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domingo, 26 de abril de 2009

'Bairro português' em Montreal



Cravos vermelhos marcaram inauguração de bancos artísticos portugueses
A inauguração em Montreal de doze bancos artísticos portugueses, numa homenagem daquela cidade à comunidade lusa, foi feita no sábado com cravos vermelhos em vez do tradicional corta-fitas, em alusão à Revolução do 25 de Abril.

São doze bancos em granito instalados na área portuguesa da centenária alameda de Saint-Laurent, os quais incorporam frases de poetas portugueses e pinturas originais em azulejo criados por quatro artistas plásticos lusos a viver no Canadá.

A inauguração no sábado foi em ambiente de festa - no mesmo dia das comemorações dos 35 anos da Revolução dos Cravos - no Parque de Portugal naquela cidade canadiana, perante uma assistência de duas centenas de pessoas, de entre portugueses, luso-descendentes e quebequenses.

Apesar de inicialmente previsto, o presidente da Câmara de Montreal, Gérald Tremblay, acabou por não estar presente devido ao falecimento da mãe.

Em sua representação, o autarca português Luís Miranda, membro do Conselho Executivo da edilidade, elogiou o contributo dos portugueses à cidade, ideia reiterada no discurso da presidente do bairro do Plateau Mont-Royal, Helen Fotopoulos.

O embaixador de Portugal no Canadá, Pedro Moitinho de Almeida classificou o projecto como "um exemplo excepcional de multiculturalismo".

Por sua vez, a vereadora portuguesa Isabel dos Santos, que coordenou este projecto, salientou tratar-se de "uma obra colectiva que faz a ponte entre Portugal e o Canadá".

Entrados agora ao serviço, os bancos induzem, para já, mais à curiosidade e admiração dos transeuntes do que à vontade de se sentar.

"Acho muito bonitos e modernos. Dá orgulho ver que é da nossa terra e que está escrito em português e em francês. Oxalá que não haja ninguém que o estrague, porque é mal empregado!", comentou à Lusa Maria da Conceição, uma portuguesa residente na zona há 44 anos.

Ali perto, Alexandra Mendes, deputada no Parlamento federal em Otava convidada à cerimónia, manifestou estar encantada com o resultado.

"Este é um dos poucos projectos que realmente representa o que nós [Portugueses] somos, sem ser folclórico. Tem a nossa cultura, as nossas artes", disse.

Para o professor catedrático português de História de Arte da Universidade de Montreal, Luís de Moura Sobral, esta "proposta da comunidade portuguesa é radicalmente inovadora e parece estar já a servir de exemplo para outras propostas de comunidades culturais".

"Do ponto de vista estético, são obras que podiam estar em qualquer parte do mundo, inclusivamente em Portugal, exactamente com as mesmas características estéticas", apontou.

"Revejo-me como português nestes bancos tal como me revejo na obra dos criadores [portugueses] actuais, numa Paula Rego, Júlio Pomar e outros".

Bancos de rua artísticos, que aliam frases e arte contemporânea, foi forma final encontrada para concretizar a ideia de "bairro português", uma aspiração de há longa data da comunidade lusa de Montreal, pondo assim de lado uma demarcação geográfica à semelhança dos dois bairros étnicos (chinês e italiano) já existentes na alameda.

Ao projecto associaram-se, nomeadamente, professores, arquitectos, a própria comunidade e escolas portuguesas em Montreal.

As citações dos poetas gravadas na pedra dos bancos fazem um percurso histórico pela literatura portuguesa, do século XIII ao nossos dias, começando por D. Dinis, seguindo-se Gil Vicente, Luís Vaz de Camões, Padre António Vieira, Bocage, Eça de Queirós e Antero de Quental, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Natália Correia, José Saramago e António Lobo Antunes.

Este é o terceiro bairro étnico oficializado em Montreal, após o chinês e o italiano.

Lusa

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