Dyelle Menezes Do Contas Abertas |
No
Orçamento Geral da União (OGU) de 2012, aprovado pelo Congresso
Nacional no final do ano passado, Pernambuco é a unidade da Federação
que mais vai receber verbas do Ministério da Integração Nacional
(MI) para prevenir desastres naturais nos períodos de chuvas, a exemplo
do que aconteceu em 2011. A previsão é que o ministério de Fernando
Bezerra contemple o Estado com R$ 81,4 milhões este ano.
O repasse será realizado
pelo recém-criado programa “Gestão de Riscos e Respostas a Desastres”,
que tem dotação de R$ 2,1 bilhões, a ser executada pelo ministério das
Cidades, do Meio Ambiente, de Minas e Energia e de Ciência, Tecnologia e
Inovação, além do MI, que será responsável por 33,8%, equivalente a R$
701,8 milhões do total.
Três grandes ações
consomem os recursos autorizados pela Pasta para Pernambuco. A
principal, que conta com R$ 30,4 milhões do orçamento, prevê apoio às
obras preventivas de desastres na região Metropolitana de Recife. Para
dar apoio às obras de contenção do avanço do mar, também na região
metropolitana da capital, cerca de R$ 29,5 milhões estão previstos.
Outros R$ 10,8 milhões estão orçados para a ampliação do sistema de
macrodrenagem urbana da Bacia do Rio Timbó e da Bacia do Rio Paratibe.
Outro fato que chama a
atenção na descrição do orçamento é o cancelamento de R$ 4 milhões para a
construção da Barragem Serro Azul, o que segundo o ministro, não era a
intenção do governo federal, que nos próximos anos espera investir R$
500 milhões na construção de cinco novas barragens em Pernambuco. Além
disso, estão previstas obras de controle e erosão marítima e fluvial e
de apoio à prevenção de desastre em cidades como Caruaru, Abre e Lima,
Limoeiro, entre outras.
Em
entrevista coletiva na tarde de ontem (4), o ministro da Integração
Nacional, Fernando Bezerra, negou que o maior investimento no combate às
chuvas tenha sido destinado a Pernambuco por questão
político-partidária, já que foi secretário de Desenvolvimento Econômico
do Estado e estaria cotado para concorrer à prefeitura de Recife nas
próximas eleições.
O ministro afirmou que a
escolha dos Estados e municípios que receberam verbas de prevenção foi
feita por critérios técnicos, que avaliaram todos os projetos aceitos.
“Houve, por parte de todos os técnicos, análise para que pudéssemos
selecionar os projetos. O dinheiro é muito pequeno. Temos que selecionar
os melhores projetos”, completou.
Segundo Bezerra,
Pernambuco foi mais beneficiado porque apresentou os projetos mais
urgentes e a seleção foi feita com aval da Casa Civil da Presidência da
República e do Ministério do Planejamento.
“Pernambuco estava com
projetos prontos, porque teve um dos maiores acidentes naturais da
história deste país em 2010. Mais de 18 mil famílias foram desabrigadas
ou desalojadas, mais de 80 mil pessoas foram atingidas, hospitais,
escolas, pontes foram destruídos”, justificou.
Bezerra estava de férias
até a próxima segunda-feira (9), mas interrompeu a folga e voltou hoje a
Brasília, segundo ele, para acompanhar a situação das chuvas que
atingem a região Sudeste.
“Em função da
intensificação do quadro de chuvas, principalmente em Belo Horizonte, e
após conversar por telefone com secretário Humberto Viana (secretário
nacional de Defesa Civil), e com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa
Civil), tomamos a decisão de voltar a Brasília para checar todo o
trabalho que deixamos encaminhado”, disse.
O ministro disse que
continua no cargo e que ainda não é candidato à Prefeitura do Recife, já
que a decisão depende do partido dele, o PSB, e da coligação encabeçada
pelo PT.
