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Para se dedicar à função de síndico-geral do Parque Brasil, condomínio com 15 torres, seis mil moradores, situado num terreno de 60 mil metros quadrados, na Zona Sul da Capital, extensa área verde, duas quadras, cinco piscinas e 15 quiosques, dentre outros equipamentos dignos de um clube, o dentista Carlos Eduardo Antunes da Torre precisou reorganizar sua vida. “Tive de abdicar de alguns horários no consultório para poder cumprir o compromisso que assumi no condomínio”, relata. Síndico desde 2003, está no segundo mandato e considera fundamental, para o bom desempenho de suas funções, a atuação conjunta com os subsíndicos, os conselheiros e a administradora. Para ele, seriedade e respeito, além de honestidade, são indispensáveis para quem ocupa a função. “É o mínimo que as pessoas esperam.” Como concilia suas atividades de dentista e síndico? Tive de reorganizar minha vida e abdicar de alguns horários no consultório, para poder cumprir esse compromisso. Assumi no início de 2003, para um mandato-tampão de um ano e meio, e fui reeleito em junho de 2006. E o que significa comandar um condomínio desse porte? Já foi mais difícil, hoje está tranqüilo. Há um subsíndico e um conselheiro fiscal para cada edifício. Eu, como síndico-geral, também tenho um conselheiro. Se não fossem os subsíndicos, seria quase impossível administrar esse condomínio. São duas quadras, cinco piscinas, 15 quiosques e extensa área verde – tudo isso espalhado por mais de 60 mil metros quadrados. Para cuidar dessa estrutura temos cerca de 150 funcionários no total. Como é feita a gestão disso tudo? Sou responsável pela área geral, que cuida das portarias de entrada, do clube, da rua de lazer e dos respectivos funcionários. Além disso, há os serviços de vigilância, limpeza e varrição de toda a área do condomínio e os salva-vidas. É uma área bastante complexa, responsável pelos pagamentos. A atuação do subsíndico é restrita ao edifício, manutenção, pagamento dos funcionários ou da empresa terceirizada. Temos uma previsão orçamentária, e nela é determinado quanto cada prédio irá destinar com a área geral. E, em meio a tamanho gigantismo, como fica a inadimplência? Quando a multa mudou de 20% para 2%, houve um grande pico com inadimplência de quase 40%, algo absurdo. Hoje, está estabilizada em torno dos 15%. Alguns prédios têm mais, outros menos. Cada subsíndico possui sua forma de cobrar e de resolver a questão. No meu caso, consigo administrar bem os recursos que os prédios me repassam. Não convivo com a inadimplência, mas tenho de me preocupar porque afeta a todos. Quais as principais dificuldades ao longo da sua gestão? No início, tive dificuldades de todo o tipo, desde o relacionamento, principalmente com adolescentes, até a infra-estrutura e administração. Parte desses problemas foi resolvida por meio de diálogo. Eles não entendiam que o condomínio é casa de quase seis mil pessoas e tem regras a serem seguidas. Formei um Conselho de Jovens, que permitiu uma aproximação maior e funcionou muito bem durante um período, mas acabou desativado por desinteresse deles próprios. E as demais questões? Eu não tinha muita experiência, era tudo muito novo para mim. Mas hoje está tranqüilo. Investi em informatização, segurança, troca de iluminação, reforma da portaria e construção de duas praças. Outra preocupação foi com a área verde, pois temos muitos eucaliptos no condomínio, com altura de 30 a 40 metros. Recentemente, um deles caiu sobre o auditório, provocando apenas estragos materiais. Com autorização da prefeitura, conseguimos rebaixar os eucaliptos mais perigosos e minimizar o risco. Aproveitamos a madeira no calçamento de uma trilha ecológica que estamos concluindo. Também reformamos o auditório, que estava inacabado e servia de depósito de entulho. Hoje, o espaço é usado para reuniões, palestras e aulas. Existem atividades para os condôminos? Temos uma empresa que presta serviços de esportes e lazer para os moradores, com aulas de futebol, natação, jazz, judô, dança do ventre e capoeira. Os