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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Chávez adverte oposição e reprime protesto em aniversário de golpe


Prefeitura tinha proibido a marcha opositora; presidente ameaça 'burguesia' contra qualquer tentativa de derrubá-lo

CARACAS


A polícia venezuelana reprimiu ontem com gás lacrimogêneo e balas de borracha centenas de estudantes universitários que tentaram marchar até a Assembleia Nacional em Caracas, desrespeitando a decisão da prefeitura da capital, que havia proibido o protesto dos opositores. A manifestação ocorreu durante as comemorações dos 18 anos do fracassado golpe liderado pelo presidente Hugo Chávez contra o governo de Carlos Andrés Pérez e coincidiu com um duro discurso do líder venezuelano, que pediu união pela revolução.

"Se nos buscam pelo caminho das armas, aqui estamos nós, com a espada de (Simon) Bolívar, dispostos a bater onde seja pela liberdade da Venezuela, pela revolução bolivariana, não se equivoquem conosco", disse Chávez. "Nem a burguesia venezuelana nem mil burguesias unidas poderão contra nós."

Opositores e partidários do presidente haviam convocado atos em Caracas para marcar a data de ontem - considerada por chavistas como o início da chamada "revolução bolivariana". A prefeitura justificou a proibição da marcha dos estudantes afirmando que o trajeto elaborado pela oposição coincidia em alguns pontos com a manifestação chavista. De acordo com o órgão, os partidários do presidente receberam a autorização porque entraram com o pedido antes dos opositores.

FERIDOS

O estudante Nizar el-Fakih afirmou que os jovens não queriam entrar em choque com simpatizantes do governo porque são contra a violência, argumentando que a manifestação era pacífica. Inicialmente, a marcha opositora tinha como destino a Assembleia Nacional, onde os estudantes pretendiam entregar um documento com propostas para resolver os problemas que vêm dominando o cenário político do país. Segundo os serviços de saúde da capital venezuelana, dezenas de pessoas ficaram feridas após a repressão da marcha.

O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, pediu ao governo da Venezuela que deixe de reprimir as manifestações da oposição. "Esta seria nossa mensagem ao governo da Venezuela: não reprimir, abrir espaço para ouvir o povo venezuelano", afirmou Shannon em Brasília (mais informações na página 16).

A marcha chavista tinha como destino o Forte Tiuna, uma base militar na capital onde Chávez participou de uma cerimônia no fim do dia, batizado pelo governo como o dia da "dignidade nacional".

"Os meses que estão por vir são de unidade", afirmou o vice-presidente, Elías Jaua, aos manifestantes. "Que o inimigo saiba que a força de Chávez e a força bolivariana estarão em cada rua, esquina e praça, combatendo em qualquer terreno." Ontem, Chávez empossou o general Carlos Mata Figueroa como novo ministro da Defesa e exigiu que ele continue construindo "as novas Forças Armadas socialistas e anti-imperialistas". Figueroa substitui Ramón Carrizález, que renunciou ao cargo e à vice-presidência no dia 25 "por razões pessoais".

O presidente ainda aproveitou a ocasião para condecorar oficiais que participaram da tentativa de golpe em 1992. "Soldados de todas as hierarquias, sintam-se hoje mais orgulhosos do que nunca do caminho percorrido", afirmou Chávez. "Estamos hoje comemorando 18 anos, povo e força armada unidos aqui, olhando para o passado, conscientes do presente e, sobretudo, comprometidos com o futuro, com a revolução socialista que começava em 4 de fevereiro." O presidente ainda fez uma previsão de que seu governo "chegará a 2030" e pediu a seus seguidores que consolidem seu projeto de revolução socialista.

Esta semana, Chávez comemorou o aniversário de sua primeira posse como presidente, em 2 de fevereiro de 1999, afirmando que "se o povo quiser", está disposto a governar por mais 11 anos para garantir as conquistas de seu projeto socialista.

AJUDA CUBANA

As comemorações do presidente ocorrem em um momento de crescente descontentamento popular com o governo por causa dos constantes racionamentos de água e energia elétrica.

Para auxiliar nos problemas de abastecimento de energia no país, Chávez designou o cubano Ramiro Valdes - ministro da Tecnologia e presidente do Conselho de Ministros da ilha - como líder de uma comissão técnica sobre o tema. A decisão foi altamente criticada pela oposição. "O que acontece é que quando os cubanos vêm, a fúria contrarrevolucionária imediatamente é desatada", afirmou o presidente venezuelano. AP, AFP, EFE E REUTERS

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