28/11/2010 04h55 - Atualizado em 28/11/2010 05h51
Foi ouvido apenas um tiroteio à 1h da manhã, sem registro de feridos.
2.600 policiais e militares estão posicionados para ocupar o Conjunto.
(Foto: Thamine Leta / G1)
Prestes a ser ocupado por policiais e militares, o Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, teve uma madrugada de aparente calma neste domingo (28). O clima foi mais tranquilo do que o vivido durante todo o sábado (27), quando diversos tiroteios entre forças de segurança e traficantes foram registrados.
Por volta de 1h da manhã, tiros foram ouvidos na Estrada Itararé, próximo a um dos acessos à comunidade. Não há, no entanto, informações sobre feridos.
Por motivo de segurança, os moradores que deixaram o Conjunto mais cedo foram impedidos pela polícia de voltar para casa, segundo o tenente-coronel Waldir Soares Filho, do Batalhão de Choque da PM (BPChoque). Ele afirmou que a medida foi tomada pensando na segurança dos moradores: “Estamos fazendo isso até para garantir a integridade física dessas pessoas, para que elas não sejam confundidas com suspeitos”.
Operação conta com 2.600 homens
Cerca de 2.600 homens das Forças Armadas e das Polícias Militar, Civil e Federal se preparam para entrar no Conjunto de Favelas do Alemão a qualquer momento. Na tarde de sábado (27), veículos blindados avançaram à entrada da comunidade e mais de trinta suspeitos foram detidos e levados para uma delegacia da região.
A megaoperação de cerco ao local inclui 800 soldados paraquedistas, a tropa de elite do Exército, 200 fuzileiros navais, que transportam a tropa, 300 agentes da polícia federal e 1.300 policiais militares e civis do Rio. Ainda na tarde de sábado, blindados do Exército chegaram a entrar na favela, mas saíram pouco depois.
O relações públicas da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Lima Castro, afirmou que aguarda a rendição dos criminosos que estão escondidos no Alemão: "Esperamos que eles se entreguem", disse o coronel Lima Castro, citando a rendição proposta pela polícia aos traficantes que ainda estão na localidade. "Mas temos pouco tempo. É tática de guerra", completou.
O coronel afirmou que espera que os criminosos se rendam pelo cansaço, já que há controle de entrada de suprimentos básicos, como água e comida na comunidade. Ainda de acordo com ele, a tropa está preparada e aguarda apenas a ordem do comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, para dar continuidade à ocupação das favelas da região.
Refúgio na Igreja da Penha
(Foto: Carolina Iskandarian / G1)
O padre português Serafim Fernandes dividiu seu refúgio com um grupo de fiéis que procurou o Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Penha nos últimos dias, para fugir do tiroteio. O local é um dos principais alvos da polícia, que conta com a ajuda do Exército e da Marinha para prender criminosos. O padre garantiu que as missas deste domingo (28) estão mantidas.
Construída no alto do morro há 375 anos, completados agora em 2010, o templo pode ser visto de diversos pontos da Penha. Ele fica próximo à favela Vila Cruzeiro, uma das ocupadas pela polícia, principalmente, pelo Batalhão de Operações da PM (Bope). A onda de ataques no estado começou no domingo (21), com arrastões, cabines da polícia metralhadas e veículos queimados.
Alemão tem um dos piores indicadores sociais
O bairro do Conjunto de Favelas do Alemão é dono de uma da piores médias do Índice de Desenvolvimento Social (IDS) da cidade. O índice, calculado pelo Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura, mede o acesso a saneamento básico, a qualidade habitacional, o grau de escolaridade e a renda da população carioca.
Do total de 158 bairros do Rio, o Alemão ocupa a 149ª posição, com um IDS de 0,474. Quanto mais perto do número 1, melhor o índice. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano 2000, 65.026 pessoas vivem nos 18.245 domicílios do complexo, que é formado por 14 favelas, de acordo com o IPP. Deste total, mais de 15% das residências não contam com rede de esgoto.
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