14/08 - 12:18
Redação iG Música
Depois de uma década longe dos palcos brasileiros, João Gilberto quebra o jejum no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, onde acontecem nestas quinta e sexta-feira as duas primeiras apresentações pelo projeto de comemoração aos 50 anos da bossa nova, promovido pelo Itaúbrasil.
No entanto, os ingressos para os shows na capital paulista, que custavam entre R$ 30,00 e R$ 360,00, estão esgotados desde o dia 5 de agosto, quando foram colocados à venda via internet e telefone.
Mesmo com as dificuldades para concluir a compra, uma vez que devido à grande procura o site estava demasiado lento e os números de telefone sempre ocupados, os felizardos que conseguiram garantir seu ingresso já têm uma idéia do que vão encontrar. Meio século após a “invenção” desta nova linguagem musical, que do encontro perfeito da voz com o violão romperia a batida tradicional do samba e instituiria um novo formato de canto, mais falado.
Para acompanhar o “inventor” da bossa nova, uma cadeira de madeira, um violão, dois microfones, um tapete e duas caixas de retorno. João Gilberto dispensa cenários e mega-produções. O ar-condicionado da casa também segue as exigências do mestre baiano: estará no ponto que fique confortável tanto para o músico e para a platéia. Esta última deve contribuir com o silêncio, portanto, a dica é delsigar o celular antes mesmo do início da apresentação.
Mestre
Há cinqüenta anos na estrada com sua voz e violão, que mudaram o curso e estilo da música popular brasileira, João Gilberto ao vivo ainda é, na opinião de estudiosos e jornalistas dedicados a desvendar, entender e traduzir o fenômeno da bossa nova uma verdadeira experiência de vida, algo como uma “obrigação” do brasileiro.
“Há quem jure que João Gilberto não canta, apenas fale – inclusive a mesma canção, desde 1958; equívoco. Sem estridência, sua obra parece dar forma a um Brasil que se moderniza e se repete continuamente mantendo as contradições controladas. Inferir daí que João Gilberto esteja ultrapassado é uma idéia tosca. Sua obra artística permanecerá, materializando uma sociabilidade complexa: permanecerá oferecendo-nos a experiência de vivenciar um jogo em que sofrimentos e felicidades não se agudizam nem se anulam, mas convivem em tensão suspensa e em profundidade”, explica Walter Garcia, músico, jornalista autor do livro Bim Bom: a contradição sem conflitos de João Gilberto (Paz e Terra, 1999).
Para Carlos Calado, jornalista e autor do livro “Tropicália - A História de Uma Revolução Musical”, “dizer que João Gilberto faz sempre o mesmo show é uma bobagem semelhante a confundir chineses com japoneses ou coreanos. Mesmo quando canta e toca os já ‘cinqüentões’ clássicos da bossa nova, João é um intérprete avesso à repetição. Ele está sempre em busca de um novo detalhe na maneira de dividir os ritmos, de uma nova forma de entoar os versos das canções. Para se perceber essas minúcias é preciso estar muito atento, abrir os ouvidos. E, mais que tudo, deixar os preconceitos de lado”.
Próxima parada
Depois dos shows em São Paulo, João Gilberto segue para o Rio de Janeiro, para apresentação única em 24 de agosto. Os ingressos começam a ser vendidos nesta quinta-feira e custam até R$ 2.100 mil.
Em 5 de outubro, o “inventor” da bossa nova se apresenta em Salvador, Bahia. Para esta última aparição as vendas de ingressos se iniciam no dia 26 de agosto.
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