Wagner Gomes, O Globo Online, Diário de S.Paulo, SPTV
SÃO PAULO - O legista alagoano George Sanguinetti diz que os laudos periciais sobre a morte de Isabella Nardoni, de 5 anos, foram feitos às pressas e, por isso, sem fundamentação. Contratado pelo avô da menina, Antônio Nardoni, para analisar o trabalho dos peritos, Sanguinetti afirma que os laudos fazem várias afirmativas sobre a morte, mas não apresentam justificativas médico-legais. O médico contou que está com os laudos há 9 dias e que "o trabalho dos peritos foi direcional pela pressa de terminar logo e pela comoção social que o caso acabou tendo em todo o país".
Sanguinetti ganhou notoriedade após analisar os laudos no caso da morte de Paulo Cesar Farias e de sua namorada Suzana Marcolino, em 1996. O legista contestou a versão de que Suzana matou PC Farias e depois se suicidou, conforme conclui a investigação policial. O laudo assinado por Sanguinetti foi decisivo para provocar uma reviravolta no caso PC Farias. O Ministério Público requisitou uma nova perícia.
- No caso da menina Isabella, falta fundamentar o laudo, falta fundamentar a causa da morte. Esses laudos produzidos pela perícia não servem. Precisam ser substituídos ou melhorados, pois fazem afirmativas, mas não apresentam bases médico-legais que as justifiquem - afirma Sanguinetti.
Ele não quis entrar em detalhes, já que na próxima segunda-feira vai falar sobre o caso em São Paulo, mas dá a entender que vai questionar a esganadura que a menina teria sofrido, antes de ser jogada do prédio. De acordo com os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC), a menina foi asfixiada e depois arremessada, ainda com vida, pela janela do sexto andar do edifício da família, na Rua Santa Leocádia, na zona norte de São Paulo.
- A precipitação (queda da menina) foi real. Sobre a esganadura eu só vou falar na semana que vem em São Paulo - diz o legista.
O pai de Isabella, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, estão presos, acusados pelo assassinato. O Ministério Público acusa o casal Nardoni de homicídio doloso, triplamente qualificado, por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e por ter cometido um crime para encobrir outro.
- Quando se faz uma afirmação em peça pericial é preciso provar. Esse caso é muito complexo e eu vou questionar só o que posso esclarecer. Não concordo com a descrição e a interpretação do laudo - diz ele.
O legista afirma que convidou professores de universidades paulistas para ajudá-lo na análise. Sanguinetti diz que impôs à família Nardoni alguns pontos específicos para aceitar o caso, entre eles a liberdade total de trabalho.
- Não defendo, nem acuso. Para mim não interessa se houve ou não uma terceira pessoa na cena do crime -diz ele, acrescentando que vai preparar um parecer médico para apresentar ao juiz.
Antes mesmo de aceitar formalmente o convite para atuar no caso, Sanguinetti afirmou que os laudos são contestáveis.
Nesta terça-feira, o Ministério Público Federal enviou um parecer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) recomendando que o casal continue preso. O STJ negou liminar para libertação do pai e da madrasta de Isabella e vai julgar agora o mérito do habeas corpus.
Casal já começa a ser preparado para depoimento
Alexandre Nardoni, 29 anos, e Anna Caroliba Jatobá, 24 anos, começaram a ser preparados pelos advogados de defesa para prestar o primeiro depoimento à Justiça, marcado para a próxima quarta-feira, dia 28. Nesta terça-feira, os advogados iniciaram a preparação de Anna Carolina, que está detida no presídio feminino de Tremembé, no Vale do Paraíba.
O advogado Antonio Nardoni, pai de Alexandre, pretende provar que o casal é inocente. Alexandre e a mulher tiveram a prisão preventiva decretada no último dia 7. O casal, que hoje está em celas individuais de prisões de Tremembé, no Vale do Paraíba, foi hostilizado por outros presos em outras unidades por que passou.
Legista do caso PC Farias já contesta laudos da morte Isabella
Cristina Christiano, Diário de S.PauloSÃO PAULO - O legista alagoano George Sanguinetti, que contestou os laudos oficiais sobre a morte do empresário Paulo César Farias e de sua namorada, Suzana Marcolino, em 1996, afirmou que as conclusões da perícia paulista sobre o caso Isabella Nardoni não estão corretas. Há uma semana, Sanguinetti foi convidado pela defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá para revisar os laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo, que foram determinantes para a polícia e o Ministério Público pedirem a prisão preventiva do casal. Segundo o legista, quando a defesa do pai e da madrasta de Isabella o convidou, ele pediu um tempo para estudar os laudos.
