27/01/2012 - 20h09
PAULA BIANCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Atualizado às 21h11.
Bombeiros que trabalham nos escombros dos prédios que caíram no centro
do Rio anteontem (25) encontraram o corpo da 15ª vítima por volta 21h
desta sexta-feira. Ainda há ao menos 12 desaparecidos e as buscas continuam.
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As duas últimas vítimas, ainda não identificadas, foram localizadas em um local que seria o subsolo do edifício Liberdade, o maior dos três que caíram.
O secretário da Defesa Civil do Rio, coronel Sérgio Simões, informou que o 13º corpo foi encontrado pela Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) em um posto de descarte de entulhos.
"Não vejo como uma falha nossa, isso aconteceu em um momento crítico, com chuva, durante a madrugada, e o corpo estava em muito mal estado", disse.
O entulho retirado do local do desabamento está sendo levado por caminhões até uma área no píer Mauá, no centro do Rio. No local, funcionários da Comlurb fazem a triagem do material antes dele ser encaminhado para um terreno na rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), que está à disposição da perícia.
Parte do entulho chegou a ser levado direto para o aterro de Gramacho, mas o material foi transferido para o terreno da Comlurb, segundo a companhia.
Juca Varella/Folhapress | ||
Máquinas descarregam entulho de prédios trazidos por caminhões no píer Mauá, no Rio; veja mais imagens |
Até as 12h, já haviam sido removidas 30 mil toneladas de entulho --cerca 60% do total, pelos cálculos da Defesa Civil.
Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel Ronaldo Alcântara, os objetos pessoais e documentos que estão sendo encontrados entre os escombros são entregues à Polícia Militar.
Ele disse que também já foram recolhidos cofres que pertenceriam a empresas de contabilidade que funcionava no local e que tiveram que ser tirados com guinchos, além de caixas eletrônicos da agência do Itaú que funcionava no local.
Até a noite de hoje, seis vítimas haviam sido identificadas: Cornélio Ribeiro Lopes, 73, Alessandra Alves de Lima, 29, Celso Renato Braga Cabral, 44, Moisés Moraes da Silva (idade não revelada), Margarida Vieira de Carvalho, 65, Nilson de Assunção Ferreira, 50.
Vanderlei Almeida/France Presse | ||
Bombeiros retiram corpo de uma das vítimas do desabamento no Rio, enquanto colegas apagam foco de incêndio |
Os três prédios localizados ao lado do Theatro Municipal desabaram por volta das 20h30. Os edifícios tinham 18 (Liberdade), 10 (Colombo) e 4 andares. O teatro não foi atingido, mas seu anexo, onde funciona a bilheteria, sofreu danos por causa dos escombros.
Devido ao trabalhos no local do desabamento, a avenida 13 de Maio --onde ocorreram os desabamentos-- permanece interditada. A avenida Almirante Barroso também foi bloqueada entre a rua Senador Dantas e a avenida Rio Branco. Já Senador Dantas funciona com mão invertida entre a Almirante Barroso e a rua Evaristo da Veiga.
Daniel Marenco/Folhapress | ||
Bombeiros e máquinas retiram escombros de prédios no centro do Rio à procura de vítimas; veja imagens |
Segundo o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) do Rio, não havia qualquer registro da obra que estava sendo realizada em dois andares do edifício Liberdade.
Sérgio Alves, sócio-diretor da empresa TO - Tecnologia Organizacional, afirmou que as obras realizadas no 3º e 9º andar do edifício não alteraram a estrutura do prédio, e que, por isso, não havia necessidade de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) assinada por um engenheiro.
O ajudante de obras Alexandre Fonseca, 31, que sobreviveu ao desabamento ao se abrigar dentro do elevador, confirmou também que não mexeu em pilares, vigas e lajes. A prefeitura afirma que os imóveis estavam em situação regular.
