Rússia promete apoiar independência de separatistas na Geórgia
Dmitri Medvedev promete proteger as duas províncias pró-Moscou, desafiando o governo americano
Agências internacionais
Num aparente desafio a Washington, o chefe de governo recebeu no Kremlin os líderes da Ossétia do Norte e da Abkházia, duas regiões pró-Moscou na ex-república soviética. Em Moscou, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, declarou que o mundo "pode esquecer essa conversa de integridade territorial da Geórgia".
A recusa russa em retirar-se da Geórgia e a reunião em Moscou aumentam o risco de fracasso de um acordo de cessar-fogo patrocinado pela União Européia (UE) para encerrar o conflito iniciado na semana passada, quando a Geórgia promoveu uma ofensiva militar contra a Ossétia do Sul. "Podem esquecer essa conversa de integridade territorial da Geórgia porque, creio eu, é impossível convencer a Ossétia do Sul e a Abkházia a aceitarem a idéia de que podem ser forçadas a fazer parte da Geórgia", disse Lavrov a jornalistas.
Medvedev afirmou que apóia a independência das duas províncias georgianas, desde que esteja de acordo com as determinações da ONU e com as convenções internacionais. "Vocês têm defendido sua terra e o direito está ao seu lado", disse o presidente russo. "Não só apoiamos como lhes damos garantias".
Em reação ao comentário do chanceler russo, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Dana Perino, disse a jornalistas que o governo Bush vê o comentário russo como uma "brincadeira" e que as autoridades americanas não darão atenção a ele.
Nova operação
Na Geórgia, forças russas permitiram que a policiais georgianos retomasse o controle da cidade de Gori nesta quinta-feira, enquanto os soldados aparentemente se preparavam para deixar a cidade. Porém, os oficiais cancelaram a ocupação três horas depois e a cidade voltou ao controle da Rússia.
A Rússia afirmou que seus soldados entraram em Gori, quase 24 horas depois de um cessar-fogo ter sido firmado, a fim de destruir equipamentos militares da Geórgia e assumir o controle sobre um depósito de armas abandonado pelos georgianos. Na linha de frente do conflito, o major-general Vyacheslav Borisov, comandante das forças russas, disse que a entrega da cidade prosseguiria. "O primeiro passo é a realização de patrulhas conjuntas pelo Exército russo e a polícia georgiana", afirmou o militar a jornalistas. "A idéia é fazer com que as pessoas comecem a regressar para suas casas."
O secretário do Conselho de Segurança da Geórgia encontrou-se com o comandante dos soldados russos que, um dia antes, haviam ingressado em Gori, localizada a 60 quilômetros da capital georgiana, Tbilisi. "Estamos tentando acertar uma retirada pacífica do Exército russo", disse a jornalistas Kakha Lomaia, secretário do Conselho de Segurança, antes de partir em um carro, junto com oficiais do Exército russo, rumo a Gori.
A Rússia lançou uma nova operação contra a Geórgia ao destruir as instalações militares e navais no principal porto comercial georgiano, Poti, no Mar Negro. O prefeito de Poti, Vano Saginadze, denunciou a "destruição" das infra-estruturas militares e portuárias em declarações à rádio estatal da Geórgia. Poti, que também possui um terminal petrolífero, está a apenas 70 quilômetros da fronteira com a região separatista da Abkházia. A Geórgia acusa a Rússia de romper sua promessa de cessar-fogo apesar de Moscou garantir que suas incursões em território georgiano se limitem a operações de "prospecção", já que suspendeu suas ações militares dois dias atrás.
Ameaça
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse nesta quinta-feira que uma coluna de tanques russos e outros veículos estava se movendo da Geórgia ocidental para a segunda maior cidade do país, e que forças russas controlam um terço do território georgiano. Falando à imprensa em um apelo para a comunidade internacional, o presidente disse que o comboio estava no meio do caminho, entre as cidades de Senaki e Kutaisi.
O primeiro-ministro georgiano Lado Gurgenidze afirmou que se trata de uma "grande coluna de veículos russos, mais de 100". Ele disse que o comboio saiu da cidade de Zugdidi, próxima à Senaki. "Não temos idéia do que eles estão fazendo lá, o porquê desta movimentação, e para onde estão indo", destacou o premiê.
(Matéria atualizada às 17h40)
Nenhum comentário:
Postar um comentário