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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Megaterremoto afeta 2 milhões e mata ao menos 214 no Chile



Um dos terremotos mais poderosos da história sacudiu o Chile neste sábado, matando pelo menos 214 pessoas e afetando cerca de 80 por cento da população do país. O tremor derrubou prédios, devastou uma cidade portuária e gerou um tsunami ameaçador no Pacífico que viaja para tão longe quanto o Japão.

Prédios se incendiaram, outros ruíram e grandes pontes em estradas caíram, mas o número inicial de mortos é relativamente baixo para um terremoto muitas vezes mais poderoso daquele que arrasou o Haiti no mês passado, de magnitude 7,0, e que matou mais de 200 mil pessoas.

Em Concepción, maior cidade mais próxima do epicentro do tremor e onde vivem cerca de 670 mil pessoas, pelo menos 12 edifícios se incendiaram e equipes de resgate retiraram 22 pessoas dos escombros de um prédio de apartamentos de 15 andares que desmoronou. Até 200 pessoas estavam dentro do prédio e as equipes de resgate não têm certeza sobre quantas conseguiram escapar.

"Foi como se estivéssemos sendo chacoalhados dentro de uma caixa", afirmou Claudia Rosario, de 27 anos, recepcionista em Temuco, a 280 quilômetros ao sul de Concepción.

Um menino de oito anos e um idoso morreram na cidade argentina de Salta, no norte do país, quando um forte abalo subsequente derrubou paredes, afirmaram autoridades locais.

O terremoto de magnitude 8,8 foi sentido tão longe do Chile quanto São Paulo, onde o Corpo de Bombeiros recebeu dezenas de ligações de pessoas preocupadas.

"Veio em ondas e durou muito. Três minutos é uma eternidade. Ficamos preocupados de que estava ficando mais forte, como em um filme de Hollywood", afirmou a dona de casa Dolores Cuevas.

Em 1960, o Chile foi sacudido por um terremoto de magnitude 9,5, um dos mais fortes já registrados. O tremor devastou a cidade de Valdivia, matou 1.655 pessoas e causou um tsunami que atingiu a Ilha da Páscoa, distante 3.700 quilômetros da costa chilena. A onda continuou e horas depois chegou ao Havaí, Japão e Filipinas, matando mais 200 pessoas.

O terremoto deste sábado teve magnitude 8,8 e aconteceu às 3h34 hora local. Autoridades chilenas disseram que o número de mortos no Chile não deve crescer dramaticamente, apesar do tremor ser o quinto maior desde 1900.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos afirmou que o terremoto ocorreu a 115 quilômetros de Concepción a uma profundidade de 35 quilômetros. Um pesquisador da entidade afirmou que o relativo baixo número de mortos deve ser atribuído aos sólidos padrões de construção do Chile.

DOIS MILHÕES AFETADOS

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, afirmou que cerca de 2 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto e que a magnitude da catástrofe não poderá ser totalmente conhecida antes das próximas 48 ou 72 horas.

O evento abalou a infraestrutura do maior produtor de cobre do mundo e um dos países mais desenvolvidos e estáveis da América Latina.

"Este foi um grande golpe à infraestrutura do país, há grandes estragos em estradas, aeroportos, que estão agora paralisados. Houve danos em portos e também em moradias", afirmou o presidente-eleito do Chile, Sebastián Piñera, a jornalistas.

O terremoto suspendeu atividades em duas grandes minas do Chile e Bachelet afirmou que uma onda gigante invadiu as ilhas do arquipélago de Juan Fernández, onde está a ilha de Robinson Crusoé.

"Ele (terremoto) veio em ondas que ficaram cada vez maiores, mas deram tempo para as pessoas se salvarem", afirmou o piloto Fernando Avaria à emissora de televisão TVN por telefone a partir da ilha principal do arquipélago. Quatro pessoas morreram nas ilhas e 13 estão desaparecidas.

O administrador da região, Iván de la Maza, afirmou que a onda gigante invadiu 300 metros no interior do arquipélago.

Bachelet disse que moradores foram retirados de áreas costeiras da remota ilha chilena de Páscoa.

Enquanto isso, um tsunami invadiu a cidade portuária de Talcahuano, causando sérios danos nas instalações do porto e tirando barcos pesqueiros da água. Imagens de emissoras de televisão mostraram contêineres espalhados e ruas inundadas no porto, um dos mais importantes do sul do Chile.

Quinze horas depois do terremoto ter atingido o Chile, o tsunami chegou ao Havaí, onde moradores e turistas foram retirados de áreas baixas costeiras. O mar mudou de cor e recuou em algumas áreas, mas não houve sinais de ondas maiores e o Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico retirou o aviso de tsunami para as ilhas havaianas.

Apesar disso, o Japão emitiu alerta para ondas de três metros ou mais na costa norte do país e recomendou que os moradores se refugiem em terrenos elevados.

CAPITAL ABALADA

Santiago, a cerca de 320 quilômetros do epicentro, foi atingida duramente pelo sismo. O aeroporto internacional está fechado por pelo menos 24 horas uma vez que o terremoto destruiu calçadas e quebrou vidros de portas e janelas.

"Eu achei que tinha estourado um pneu... mas então eu vi a pista se movendo como se fosse um pedaço de papel e percebi que era algo muito pior", afirmou um homem que teve que abandonar seu veículo em uma ponte.

A Codelco, maior mineradora de cobre do mundo, suspendeu operações nas minas de El Teniente e Andina, mas não informou grandes estragos e divulgou que espera que as minas voltem a operar "nas próximas horas".

A produção também foi paralisada nas minas de cobre de Los Bronces e El Soldado, controladas pela Anglo American, mas a maior mina de cobre do Chile, Escondida, segue operando normalmente.

O Chile produz cerca de 34 por cento da oferta mundial de cobre.

"Minha casa foi completamente destruída, tudo desmoronou... foi totalmente destroçada. Eu e minha esposa ficamos presos em um canto e depois de horas eles nos resgataram", afirmou um idoso em Santiago.

Há falta de energia em partes da capital chilena. Serviços de emergência informaram que prédios nos quarteirões históricos de duas cidades no sul do país, construídos principalmente com adobe, foram gravemente afetados e uma rádio local afirmou que três hospitais desabaram parcialmente.

(Reportagem adicional de Helen Popper, Kevin Gray; Guido Nejamkis e Juliana Castilla em Buenos Aire





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