Vítima identificada hoje falava com marido no MSN quando prédio desabou no Rio
Do UOL*, no RioNa noite de quarta-feira (25), quando os prédios vieram abaixo, o marido de Alessandra Alves Lima, Victor Lima, foi filmado pela TV Globo. Ele procurava, desesperado, pela mulher.
Prédios desabam no centro do Rio de Janeiro
Foto 115 de 139 - 27.jan.2012
- Amigos e familiares de Celso Braga Cabral Filho, 44, uma das vítimas
dos desabamentos no Rio de Janeiro, acompanham seu sepultamento no
cemitério do Muruí, em Niterói (R). Na noite de quarta-feira (25), três
prédios desabaram no centro do Rio, deixando mortos e feridos Mais Juca Varella/Folhapress
“Eu estava com ela no MSN aí caiu. Eu liguei para ela e ninguém atendia, não consegui mais falar com ela. Eu vi a notícia e vim pra cá correndo. Ela não tinha saído, ela não se despediu, não falou nada, foi muito rápido”, disse. Alessandra era funcionária de uma empresa de informática instalada no edifício.
As famílias estão sendo atendidas em uma área reservada do IML e a reportagem do UOL não teve acesso aos parentes das vítimas.
Nesta sexta-feira (27), a Defesa Civil afirma que não trabalha mais com a possibilidade de encontrar sobreviventes no desabamento. As buscas, entretanto, continuam.
As equipes de resgate chegaram ao que acreditam ser o local onde estaria a maioria dos desaparecidos. “Conseguimos finalmente chegar na parte onde achávamos que teria o maior número de corpos”, disse Simões, se referindo à sala onde funcionários de uma empresa estariam passando por um treinamento em informática no horário do acidente.
Estado de choque
A faxineira Mariana Nascimento, 25, que é afilhada do casal Cornélio Ribeiro Lopes e Margarida Vieira de Carvalho, esteve hoje no local do acidente e afirmou que ficou em estado de choque quando soube da tragédia.Mariana já morou no edifício Liberdade --onde viviam seus padrinhos-- durante em curto período, em janeiro de 2003. Segundo ela, era possível observar rachaduras na parte externa do edifício, exatamente no vão que fica próximo ao prédio vizinho, que também desabou. “Existia uma lacuna entre os dois prédios e as rachaduras superficiais podiam ser observadas do lado de fora. O prédio vivia em obras”, relata.
Mariana conta que Cornélio era cearense e estava no Rio de Janeiro desde 1980. Ele morava no 20° andar e era zelador do prédio. Sua mulher prestava serviços em outro prédio da região.
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Imagem de 18.jan.2011 (esquerda) mostra local dos prédios (em
vermelho) que desabaram no centro do Rio de Janeiro no dia 26.jan.2012
(direita)
"Ela não queria faltar na aula"
Yokania Bastoni, 34, é uma das pessoas que participava de um curso de informática em um dos prédios que desabou e que ainda está desaparecida. “Ela faltou a semana passada inteira nesse curso e ela me disse que não deixaria de vir essa semana nem que fosse obrigada. Naquela noite [quarta-feira, 25] ela não chegou em casa e ninguém conseguiu falar com ela pelo celular. Aí a gente começou a vasculhar suas coisas e vimos que o curso era exatamente nesse horário, aqui no prédio", afirma Gelson Marcolino, 39, que se identificou como amigo da vítima."Ela conseguiu um emprego [na empresa TO Tecnologia Organizacional, dona dos andares que passavam por reforma e que são suspeitos de terem causado o desabamento] no meio do ano passado. Era uma das felicidades delas porque ela tinha perdido o pai e estava desempregada”, completou. “Estou muito triste, estou à espera de um milagre”, relatou. Segundo ele, a mãe de Yokania, que mora em Minas Gerais, veio ao Rio de Janeiro acompanhar os trabalhos de resgate.
GALERIA DE FOTOS: bombeiros carregam corpo de vítima
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