Esquema se beneficiava com comissões de fabricantes, fazendo Estado fornecer remédios para pacientes falsos
Jair Aceituno, especial para o Estado
O delegado Fábio Pinha Alonso disse que as suspeitas da fraude começaram há 9 meses no município de Quatá onde existiam 15 pessoas com liminares ganhas para obter o medicamento e ficou comprovado que três delas não eram portadores da doença. O que mais chamou a atenção dos técnicos da Saúde e da própria polícia é que os médicos e advogados dos pacientes sempre eram os mesmos, o que indicava a possibilidade de um esquema montado.
A investigação, que incluiu escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e envolveu 50 policiais, revelou que os operadores do esquema utilizavam laudos que atestavam falsamente a doença das pessoas apontadas como pacientes e, ao obrigarem o Estado a comprar o medicamento, ganhavam comissões dos três laboratórios, cujos nomes não foram divulgados. O tratamento da psoríase é de longa duração, no mínimo dois anos, custa R$ 5 mil por mês a cada paciente e não faz parte do protocolo do Ministério da Saúde. Só é oferecido em casos excepcionais, com ordem judicial. As primeiras avaliações indicam que o golpe sangrou os cofres do Estado em R$ 63 milhões.
Os acusados serão formalmente acusados de formação de quadrilha ou bando, falsidade ideológica, falsidade em atestado médico e uso de documento falso. O delegado, que viajou a São Paulo no começo da tarde desta segunda-feira, 1, disse que ainda está investigando outros crimes e mais pessoas que podem estar envolvidas na fraude.
A Associação dos Portadores de Vitiligo e Psoríase do Estado de São Paulo foi fundada no ano 2000, com a finalidade de criar possibilidades de tratamento para os pacientes dessas duas doenças dermatológicas. O crime em apuração pela polícia é a fraude através da apresentação de pessoas sadias como doentes e a corrupção através das comissões pagas pelos laboratórios. Na tarde desta segunda-feira, 1, o site da entidade continuava na internet, mas seus telefones não atendiam. A sede está instalada em Marília.
Garra Rufa - nome da operação policial - é um peixe da Turquia que se alimenta da pele de pacientes portadores da psoríase.
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