nas ruas foi facilitador aos ataques de incendiários. "A prioridade é consolidar o domínio das áreas conquistadas, como a Vila Cruzeiro. Mas o aumento do efetivo da tropa da PM será fundamental para que a sociedade conquiste um patamar civilizado. Sem dúvida, o reduzido número de PMs facilitou a vida dos criminosos", avalia o sociólogo José Augusto Rodrigues, da UERJ.

O 20º BPM (Mesquita), na Baixada, registra a pior relação policial por habitantes do estado: são 1.961,90 moradores para cada agente, numa área de atuação de 581,5 km², número quase 8 vezes maior que o recomendado pela ONU. No Leblon, há um PM para cada 337,06 pessoas dentro dos 21,5 km² cobertos pela unidade.

"O Rio precisa de melhoria urgente no policiamento ostensivo e de qualificação. Homens bem treinados e de bom nível, o que poderia até ajudar a evitar a corrupção", analisa Gilberto Velho, professor titular de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ.

A PM informou que, em julho, abriu concurso para contratar 3.600 PMs, mas não precisou se parte do efetivo reforçará batalhões de área ou se todos irão para a implantação de UPPs, onde a proporção de polícia por habitante recomendada pela ONU é cumprida em 11 das 12 unidades.

Violência
Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso. A partir de então, os ataques se multiplicaram.

Na segunda-feira, cartas divulgadas pela imprensa levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado. Na terça, a polícia anunciou que todo o efetivo foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Foram registrados 12 presos, três detidos e três mortos.

Na quarta-feira, com o policiamento reforçado e as operações nas favelas, 15 pessoas morreram em confronto com os agentes de segurança, 31 foram presas e dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) se feriram, no dia mais violento até então. Entre as vítimas dos confrontos, está uma adolescente de 14 anos, que morreu após ser baleada nas costas. Além disso, 15 carros, duas vans, sete ônibus e um caminhão foram queimados no Estado.

Ainda na quarta-feira, o governo do Estado transferiu oito presidiários do Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Eles são acusados de liderar a onda de ataques. Outra medida para tentar conter a violência foi anunciada pelo Ministério da Defesa: o Rio terá o apoio logístico da Marinha para reforçar as ações de combate aos criminosos. Até quarta-feira, 23 pessoas foram mortas, 159 foram presas ou detidas e 37 veículos foram incendiados no Estado

Na quinta-feira, a polícia confirmou que nove pessoas morreram em confronto na favela de Jacaré, zona norte do Rio. Durante o dia, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na maior operação desde o começo dos atentados. Os agentes contaram com o apoio de blindados fornecidos pela Marinha. Quinze pessoas foram presas ao longo do dia e 35 veículos, incendiados.

Durante a noite, 13 presidiários que estavam na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia. Entre eles, Marcinho VP e Elias Maluco, considerados, pelo setor de inteligência da Secretaria Estadual de Segurança, diretamente ligados aos atos de violência ocorridos nos últimos dias. Também à noite, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, assinou autorização para que 800 homens do Exército sejam enviados para garantir a proteção das áreas ocupadas pelas polícias. Além disso, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, anunciou que a Polícia Federal vai se integrar às operações.

Na sexta-feira, a força-tarefa que combate a onda de ataques ganhou o reforço de 1,1 mil homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército e da Polícia Federal, que auxiliaram no confronto com traficantes no Complexo do Alemão e na vila Cruzeiro. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a polícia permanecerá nas favelas por tempo indeterminado. A troca de tiros entre policias e bandidos no Complexo do Alemão matou o traficante Thiago Ferreira Farias, conhecido como Thiaguinho G3. Uma mulher de 61 anos foi atingida pelo tiroteio na favela e resgatada por um carro blindado da polícia. Foram registrados quatro mortos e dois feridos ao longo do dia. Um fotógrafo da agência Reuters foi baleado no ombro e hospitalizado.

Na parte da noite, o Departamento de Segurança Nacional (Depen) confirmou a transferência de 10 apenados do Rio de Janeiro para o presídio federal de Catanduvas (PR). Também à noite, a Justiça decretou a prisão de três advogados do traficante Marcinho VP e a Polícia Civil anunciou a prisão de sua mulher por lavagem de


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