- Não se trata de um laudo ou outro. Mas, sim, do conjunto de conclusões que precisam de um estudo maior - disse ele.
Sanguinetti afirmou que, se aceitar o caso, pretende ir a São Paulo discutir os laudos anexados ao inquérito sobre o crime com os peritos responsáveis. Segundo Sanguinetti, há muitas conclusões que não poderiam ser tomadas.
- O prazo para dizer se aceito ou não vence nesta terça-feira - disse o legista, que tem 35 anos de profissão e hoje é vereador em Maceió.
O advogado Antonio Nardoni, pai de Alexandre, afirmou que não concorda com os resultados dos laudos e a família pretende provar que o casal é inocente. Alexandre e a mulher tiveram a prisão preventiva decretada no último dia 7. O casal, que hoje está em celas individuais de prisões de Tremembé, no Vale do Paraíba, foi hostilizado por outros presos em outras unidades por que passou.
Sanguinetti é conhecido por sua atuação em casos polêmicos de grande repercussão. Em 1997, o laudo assinado por ele foi decisivo para provocar uma reviravolta no caso PC Farias, morto no ano anterior com a namorada Suzana Marcolino. Em razão disso, o documento oficial, apontando que o tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello havia sido morto pela namorada e que ela teria cometido suicídio em seguida, acabou desacreditado e o Ministério Público requisitou uma nova perícia.
Na época, Sanguinetti chegou a afirmar que o casal havia sido vítima da "máfia alagoana" e que os corpos foram arrumados na cama, de modo a dar uma falsa impressão de homicídio seguido de suicídio. O legista também criticou o médico que assinou o documento oficial, Badan Palhares, dizendo que "o laudo era uma ficção não-científica".
Outro caso polêmico foi o assassinato da procuradora de estado Denise Piovani, em 1996. O marido dela, o professor universitário Alcides Tomasetti, era apontado como o principal suspeito, mas afirmava que a mulher havia se suicidado. A família de Denise solicitou a Sanguinetti novo parecer e ele descartou o suicídio.
Legista contratado por família diz que vai apontar erros e corrigi-los
‘Se há erro, compromete o laudo’, diz o médico-legista George Sanguinetti.
Análise preliminar dos laudos será apresentada na próxima semana.
O médico-legista George Sanguinetti, que anunciou nesta terça-feira (20) ter aceitado o convite da defesa do pai e da madrasta para atuar no caso Isabella, afirmou que pretende apontar erros nos laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC) e corrigi-los. A apresentação à imprensa deve ocorrer em São Paulo na próxima semana.
“Se há erro, compromete o laudo. Eu devo respeito ético aos colegas, principalmente aos da necropsia. O laudo cadavérico direciona para um certo sentido que a boa medicina não pode aceitar”, afirmou ele, sem detalhar os supostos equívocos constatados nos laudos.
Para o legista, ao longo das investigações, foram feitas afirmações apressadas “talvez pelo tom emocional”. George Sanguinetti afirmou que, se uma nova reconstituição do crime for realizada, ela não precisa acontecer no Edifício London, na Zona Norte, onde Isabella foi morta.
“Eu diria que, se por ventura for feita (a reconstituição), não faremos necessariamente no local. Temos medição de tudo. Faríamos em uma situação que não chamasse muito a atenção”, disse ele.
Antes da apresentação da análise preliminar dos laudos, o especialista se reunirá com peritos criminais e médicos-legistas neste fim de semana na capital paulista.
Vereador em Maceió, George Sanguinetti é especialista em medicina-legal formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Ele é coronel-médico reformado pela Polícia Militar de Alagoas, ex-diretor do IML de Maceió e lecionou medicina-legal na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas por 32 anos.
“Temos recebido notícias positivas. Vamos esperar as considerações a respeito da análise dos laudos, feita pela equipe de peritos, para depois tomar uma postura: ou aguardar o julgamento do mérito (do pedido de habeas corpus pelo STJ), ou irmos ao Supremo (STF). Tem de ganhar força do ponto de vista técnico”, explicou o advogado Rogério Neres. Nesta semana, a defesa descartou entrar com o pedido de liberdade no STF Sphere: Related Content
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