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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Equipes do Batalhão de Choque chegam à região da USP


08/11/2011 05h16 - Atualizado em 08/11/2011 05h16

Polícia deve cumprir ordem da Justiça de desocupar prédio da reitoria.
Após assembleia, estudantes decidiram manter ocupação na USP.

Do G1, em São Paulo
alunos usp (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Alunos da FFLCH, durante assembleia na noite
desta segunda-feira na USP.
(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Equipes do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) deixaram o quartel da corporação, na região da Luz, em São Paulo, por volta das 4h30 desta terça-feira (8), e chegaram 40 minutos depois à Cidade Universitária, onde alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) continuam dentro do prédio da reitoria, contrariando decisão da Justiça, que mandou os estudantes deixarem o edifício até às 23h da segunda-feira (7).
Os universitários decidiram em assembleia realizada na noite desta segunda manter a ocupação do prédio da reitoria. A decisão de cerca de 350 alunos ocorreu por volta das 23h, horário em que expirou o prazo dado pela Justiça para a desocupação do edifício.
Pouco após a decisão, os universitários passaram a atacar os jornalistas, arremessando paus e pedras contra eles, num tumulto que durou cerca de 10 minutos.
Um fotógrafo feriu um dedo e deixou o local para ser medicado. Um cinegrafista foi atingido por uma pedra e outro chegou a ser derrubado durante a confusão.
Uma comissão de comunicação do movimento lamentou a confusão. "Lamentamos qualquer atitude de agressão contra a imprensa", alfirmou um representante da comissão, que disse se chamar Eduardo.
A assembleia também rejeitou propostas levantadas durante reunião entre reitoria e integrantes do movimento, realizada na tarde desta segunda.
PM
Até por volta de 23h15, a Polícia Militar (PM) não estava posicionada no campus. A corporação tem desde às 23h de segunda-feira autorização para esvaziar o prédio ocupado pelos universitários.
Na tarde desta segunda, os estudantes da FFLCH ouviram as propostas feitas por dois representantes da reitoria, após reunião de mais de três horas, convocaram uma plenária para deliberar sobre elas.
De acordo com o professor Wanderley Messias da Costa, que representa a direção da universidade, a reivindicação dos alunos de revogar o convênio com a PM para fazer a segurança do campus está “fora de questão”.
Ele disse que a proposta era criar dois grupos de trabalho mistos (composto por alunos, representantes da reitoria e servidores) para “falar em aprimoramento de um policiamento comunitário no campus, com respeito aos direitos humanos” e outro para examinar os processos abertos contra estudantes e funcionários da USP. “Este grupo examinará os processos para avaliar caso a caso como será o procedimento.”
Para os representantes dos alunos na reunião, Rafael Alves, a proposta foi unilateral. “Nós vamos realizar uma plenária para avaliar as propostas que fizeram, mas elas não são suficientes para nós.” Segundo ele, o canal de diálogo com a reitoria permanece aberto. “Particularmente, acredito que [a proposta] não é uma coisa palatável”, disse.
Intervenção da PM
O prazo dado pela Justiça para a reintegração de posse da reitoria desde a madrugada de quarta (2) terminou às 23h desta segunda. Questionado se a PM seria acionada para desocupar o prédio, o professor Wanderley Messias disse: “[Se o prazo não for cumprido] A USP vai avisar à juíza que homologou o acordo”.
No sábado (5), uma reunião entre as duas partes e a magistrada ampliou o prazo de cumprimento da liminar, que terminaria às 17h de sábado, para esta segunda. “Se eles afrontarem a decisão da Justiça, assumirão os ônus dessa postura”, afirmou.
Já os estudantes dizem que as consequências de um eventual confronto com a PM serão atribuídas à direção da USP. “Se a polícia massacrar estudantes, a responsabilidade é do reitor, João Grandino Rodas, que trouxe a PM para o campus.”
Linha do Tempo da USP (Foto: Editoria de Arte/G1)
 

Radicais sem rosto

Autor(es): Paula Rocha
Isto é - 07/11/2011
 
 

Ligados à extrema-esquerda, estudantes que invadiram a reitoria da USP compõem um grupo pequeno, sem reconhecimento da UNE nem apoio de seus colegas de universidade

