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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Em nota, Jobim nega ter dito que colega de governo odiava os EUA


Wikileaks publicou telegramas entre embaixada americana e EUA.
Defesa admite divergência de visões, mas ressalta boas relações.

Do G1, em São Paulo


Nelson JobimNelson Jobim durante palestra (Foto: Arquivo/Iberê
Thenório/G1)

O Ministério da Defesa divulgou nesta terça-feira (30) que o ministro Nelson Jobim ligou nesta manhã para o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Samuel Pinheiro Guimarães, para negar as afirmações atribuídas a ele em telegrama da embaixada dos Estados Unidos divulgado pelo site Wikileaks. Nesta terça, Jobim cumpre visita oficial à Polônia.

Documento divulgado pelo site aponta que, numa comunicação oficial de 2008, o então embaixador dos Estados Unidos do Brasil, Clifford Sobel, relatou uma conversa com Jobim e disse que o ministro da Defesa brasileiro havia afirmado que Guimarães “odeia os Estados Unidos”. (Veja a íntegra do documento). À época, Guimarães atuava como secretário-Geral das Relações Exteriores, o segundo cargo na hierarquia do Itamaraty.

No telefonema dado ao colega de Esplanada nesta terça, Jobim esclareceu a Guimarães que conversou sobre ele com o embaixador, mas negou a afirmação do relatório e disse que o tratou com respeito. O ministro classificou ainda Guimarães como “um nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil”.

Segundo Jobim, “se o embaixador disse que Samuel não gosta dos Estados Unidos, isso é interpretação do embaixador, eu não disse isso. Samuel é meu amigo”, afirmou o ministro.

Adversário
Os documentos apontam ainda que o governo americano considera o Itamaraty como um adversário, com inclinações antiamericanas. Sobel diz em um dos documentos (leia a íntegra do original, em inglês), que “a atual administração de centro-esquerda tem evitado cuidadosamente uma cooperação próxima em assuntos policiais e militares importantes para nós e tem se mantido à distância na maioria dos assuntos relacionados à segurança”.

Em nota, o ministério da Defesa destacou que "as relações entre Brasil e Estados Unidos, tanto no âmbito diplomático quanto na área de Defesa, estão cada vez mais aprofundadas. No entanto, eventuais divergências entre as duas Nações tornam-se visíveis, à medida em que aumenta o relevo do Brasil no cenário internacional".

Divergências admitidas
O ministério admitiu, entretanto, divergências de visões entre Brasil e Estados Unidos, que foram expressas publicamente por Jobim em duas palestras recentes. "Na primeira palestra, em Lisboa, em 16 de setembro, o ministro protestou contra as mudanças de normas da Organização do Tratado do Atlântico Norte(OTAN), que potencialmente autorizaria a organização a intervir militarmente em qualquer parte do mundo, inclusive no Atlântico Sul", aponta o texto.

De acordo com a assessoria da pasta, Jobim avalia que isso poderia ser pretexto para os Estados Unidos intervirem com “verniz de legitimidade” quando não tivesse respaldo da Organização das Nações Unidas (ONU).

A segunda divergência manifestada por Jobim ocorreu, segundo o ministério, em reunião de ministros da Defesa na Bolívia, em 22 de novembro. "Jobim disse que o Brasil rejeita uma tese eventualmente aventada de que os Estados Unidos garantiria a defesa da América do Sul, e as Forças Armadas do continente passariam a cuidar de assuntos de Segurança, que hoje no Brasil são do âmbito policial", aponta o texto.





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