Ações prevenção e resposta aos desastres em novo programa
Até o ano passado, as
ações do MI, relativas aos desastres naturais, eram acompanhadas,
principalmente, pelos programas “Prevenção e Preparação para Desastre” e
“Resposta aos Desastres e Reconstrução”. A partir deste ano, as
atividades associadas a este tipo de necessidade farão parte do programa
“Gestão de Risco e Respostas a Desastres”.
A nova caracterização das
ações de combate às chuvas atende à reclamação do MI, de que, apesar de
ter um programa com o nome sugestivo de “Prevenção e Preparação para
Desastre”, os recursos disponíveis para a Pasta não são o melhor
parâmetro para avaliar a distribuição de verbas para prevenção de
desastres naturais, porque, segundo o órgão, a maior parte do dinheiro
estava ligada ao orçamento do Ministério das Cidades, e não do
Ministério da Integração.
O fato ficou comprovado
na distribuição do programa, do total de R$ 2,1 bilhões previstos em
orçamento, o Ministério das Cidades ficou com a parcela de R$ 1,3
bilhão, enquanto a Integração Nacional é responsável por R$ 701,8
milhões.
Além das duas Pastas, o
ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (R$ 100,3 milhões), de
Minas e Energia (R$ 8,7 milhões) e do Meio Ambiente (R$ 200 mil),
coordenam as ações propostas para a rubrica, que visa promover a
prevenção de desastres com foco em municípios mais suscetíveis a
inundações, enxurradas, deslizamentos e seca.
O programa, por meio de
instrumentos de planejamento urbano e ambiental, pretende realizar o
monitoramento da ocupação urbana e implantação de intervenções
estruturais e emergenciais.
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Com carreira política feita no estado de São Paulo, Lula é o único presidente do Brasil nascido em Pernambuco
03/01/2012 Integração dá 90% da verba de prevenção a desastres para Pernambuco, Estado do ministro |
Dyelle Menezes Do Contas Abertas |
A
unidade da Federação que mais embolsou verbas do programa “prevenção e
preparação a desastres” em 2011 foi Pernambuco, Estado do atual ministro
da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que recebeu R$ 25,5 milhões. O
valor representa 90% dos quase R$ 29 milhões pagos em obras
iniciadas no ano passado. Se forem considerados os compromissos
assumidos em gestões anteriores, Pernambuco recebeu R$ 34,2 milhões.
Bezerra está cotado para disputar a prefeitura da capital do Estado,
Recife.
Duas obras responsáveis
por grande parte dos gastos foram assinadas pela presidente Dilma
Rousseff, em viagem ao município de Cupira (PE), no final de agosto. As
barragens de Panelas 2, em Cupira, e de Gatos, no município de Lagoa dos
Gatos, somam R$ 50 milhões em recursos já comprometidos desde maio. O
dinheiro está sendo liberado no decorrer das obras.
No ranking das unidades
da Federação que mais receberam recursos do programa, incluindo os
restos a pagar, o segundo lugar ficou com o Estado da Bahia, com R$ 32,2
milhões. São Paulo ocupa a terceira colocação com R$ 16,3 milhões
recebidos em 2011. Confira aqui a lista completa
O viés político já havia
ocorrido antes na Pasta. O antecessor de Fernando Bezerra, Geddel Vieira
Lima, utilizou a mesma lógica para fazer os repasses do Ministério da
Integração Nacional. Geddel, no entanto, não só privilegiou seu Estado, a
Bahia, como também deu preferência aos correligionários do PMDB. No
período, em que o pemedebista ocupou o cargo, 80,8% dos recursos foram
destinados a prefeituras baianas comandadas pelo partido.
O programa de prevenção
apresenta outro problema. Entre 2004 e 2011, o programa de “prevenção e
preparação para desastres” deixou de investir R$ 2 bilhões na tentativa
de minimizar de danos e prejuízos provocados por tragédias naturais em
todo o país.