Eles nasceram na elite, estudam numa das melhores universidades do Brasil, usam roupas e tênis de marca, se dizem anarquistas e afirmam que defendem a causa operária. Os estudantes que lideraram as manifestações contra a presença da Polícia Militar no campus da USP (Universidade de São Paulo) nas últimas semanas compõem um grupo pequeno, movido por questões ideológicas ultrapassadas, mas capaz de gerar uma discussão de âmbito nacional. Munidos de paus e pedras, e com os rostos cobertos para não serem identificados, cerca de 50 jovens invadiram a reitoria da USP na terça-feira 1o, como forma de forçar o reitor, João Grandino Rodas, a retirar a PM da universidade. O protesto foi motivado pela repressão a três alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), pegos fumando maconha no campus. Quando seriam encaminhados a uma delegacia para assinar um termo circunstanciado, outros estudantes intervieram e a PM usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los. A ação truculenta da polícia serviu de gatilho para que os radicais colocassem em prática o movimento autointitulado Ocupa USP – Contra a Repressão. Na quinta-feira 3, a Justiça autorizou a reintegração de posse do prédio da reitoria. Mas eles decidiram manter a ocupação.

A principal reivindicação do grupo, coordenado por três correntes de extrema-esquerda – a Liga Estratégica Revolucionária – Quarta Internacional, o Movimento Negação da Negação e o Partido da Causa Operária (PCO) –, é a suspensão do convênio entre a PM e a universidade, firmado após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, baleado no estacionamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA) em maio passado. O episódio chamou a atenção da sociedade para a falta de segurança no campus e levou a reitoria da USP a pedir reforço no policiamento. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a iniciativa conseguiu reduzir significativamente a incidência de diversas modalidades de crimes na universidade (leia quadro). Esse argumento, no entanto, é desconsiderado pelos garotos mascarados. “O real objetivo da Polícia Militar na USP não é o de inibir crimes, mas sim de combater manifestações políticas e cercear o direito de expressão livre de estudantes e trabalhadores”, dizem os estudantes no Manifesto da Ocupação, publicado na internet. Além disso, eles também exigem que os processos administrativos movidos contra docentes e discentes da USP, devido a ocupações anteriores, sejam suspensos.

Apesar de fazer muito barulho, o grupo dos radicais não representa a opinião dos mais de 80 mil estudantes da USP. Na terça-feira 1o, alunos de diversos cursos realizaram uma manifestação pró-PM no campus, apoiada pelo Centro Acadêmico da FEA. “A presença da PM na USP tem apoio de 80% dos alunos da FEA e da Politécnica”, diz Thomás de Barros, estudante de economia e diretor de comunicação do CA da FEA. A postura dos radicais de extrema-esquerda é vista com maus olhos até mesmo entre aqueles que não querem a polícia atuando dentro da universidade. “Sou contra a PM no campus, mas também não concordo com a ocupação da reitoria”, disse um estudante de letras que não quis se identificar. A União Nacional dos Estudantes (UNE) declarou que não reconhece o grupo e que seu contato na USP é o Diretório Central dos Estudantes (DCE). O próprio DCE, também contrário à presença da PM, não apoia os radicais. “Infelizmente, um setor minoritário do movimento, derrotado na votação da assembleia de 1o de novembro, agiu de forma antidemocrática ao ocupar a reitoria, deslegitimando o debate feito no fórum”, declararam em nota.

Para o sociólogo Renato Cancian, autor do livo “Movimento Estudantil e Repressão Política”, a militância político-partidária, intensificada a partir dos anos 1970, acabou por enfraquecer o movimento estudantil, já que houve um completo distanciamento das demandas educacionais. “Os militantes partidários defendem uma agenda eminentemente política, enquanto os apartidários pregam a completa dissociação do movimento estudantil de questões políticas mais amplas”, diz Cancian. “E, na verdade, as duas agendas podem coexistir, desde que tenham equilíbrio.”  O especialista ainda defende a ideia de que a solução para a questão da violência no campus da USP deve incluir outras medidas além da presença da PM. “A USP deveria investir em mais iluminação e no treinamento da guarda universitária.” O orçamento em 2011 da USP é de R$ 3,6 bilhões, dinheiro que vem de impostos cobrados em São Paulo. Desse total, 85% vai para o pagamento de salários de professores e funcionários.

Colaborou Flávio Costa

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