A família brasileira de Sean, 9, pretende lutar para obter direitos de visitação ao neto, que retornou aos Estados Unidos na véspera de Natal com o pai, o americano David Goldman. Nesta sexta (25), a avó materna do menino, Silvana Bianchi, voltou a afirmar que espera o apoio do governo brasileiro para assegurar o contato com a criança, porém, ela não descarta contratar um advogado americano para ajudar no caso.
"Se porventura eu não tiver o apoio do governo brasileiro, o que é absolutamente impensável, nós vamos contratar um advogado em Nova York", afirmou ontem, em entrevista concedida no Rio.
Felipe Dana/-25.dez.09AP |
Silvana Bianchi, avó materna de Sean Goldman, 9, mostra caderno do neto em entrevista coletiva no Rio na tarde desta sexta-feira (25) |
"Eu espero que os EUA deem a nós a mesma coisa que o Brasil deu ao David, é o mínimo que eu espero. Pra mim foi um golpe muito duro, mas assim que for possível a liberação da visita, eu vou", afirmou à Folha Online.
De acordo com ela, até ontem, a avó ainda não tinha notícias de Sean, que passou o Natal com o pai em Orlando, nos Estados Unidos.
Entretanto, Goldman afirmou que irá permitir que a família brasileira o visite. "Levará um tempo, mas não vou negar a eles que se encontrem", disse o pai, em entrevista à emissora americana NBC.
Sean tem uma irmã de um ano e cinco meses, filha da mãe Bruna Bianchi, morta em 2008, com o segundo marido. Segundo a avó, a irmã de Sean, Chiara, perguntou várias vezes por ele. Para a avó, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, foi "desumano" em sua decisão, que resultou na separação do menino da irmã.
"Moeda de troca"
Na opinião dela, o menino virou "moeda de troca" entre Brasil e Estados Unidos, já que a decisão de Mendes foi dada depois que o Senado americano suspendeu a votação de uma medida que estende por um ano programa de isenção tarifária que beneficia as exportações brasileiras. Depois que o retorno de Sean foi assegurado pela Justiça, o programa foi aprovado.
Em entrevista à emissora Fox News nesta quinta (24), o senador democrata Frank Lautenberg sugeriu uma relação direta entre a decisão do Supremo e o bloqueio comercial do qual ele foi autor. "Isso [a devolução do menino ao pai] não aconteceu porque fomos bonzinhos", disse ele. "Aconteceu porque nós decidimos ser duros e bloquear uma medida que daria ao Brasil o equivalente a US$ 2,5 bilhões em oportunidades comerciais." O Itamaraty nega qualquer relação entre os fatos.
Com a Folha de S.Paulo, em Washington
Sphere: Related Content