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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Meu reino (e as leis) por minha sucessora



Autor(es): Otávio Cabral
Veja - 19/07/2010

Lula ignora as seis multas que já tomou da Justiça Eleitoral, insiste em usar a máquina do governo para eleger Dilma Rousseff - e lega ao país uma "ética da contravenção". Não faltam subordinados nem políticos a mimetizá-lo

Emmanuel Kant e Luiz Inácio Lula da Silva não deveriam ser citados numa mesma frase. Mas o princípio universal básico do filósofo alemão morto em 1804 é de tal forma adequado aos tempos em que vivemos no Brasil que isso se torna justificável. Escreveu Kant em Metafísicas da Ética: "Aja sempre de acordo com regras que você gostaria de ver todas as pessoas racionais seguindo como se fossem leis universais". Lula tem feito exatamente isso, mas de uma maneira radicalmente oposta ao ensinamento moral do filósofo. A cinco meses de deixar o cargo, Lula pode ser considerado o presidente brasileiro que mais desafiou leis impunemente no exercício do mandato e quem mais bravateou contra o Judiciário e fez proselitismo contra a legislação do país. A sua regra foi seguida por muitos abaixo dele na hierarquia.

A desobediência lulista inclui as leis gramaticais e as naturais, com a subversão da geografia (o Mar Morto fica na Europa) e da física (a poluição dos países ricos chega até nós porque a Terra é redonda). Lula atropelou o princípio da não intervenção externa da Constituição brasileira (artigo 4°) ao se aliar a Hugo Chávez para tentar desestabilizar o governo de Honduras, ato em que feriu também a Convenção de Viena, cujo texto veda ao corpo diplomático de um país imiscuir-se em assuntos internos de outro. Ao agir por bandeiras, e não por princípios, Lula foi proativo adversário dos direitos humanos. Ele concedeu status de refugiado ao terrorista comunista italiano Cesar Battisti, mas mandou prender e devolver à ditadura castrista os boxeadores cubanos que tentaram se refugiar do comunismo no Brasil. Ainda em relação à ilha do Caribe, tachou de "criminosos comuns" os presos políticos em greve de fome cuja luta heróica e libertária seria reconhecida internacionalmente mais tarde por ação da Espanha e do Vaticano, graças a quem 52 deles foram libertados. Se dependesse de Lula, eles estariam ainda mofando nas prisões castristas e muitos teriam tido o mesmo destino do operário Orlando Zapata, morto depois de 85 dias de greve de fome.

Com o sinal verde para transgredir vindo de cima, os auxiliares de Lula nadam de braçadas no mar das ilegalidades, quebrando sigilos de adversários políticos. O sigilo fiscal foi devassado com ajuda de funcionários da Receita Federal. As informações foram repassadas à campanha de Dilma Rousseff. É desrespeito à legislação, que prevê a inviolabilidade de dados e estabelece a liturgia com que eles devem ser tratados por funcionários públicos. A marcha da insensatez vem desde o episódio do mensalão, no começo de seu governo, quando Lula se refugiou no relativismo ético para escapar das consequências do escândalo de uso de dinheiro sujo na sua campanha. Nos últimos meses, Lula tem se concentrado em zombar da Lei Eleitoral brasileira. O presidente já recebeu seis multas da Justiça Eleitoral por fazer campanha antecipada para Dilma Rousseff.



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