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domingo, 14 de agosto de 2011

FELIZ DIA DOS PAIS : As histórias por trás da fila do teste de DNA



Mulheres e seus filhos são maioria na sala de instituto que atende 70 famílias por dia

13 de agosto de 2011 | 23h 24

Paulo Sampaio - O Estado de S. Paulo

Exames de DNA para checar a paternidade de bebês exigem a presença na coleta de pelo menos duas pessoas - o pai e o filho. No Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), que é referência no Brasil, eles chamam o duplo comparecimento de "du". Quando vão pai, mãe e filho, o nome é "trio". No caso do analista de suporte Flávio Alcântara, de 38 anos, em que só ele apareceu, a expressão ideal seria "nada feito".

FILIPE ARAUJO/AE
FILIPE ARAUJO/AE
Minoria. Flávio é um dos poucos homens a ir ao Imesc

Flávio é um caso pouco comum nas cadeiras de plástico rígido da sala de espera que acomoda cerca de 70 famílias por dia. Há visivelmente mais mulheres esperando pais que não aparecem do que o oposto. O não comparecimento de uma das partes, segundo dados do instituto, é de 30% a 40%.

Enquanto aguarda pacientemente as "outras partes", entre as 9h30 e o meio-dia de quarta-feira, Flávio conta que sempre se sentiu constrangido, mesmo em família, de dizer que achava que o filho não era dele; mas agora que a avó materna pediu a guarda do menino e, em seguida, pensão alimentícia, ele já se permite até usar a palavra "corno" - sabendo que vai ser publicada no jornal.

"Há mais de um ano pago R$ 2 mil de pensão (ou 30% de seu salário). Não gasto isso com cada um dos meus dois outros filhos (de 7 e 3 anos, que teve em um casamento posterior)", afirma o analista, que diz ter namorado a ausente durante seis anos, há cerca de 15. Conta que eles já estavam separados quando ela apareceu grávida mas, mesmo assim, assumiu o filho, registrou e ajudou a criar. Agora, "como o garoto se bandeou para o lado da avó, não faço questão de continuar fazendo o papel de pai".

Não existe uma lei que determine o número aceitável para ausências de requeridos no Imesc. Alguns juízes dão até dez oportunidades; outros, depois de três já supõem a paternidade - ou a não-paternidade, se é a mãe que não comparece.

12 pais. A advogada Juliana Lugani, que assessora a visita do Estado ao instituto, poderia escrever um livro sobre as histórias que presencia. Diz que já houve casos de crianças com 12 supostos pais. "Já vi mulher traída que engravidou de outro, e chamou o primeiro para fazer o teste, sabendo que não era o pai, só para expô-lo nos mutirões que a gente faz pelo interior", conta.

Quem mora no interior não precisa vir à capital. A descentralização do teste abrange 11 cidades, entre elas Ribeirão Preto e Sorocaba, além dos mutirões. Para requerer o teste de paternidade, o primeiro passo é entrar com um pedido na Defensoria Pública. Ali, o requerente precisa provar que não pode arcar com o procedimento. Uma vez iniciado o processo, é preciso alguma paciência.

"Entrei com o pedido na defensoria há quatro anos. Já tinha até me esquecido", diz a auditora de vendas Leni Alessandra da Silva, de 26 anos, com o filho Flávio, de 7. Ela namorou o pai do menino por dois anos. Ele não apareceu para fazer o teste. Idem o ex-namorado da operadora de telemarketing Camila Araújo, de 27; ela afirma que a filha Ana Caroline, de 2, "nasceu de seis meses".

Antes que alguém pense que a quarta-feira foi um fiasco em termos de comparecimentos no Imesc, um dos poucos pais que ofereceram resignadamente o dedo para a picadinha topou conversar - sem se identificar. Casado, de 47 anos, outros quatro filhos, ele não nega que o bebê pode ser dele - mas, longe da mãe, de 30 anos, afirma que ela tinha outro amante. Ela parece ressentida: "Fez a bobagem, assume. Você tem dúvida de que ele é o pai? Olha os cílios dela..", diz, levantando o rosto da menina.

Maria Luiza Salum, de 54 anos, há 8 responsável pelo núcleo de coleta e controle de qualidade, reponde também pela manutenção da civilidade no local. Se alguém começa, por exemplo, a dar socos na mesa, ou a gritar, ela pede ordem no recinto. "Tinha gente que achava que aqui era o programa do Ratinho." Para garantir o rigor no resultado, o instituto relata todo o processo na chamada cadeia de custódia - desde a chegada do "du" ou "trio", seu registro e mútuo reconhecimento, até a aferição.