O valor é a diferença
entre o orçamento autorizado para o programa e o que foi, de fato,
desembolsado. Entre 2004 e 2011, as dotações autorizadas somaram R$ 2,8
bilhões, dos quais apenas R$ 695,4 milhões (24,5%) foram aplicados(veja tabela).
Assim, de cada R$ 4 previstos em orçamento, cerca de R$ 1 foi aplicado.
Em 2011, o programa executou apenas R$ 155,5 milhões, correspondente a
30,6%, dos R$ 508,5 milhões previstos. Em valores constantes, a execução
de 2011 é a menor dos últimos três anos.
Nos últimos oito anos,
2010 foi o ano em que mais se gastou com prevenção. Naquela ano, foram
desembolsados R$ 167,5 milhões para atender estados e municípios em
ações preventivas a desastres naturais. A cifra, no entanto, representa
apenas 39,4% dos R$ 425 milhões autorizados.
Segundo o Ministério da
Integração Nacional (MI), responsável pelo programa, falta participação
dos estados e municípios no planejamento e estruturação de projetos que
permitam que recursos sejam aplicados de maneira correta. Neste ano, por
exemplo, somente os estados de Pernambuco e Santa Catarina encaminharam
projetos à Pasta, conforme informações do secretário-executivo,
Alexandre Navarro.
O ministério chegou,
inclusive, a editar cartilha “Convênios: Caderno de Orientações”, manual
que trata do planejamento da ocupação do espaço geográfico e à execução
de obras e serviços, principalmente relacionados com intervenções em
áreas de risco.
Contudo, o ministério
afirma que houve avanços no que diz respeito à prevenção de desastres no
país. Entre as melhorias está a transferência do Centro Nacional de
Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) para nova estrutura física
junto ao Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia
(Censipam).
O Cenad possui o objetivo
de minimizar os danos provocados pelas chuvas com o monitoramento dos
riscos. Apesar do novo espaço, a equipe continua a mesma que trabalhava
dentro do próprio ministério. Para resolver o problema, tem início já na
segunda-feira (2), as inscrições para o concurso público destinado a
contratação de 52 profissionais para 11 cargos efetivos. As áreas de
análise de sistemas, geoprocessamento, incêndios florestais, recursos
hídricos, telecomunicações, estatística, geologia, meteorologia e
química devem ser atendidas. Enquanto o concurso não acontece, estão
sendo recrutados servidores de outros órgãos para fortalecer a equipe do
Cenad durante o período das chuvas intensas nos primeiros meses do ano.
Outra novidade,
constatada a fragilidade do modelo operacional até então existente, foi a
instalação de instrumentos voltados para a transparência e controle de
gastos. Foi inserido o Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC),
elaborado em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) e
Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Segundo o ministério, os dados
vão constar no Portal da Transparência. O principal objetivo que deve
ser alcançado com a implantação do novo sistema é a celeridade no
repasse de recursos para áreas atingidas por catástrofes.
Apesar das medidas, no
começo do mês, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante,
admitiu que o governo não será capaz de impedir mortes por causa das
chuvas neste e nos próximos verões. Por outro lado, em entrevista ao
jornal O Globo, o professor da Coppe/UFRJ, Moacyr Duarte, especialista
em análise de acidentes e planejamento de emergências, afirmou que os
estudos poderiam ser acelerados se houvesse mais recursos.
Uma emenda da bancada de
São Paulo, no valor de R$ 31 milhões, objetivando a implantação de
reservatórios para contenção de cheias na região metropolitana da
capital do Estado, não foi liberada até o dia 19 de dezembro.
