Da Reportagem
A dona-de-casa Neide Maria de Oliveira Moraes enfrentou os perigos das áreas alagadas do Pantanal a pé para procurar auxílio jurídico junto à expedição Ribeirinho Cidadão, da Defensoria Pública, em São Pedro de Joselândia, no Pantanal. O filho dela, Rubens Santana de Oliveira Moraes, de 28 anos, é deficiente físico e na infância sofreu paralisia. O benefício dele no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) está bloqueado desde dezembro. A família precisa do recurso para comprar remédios para o filho.
Rubens, que não fala e tem muita dificuldade para andar, foi com o pai para Barão de Melgaço para comprovar em perícia que realmente era deficiente físico. Mas, de nada adiantou. O pagamento do benefício continuou suspenso. Dona Neide disse ainda que gastou mais de R$ 300 na viagem e que a família não tem recursos, caso seja necessário viajar novamente.
A expedição da Defensoria Pública refez o caminho que dona Neide percorreu a pé para chegar até São Pedro de Joselândia. Ela mora em Retiro de São Benedito. A expedição partiu em um trator, o único veículo capaz de romper os atoleiros formados pelas chuvas do Pantanal, com o juiz José de Arimatéia, o defensor público Air Praeiro, um oficial de justiça, um policial militar, uma médica e uma representante do Ministério Público. Um percurso de 10 quilômetros durou uma hora e meia. Em alguns pontos, a água quase chegava à altura da carroceria do trator.
Na casa humilde da família, a médica da expedição atestou a incapacidade de Rubens e o juiz José de Arimatéia expediu uma sentença de interdição, com parecer favorável do Ministério Público Estadual. “Isso significa que ele é incapaz de praticar atos da vida civil e precisa da pensão do INSS para sobreviver”, afirma o juiz. Com a sentença expedida, o INSS terá que restabelecer o benefício podendo ser multado em caso de descumprimento. (DM)
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Da reportagem local
Cidadãos que buscam auxílio-doença ou aposentadoria no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estão enfrentando transtornos para receber os benefícios. A maior parte das reclamações vem de pessoas que têm alguma doença e não conseguem um parecer favorável dos peritos.
As doenças mais comuns relatadas por quem busca o auxílio são as provenientes de atividades repetidas. A auxiliar de higiene hospitalar Arleide Brito Batista, 43 anos, que tem hérnia de disco, contou que há seis meses tentava no INSS o auxílio-doença, sempre recebendo recusa dos peritos: "Entrei com um processo para receber o benefício. Meu médico não me dá alta, mas meu pedido é negado no INSS". Ela desabafa: "A gente trabalha, paga a contribuição e agora não recebe. Tem época que eu não consigo trabalhar por causa das dores".
Como ela, há outras pessoas indignadas. "Acho incrível, é só um salário mínimo e eles ainda estão negando", disse Sebastiana Maria Borges, 63 anos, que se submeteu recentemente a uma cirurgia e estava com dificuldade para receber o auxílio-doença.
Tem vários casos como o dessas cidadãs. "Estou com um pedido do médico que diz que não tenho condições de trabalhar, mas os peritos acham que eu estou bom", contou o funcionário público Alexandre Pereira, 36 anos.
Há queixas também do atendimento: "O médico não olha direito. E depois fala que tenho condições de trabalhar", reclamou a dona de casa Joveni Cunha Lopes, 64 anos. Ela, que sofre com dores na coluna e ombros, mesmo com idade para se aposentar por tempo de serviço, não consegue o benefício.
Instituto
O INSS, por meio da Assessoria de Imprensa, informou que a perícia médica tem como função analisar as condições de saúde do trabalhador para verificar se ele está ou não em condições de exercer a atividade profissional. Caso haja incapacidade para o trabalho, será concedido o benefício auxílio-doença. Porém, se a pessoa tem uma doença, mas no momento do exame médico-pericial no INSS isso não a estiver impedindo de trabalhar, o pedido de auxílio-doença será indeferido. Foi afirmado ainda que não é tarefa do perito médico do INSS cuidar da saúde geral do trabalhador, mas sim se certificar de que existe incapacidade ou não para o trabalho.
O tempo médio para uma pessoa conseguir os benefícios previdenciários concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS) não pode ultrapassar 45 dias pela determinação prevista em lei no Brasil. O período médio de concessão das aposentadorias no País, no mês de novembro de 2010, estava em 24 dias. Para auxílio-doença, no mesmo mês, girava, em média, em 32 dias para ser concedido.
Ajuda
Em Mogi, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) presta o serviço de orientação para as pessoas com problemas com o INSS. Segundo a OAB, as queixas têm aumentado. "Não temos como nomear alguém para cuidar do caso das pessoas. O que fazemos é um trabalho de orientação para que ela procure um advogado de confiança que trabalhe com casos de previdência", informou o secretário-adjunto da OAB de Mogi, Edson Vander Porcino de Oliveira.
Existem alguns fatores apontados por Oliveira para que as pessoas não consigam receber os benefícios previdenciários. "Existem casos em que a pessoa não tem condições de se aposentar e outro é não considerar o tempo de trabalho". Para o secretário, o problema mais grave do instituto é a rejeição aos pedidos de auxílio. "Infelizmente, o serviço prestado pelo INSS está ruim pelo fato dos indeferimentos serem feitos de forma indiscriminada".
CCJ do Senado deve votar esta semana projeto que cria cargos no INSS
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