De saída do Imesc, Flávio diz que agora depende do humor do juiz. É ele quem deve decidir se a mãe do garoto vai ter outra chance. "Se o juiz acordar virado no dia da decisão, ferrou."


21/10/2006 - 08h00m

FILHA DE PELÉ QUERIA VER O PAI NO HOSPITAL, DIZ MARIDO

Em entrevista ao G1, genro de Pelé afirmou que a esposa manifestou esse desejo durante internação na UTI



Ardilhes Moreira, do G1, em São Paulo


Foto: Divulgação
Sandra Arantes entrou na Justiça em 1991 para ser reconhecida filha do Rei

Dias antes de morrer de câncer de mama, a vereadora santista Sandra Arantes do Nascimento manifestou a intenção de ver o pai, Pelé. O pedido foi relatado ao G1 pelo viúvo de Sandra, o pastor evangélico Oséas Felinto. Pelé não visitou a filha de 42 anos no leito. Não participou do velório. Não foi ao enterro. Preferiu mandar uma coroa de flores, em nome das Empresas Pelé

Quando Sandra expressou o desejo de encontrar o pai com o qual tinha uma relação difícil, estava internada e consciente no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Beneficiência Portuguesa, em Santos, a 85 km de São Paulo.

"Neste momento, Dona Anizia (Machado, mãe de Sandra) tomou uma atitude que nunca tomou, nunca pediu nada. Falou com a Lúcia, irmã dele. A Lúcia disse que ia falar com ele", contou Óseas. O viúvo lembrou também que uma assessora de Sandra também ligou para Pelé.

"Eu gostaria tanto de saber o que ele pensa", disse o pastor, enquanto se preparava na sexta-feira (20) para viajar a Curitiba com os filhos. É na capital paranaense que a família vai tentar se recuperar.

Distância dolorosa
Uma batalha judicial que durou seis anos criou um abismo entre Pelé e Sandra. Em 1996, ela foi reconhecida como filha, na Justiça, mas a relação continuou distante. A irmã de Pelé, Maria Lúcia do Nascimento Magalhães, afirma que eles só se encontraram duas vezes depois do fim do processo. O marido de Sandra ofereceu outra versão: pai e filha só teriam se visto nos tribunais mesmo.

Na quarta-feira (18), durante o velório, a sobrinha do ex-jogador Daniele Nascimento disse que o tio ficou chateado com o fato de Sandra ter procurado a Justiça antes de ter se entendido com ele. Daniele relatou também que Pelé também teria se afastado por causa da repercussão que a imprensa deu ao caso na época.

Maria Lúcia, irmã de Pelé, disse que houve uma supervalorização da história e que há detalhes que passaram despercebidos. Ela chegou a dizer durante o velório que ele teria perdoado a filha pela forma como o processo foi conduzido e que uma aproximação entre os dois seria inevitável. De fato, nos últimos anos, houve uma aproximação entre Sandra e parte da família de Pelé. Sandra e o marido chegaram a participar de orações pela libertação do meio irmão Edson Cholbi dos Santos, o Edinho, preso por associação ao tráfico de drogas.

Motivos

Para psicólogos e especialistas em terapia familiar, a aproximação entre filhos e pais depende da forma como as pessoas envolvidas tratam o assunto desde a infância. A professora e psicóloga Magadalena Mercedes Ramos, coordenadora do Núcleo de Casal e Família da USP, diz que é comum filhos, principalmente adotivos, terem problemas ao saber a identidade dos pais biológicos. Segundo ela, a aceitação depende muito do desenvolvimento da criança e do que foi dito a respeito do pai.

O caso de Pelé e Sandra foi o inverso, pois o pai não se aproximou da filha. Segundo a psicóloga, os bastidores da história são fundamentais para saber os motivos do Rei do Futebol insistir em manter distância da filha mesmo após o exame de DNA. "Não sei o que pode ter acontecido para ele não assumir", diz Magdalena. "Acho que àquela altura, ele não mancharia sua imagem se assumisse a filha. Também não sei que meandros a história teve. Ele é um cara muito inteligente, alguma razão deve ter tido, não me parece um gesto tão leviano", afirma.

Para a psicóloga e especialista em terapia familiar, Ceneide Maria de Oliveira Cerveny, a luta pelo reconhecimento de paternidade foi a forma que Sandra encontrou para reconstruir sua identidade. "Quando um filho não conhece 50% de onde ele veio, é natural que viva em busca de suas raízes", disse Ceneide. "Na verdade, ela ganhou um pai na Justiça, mas não de fato", disse a psicóloga que escreveu um livro sobre problemas familiares, no qual o caso de Sandra é citado.

Procurado pelo G1, o ex-jogador não foi encontrado para falar sobre o assunto.





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