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sábado, 22 de novembro de 2008

Reinaldo Azevedo e seu livro maravilhoso: “O País dos Petralhas”

“O Pais dos Petralhas”

Juro que eu não sabia qual posição tomar quando eu mesmo me propus a fazer uma espécie de resenha do livro “O Pais dos Petralhas”. Primeiro: conheci o Reinaldo através de circunstâncias extremamente estranhas: uma briga entre os dois blogs. Logo em seguida, uma enorme amizade, digo, enorme e uma empatia que já dura quase um ano.

Pior, ou melhor, eu mesmo pedi para que o Reinaldo me enviasse seu livro. Portanto, estou longe, muito longe de ser um desses “críticos imparciais” (coisa, aliás, que não existe!). Nos dois dias em que eu esperava o livro pela Fedex, de São Paulo para cá, NY, eu já sabia que iria adorar o que estava “ancorado” lá dentro daquele pacote. Simples. Adoro o que ele escreve.

E por quê? Porque leio o seu blog todos os dias. Além de ser direto e indireto (essa balança poucos conseguem, ou conseguiam, como Bernard Levin, Koestler, Francis) ele é sanguinariamente vil quando quer. Persegue e é perseguido.

“O Pais dos Petralhas” é um “must” absoluto pelo seguinte: seja o leitor de… (ai meu saco!) ‘esquerda’ ou de ‘direita’ (termos defuntos na minha opinião, hoje, em 2008): o livro é uma compilação de posts do blog e conta uma história “trágica” (a da política nacional brasileira sob o regime xenofóbico e desastroso do PT), e engracadissimo também.

Exemplo de um post: “WEIS NÃO É UM, MAS SETE (10/12/2007)

“…Lembram-se daquela passagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, a do “almocreve”? Weis vive implorando que eu lhe dê alguns trocados. Já fui tentado a jogar tostões em seu chapéu. Quando, no entanto, penso em sua figura diminuta, em sua constrangedora irrelevância, em sua arrogância sem lastro, em sua disposição para a serventia, em sua inclinação para lustrar os sapatos do poder – já que precisa ficar na ponta dos pés pra puxar o saco – ignoro-o. A exemplo de Brás Cubas, vou diminuindo o valor da esmola. Até que não reste nada.”

Essa passagem, tão ácida quanto quase todas, aparece na página 47.

Ou: “O marxismo é uma variante da preguiça… ” (do post Bodas Bárbaras, pág 99). “Os Discípulos de um Homem chamado Nair” ou “Estamos na Sarjeta” (pág 143)

-“Tenho aqui em mãos uma preciosidade. Trata-se do que poderia ser definido como a carta de princípios de uma estrovenga chamada “O Direito Achado na Rua”. Foi publicado pela editora UnB e elaborado pelo núcleo de Estudos Para a Paz dos Direitos Humanos. Paz? Si vis pacem para bellum, já ensinava o ditado latino. Se queres a paz, prepara a guerra”.

Pois! Reinaldo está em guerra permanente. Mas não é à toa: Seus inimigos, um governo sujo, corrompido, etc, parece estar ficando cada vez maior.

Sua crítica é ácido sulfúrico puro, mas… Mas? Sua base é a literária, a filosófica e a moral. Qual moral? Você irá perguntar. Difícil descrever, mas prefiro descrevê-la como sendo uma “moral matemática”, uma moral de senso refinadíssima. Melhor ainda: se formos investigar a fundo suas críticas, enxergaremos um ser humano doce. “O quê?”, pergunta algum leitor irado. Sim. Eu disse doce. O “ser” atrás da critica é um tremendo apaixonado. Isso transparece de forma quase nítida e nitzscheana em seus escritos. Doce sim, apesar de estar numa constante batalha.

O livro é imperdível! Eu, um confesso ignorante em política brasileira, estou me tornando um mestre depois dos posts diários de Reinaldo Azevedo. Esse livro é uma grandiosa amostra do que são esses posts. Se eu pudesse, faria uma enciclopédia de TUDO que ele escreveu ou tem escrito, pois assim como numa peça de Shakespeare, cada palavra um significado e um labirinto, cada labirinto, três séculos de significados. Reinaldo Azevedo é, sem duvida, o mais brilhante cronista político brasileiro. “O Pais dos Petralhas” é uma amostra compilada dessa mais que perfeita perfeição.

Gerald Thomas

September 21, 2008

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