Outras Obras
Em reunião com o Contas
Abertas, o MI informou que outras obras, que não integram o programa
específico para prevenção a desastres, também podem ser consideradas
como preventivas. É o caso, por exemplo, da ação de implantação do
sistema de macrodrenagem na baixada Campista, no Estado do Rio de
Janeiro, que já desembolsou R$ 32,4 milhões, dos R$ 42,2 milhões
previstos. Também estaria nesta relação as obras de macrodrenagem em
Salvador, no Estado da Bahia, que utilizaram R$ 54,9 milhões (apesar dos
R$ 27,1 milhões orçados), até o dia 21 de dezembro.
As ações fazem parte do
programa “Drenagem Urbana e Controle de Erosão Marítima e Fluvial”, que
visa desenvolver obras de drenagem em consonância com as políticas de
desenvolvimento urbano e de uso e ocupação do solo.
Segundo o ministro da
Integração Nacional, Fernando Bezerra, cerca de R$ 271 milhões foram
investidos em diversas obras de prevenção, entre elas as contenção de
encostas. Além disso, medida provisória assinada pela presidente liberou
R$ 48 milhões para equipar as Forças Armadas, que também atuam quando
das calamidades. Ainda segundo o ministro, outros R$ 48 milhões devem
ser liberados até maio de 2012, com o mesmo propósito, para regiões
Norte e Nordeste.
Pós-calamidade: oito vezes mais
Fernando Bezerra disse
também que, este ano, o ministério deu ênfase às ações preventivas, o
que teria mudado a lógica de atuação governo. Porém, em termos
orçamentários, os recursos aplicados ainda não constatam essa intenção.
Os investimentos realizados no cenário pós-calamidade são 8,5 vezes
maiores do que àqueles aplicados no programa de prevenção a desastres
naturais.
A verba desembolsada na
rubrica “resposta aos desastres e reconstrução”, entre 2004 e 2011,
chegou a R$ 5,9 bilhões. Significa dizer que, a cada R$ 10 gastos com as
chuvas, R$ 9 servem para remediar e apenas R$ 1 para prevenir. (veja tabela)
O orçamento previsto no
programa, em oito anos, somou R$ 8,7 bilhões, dos quais 70,2% foram, de
fato, gastos. Outros R$ 1,2 bilhão estão como contas pendentes (restos a
pagar), aguardando quitação dos débitos.
Em 2010, foram destinados
R$ 2,3 bilhões a estados e municípios em ações de socorro e assistência
de pessoas afetadas por calamidades para prover o restabelecimento das
atividades essenciais e a recuperação dos danos causados pelas
tragédias. Em 2011, o total desembolsado (R$ 1 bilhão) ultrapassou o que
havia sido previsto (R$ 980 milhões).
O Estado do Rio de
Janeiro foi o que mais recebeu recursos, R$ 297,9 milhões de respostas a
desastres, possivelmente, por conta da grande tragédia que aconteceu no
começo de ano. Pernambuco também figura entre os que mais embolsaram no
programa de resposta a desastres, com R$ 94,7 milhões. Em terceiro
lugar, com recursos na ordem de R$ 78,7 milhões, ficou Minas Gerais, que
atualmente sofre com as chuvas de verão.
Outras Pastas
Além das obras previstas
nos programas da própria Pasta, o Ministério da Integração Nacional
afirmou que grande volume de ações relativas à prevenção de desastres
também se encontra no Ministério das Cidades. O Contas Abertas listou
algumas ações que poderiam fazer parte da relação, como, por exemplo, o
projeto de apoio à política nacional de desenvolvimento urbano, que
desembolsou R$ 484,1 milhões dos R$ 2,3 bilhões previstos.
As ações de apoio a
urbanização de assentamentos precários, de melhoria das condições de
habitabilidade de assentamentos precários e de prevenção e erradicação
de riscos ambientais e sociais, que juntas tinham orçamento autorizado
de R$ 2,1 bilhões, desembolsaram R$ 818,4 milhões até o último dia 21.
Os projetos integram o programa “Urbanização, Regularização Fundiária e
Integração de Assentamentos Precários”.
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