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domingo, 25 de setembro de 2011

#SnowPatrol Open Your Eyes É a PORRA DO BRASILGoverno aplica somente um quarto da verba destinada aos quilombolas


24/09/2011
 
Lucas Marchesini
Do Contas Abertas
O programa Brasil Quilombola, principal ação do governo voltada para a população remanescente de quilombos, gastou muito pouco da verba prevista no orçamento de 2011. Até o último dia 12 de setembro, o programa teve execução orçamentária de apenas 25%, incluindo compromissos assumidos em exercícios anteriores, os chamados restos a pagar. Dos R$ 55,7 milhões destinados ao programa, apenas R$ 13,9 milhões foram desembolsados. Esta parcela da população recebe atenção especial do governo desde 2003, quando o programa foi criado, porém, a implementação da rubrica só ocorreu em 2005. De lá pra cá, quase R$ 100,0 milhões foram destinados aos quilombolas.
O Brasil Quilombola visa assegurar às comunidades remanescentes dos quilombos a propriedade de suas terras, desenvolvimento econômico sustentável, infraestrutura adequada para suas atividades, melhoria das condições de vida, preservação do Patrimônio Cultural Material e Imaterial e capacidade para exercer controle efetivo sobre as políticas públicas que lhes são destinadas.
Confira aqui a execução orçamentária de 2011.
Confira aqui a série história desde 2005.
Além do ritmo lento de desembolso, o programa enfrenta outro problema. Segundo o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cesar Peluso, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 3.239 deve ser julgada em breve. A Adin trata sobre a validade do Decreto nº 4.887, de 2003, que regula o reconhecimento das comunidades quilombolas. Na lei, as comunidades têm o poder de se auto-afirmar como remanescente de quilombo e assim entrar com pedido de posse da terra.
O critério de definição das comunidades é justamente o fato que incomodou o Democratas (DEM), autor da ação. O DEM acredita que o certo seria que ao entrar com pedido de reconhecimento fosse feita uma análise histórica e antropológica do grupo para que, então, o processo continuasse. “O DEM não é contra os quilombolas e sim contra a parte da lei que define os critérios para demarcação da área, resume o assessor jurídico do partido, Fabrício Medeiros.
Caso a lei seja julgada inconstitucional, o STF terá que definir desde quando a nova norma passará a valer. “Em regra, a decisão é retroativa”, afirma Medeiros. Se isso acontecer, todos os interessados nas ações que já ocorreram desde que a lei foi promulgada deverão entrar na justiça comum para resolver o problema criado.
Desde 2003, quando o decreto foi estabelecido, 467 mil hectares de terra foram desapropriados beneficiando mais de cinco mil famílias. Para tanto, segundo levantamento do Contas Abertas junto ao Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, entre 2005 e agosto de 2011, quase R$ 31 milhões foram aplicados para indenizações de benfeitorias e de terras aos ocupantes de imóveis demarcados e titulados aos remanescentes das comunidades. Desse montante, R$ 20 milhões foram desembolsados nos anos de 2010 e 2011. (veja tabela)
Esse dinheiro poderia retornar aos cofres públicos caso fosse decidido que a terra voltaria ao ex-proprietário. O antigo dono, então, devolveria o montante recebido como indenização. Outro fato relevante é que quase R$ 20 milhões foram gastos no processo de demarcação das áreas e essa verba não voltaria para a União (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Vale ressaltar, ainda, que atualmente, cerca de 28,7 milhões de hectares estão sob análise nas diversas etapas que compõe o processo de reconhecimento da comunidade quilombola. Os dados são do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O diretor de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, instituição responsável pela análise da Certidão de Auto-reconhecimento, Alexandro Reis, desqualifica o argumento usado pelo DEM. “A autodefinição como remanescente de quilombo não é um critério, mas sim a validação de um direito”, afirma.
Reis explica ainda que no processo de auto-afirmação a comunidade realiza uma reunião com todos os integrantes do grupo para que eles se reconheçam como remanescentes de quilombo. Em seguida, enviam a ata da reunião e informações históricas que fundamentem o pedido. A partir daí, é feita a análise histórica e antropológica para que o procedimento seja validado ou não. “Felizmente, nunca nós deparamos com um pedido mentiroso ou mal-intencionado. Todos os pedidos tinham correspondência com a realidade”, completa o diretor.










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