professores também acompanham um grupo de 45 pessoas da terceira idade, que faz alongamento e caminhada. É um grande benefício para os moradores. Quando assumi, ela já atuava no condomínio. Decidi mantê-la e incentivei outras atividades. Desde 2003, comemorações como Páscoa, Dia da Criança, Natal e Festas Juninas passaram a ser tradição. No mês de outubro, por exemplo, há uma programação especial para as crianças com torneio de futebol, distribuição de prêmios, medalhas, gincanas, e uma série de atividades que ajudaram a melhorar minha relação com os jovens. Como solucionar a questão do relacionamento entre as pessoas? Tento administrar da melhor forma possível, à base de muita conversa. Lançamos, em janeiro, um jornal mensal interno, no qual tentamos conscientizar os moradores sobre questões como convivência, respeito, dentre outras. Há aqueles que sabem viver em comunidade, e outros não. Além disso, nesse mesmo sentido, também criamos um site do condomínio. Minha maior contribuição foi serenar os ânimos. Quando assumi, encontrei uma situação inimaginável. Isso afetava o dia-a-dia do condomínio. Por conta da desarmonia, os apartamentos entraram num processo de desvalorização. Estamos tentando mudar essa concepção, por meio de uma campanha veiculada em nosso jornal. Os gestores têm como obrigação promover as melhorias necessárias no condomínio. E os moradores estão sendo conscientizados de que precisam valorizar seus imóveis. E as suas metas? Tentar melhorar o que não deu certo ou não está funcionando muito bem. Pretendo rever o projeto de reciclagem de materiais do condomínio, que funciona, mas não é maravilhoso e não conta com a colaboração de todos. Fiz uma enquete no site do condomínio para saber a opinião dos moradores, e a maioria se manifestou a favor da medida. A partir do ano que vem, vamos melhorar essa parte. Também quero reformar as calçadas. Como define sua administração? Vou usar palavras batidas: respeito e seriedade. Procuro tratar as pessoas com o máximo respeito possível, e acho que quando se está à frente de uma situação como a minha, a seriedade é algo que todos desejam ver. E honestidade também, claro. ContatoRua Bacaetava, 226 Tel: (11) 5092-3098 A caixinha de NatalCondomínio Parque Brasil, Zona Sul de São Paulo. Este é mais um daqueles gigantescos: 1.272 apartamentos, mais de quatro mil moradores. E qual é o problema?“No último ano teve uma caixinha muito fraca. Apenas um panetone e um champanhe”, conta outro. Maria Aparecida trabalha em prédios como este há nove anos. E não se esquece de um Natal muito especial. “O presente mais valoroso que eu ganhei foi uma máquina de lavar, que uma moradora me deu”, recorda-se. Como a de milhões de brasileiros, a rotina dela é sofrida, mas nada tira o sorriso de seu rosto. “Viver limpinho, com saúde, é o mais importante”, diz. “Só em estar empregada agradeço muito a Deus”. Com R$ 340 por mês, ela sustenta a casa e ainda faz economia. “Sou econômica pra chuchu. O 13º está na poupança”. Se depender do pessoal do prédio, o Natal de Maria Aparecida será gordo. Pelo menos para as câmeras, todos são a favor da caixinha. “Todo mundo tem que contribuir. É um prazer, somos muito bem servidos por eles”, diz um morador. Os funcionários mais antigos confirmam. O pessoal aqui é generoso. “Trabalho aqui há doze anos e todo ano tem caixinha”, confirma um porteiro. Além das caixinhas na portaria, a administração do condomínio vai dar uma cesta de Natal para cada funcionário. “Eles não têm noção que vão receber essa gratificação, até porque vão receber na semana que vem”, adianta Adriana Rabelo, gerente de condomínio. Ops! Agora com certeza eles já sabem... A regra para caixinha de Natal parece ser essa: “Você pode dar o que você tem condição”, opina um morador “Qualquer coisa já agrada. Até feliz Natal agrada”, comenta um funcionário. E quem sabe, com a caixinha, o sonho de Dona Maria fica um pouco mais próximo... “Eu tenho nove filhos. Eles sempre que se eu tivesse condições eles queriam um computador”. |
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