[Valid Atom 1.0]

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

#WikiLeaks: corrupção em #Cuba é generalizada



23 de janeiro de 2011


A corrupção em Cuba se transformou em um problema generalizado, que atinge tanto a cúpula do Partido Comunista como profissionais de fora da política, segundo os documentos do Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Havana divulgados pelo WikiLeaks.

Os novos dados revelados mostram que as práticas corruptas "reinam" em um regime empobrecido, afirma o jornal El País.

Segundo os documentos, "essas práticas incluem suborno, desvio de recursos públicos e fraudes contábeis".

As mensagens do escritório americano ressaltam que o roubo e a corrupção é generalizada na polícia, no setor turístico, no de transporte, no de construção e no de distribuição de alimentos.

Segundo os papéis do WikiLeaks, as autoridades cubanas toleram as corrupções até certo ponto, mas podem atuar com contundência e severidade quando os desvios de dinheiro são muito grandes, daí as constantes destituições de ministros e altos cargos da administração.

Em outras mensagens reveladas pelo WikiLeaks, os diplomatas americanos se referem também à situação da Igreja Católica cubana, da qual chegam a dizer que renunciou ao ativismo político na ilha em troca de conservar seu espaço.

"Desde o cardeal Jaime Ortega até as freiras das províncias, a Igreja Católica evita desafiar o governo", disse o chefe do Escritório de Interesses dos EUA em Havana em 2008, Jonathan Farrar.

Segundo essas fontes, "o medo de despertar a ira do governo reduz os programas da Igreja a trabalhos muito limitados, como o cuidado de doentes mentais".

A conclusão dos diplomatas americanos de suas conversas com membros da Igreja Católica da ilha é que a organização religiosa não desafiará o regime e "prefere interceder perante as autoridades em segredo".


Para EUA, corrupção em Cuba se tornou fenômeno generalizado, revelam documentos do WikiLeaks

Publicada em 23/01/2011 às 18h08m

O Globo

Vista do Capitólio, em Havana (Cuba)

RIO - A corrupção em Cuba avançou a tal ponto que se converteu em um fenômero generalizado que atinge altos funcionários do governo, membros do Partido Comunista Cubano e profissionais sem afiliação política, revelaram telegramas divulgados pelo site WikiLeaks. Assim sustentam informes da Seção de Interesses dos Estados Unidos, a representação diplomática americana em Havana, que, através de declarações, relatos, dados e notas retratam as práticas corruptas que se instalaram num regime assolado pela penúria, segundo informações do jornal espanhol ''El País''.

Entre os atos de corrupção, sempre segundo os documentos liberados pelos WikiLeaks, figuram as comissões ilegais cobradas por funcionários do governo em troca de favores e cujos montantes são depositados em contas abertas em seu nome ou de terceiros em bancos estrangeiros. A denúncia teria sido confirmada pelas informações proporcionadas por um empresário suíço:

- Como em qualquer lugar do mundo, um contrato de US$ 1 milhão supunha uma comissão de US$ 100 mil no banco - informou o empresário.

Um outro informe de 2006, cujo conteúdo, em linhas gerais, é reafirmado em telegramas posteriores, indica que esses funcionários são tão membros da elite revolucionária quanto pragmáticos que encontraram um espaço no rígido sistema comunista.Cita como exemplo o ex-ministro de Turismo Ibrahin Ferradaz, destituído em 2004 por corrupção. Ele fora nomeado em 1999, em substituição a Osmany Cienfuegos, deposto após o afastamento de vários executivos das empresas turísticas Rumbos, Horizontes e Cubanacán. A rede britânica BBC afirmou, na época, que vários milhões de dólares haviam desaparecido da Cubanacán, o que foi negado oficialmente.

As informações enviadas ao Departamento de Estado por sua representação em Havana mencionam como "amplamente apontado como corrupto" o general Julio César Regueiro, casado com Dania Rodríguez, filha do ex-vice-presidente do Conselho de Estado e de Ministros Carlos Rafael Rodríguez. ''Algumas instalações do Estado são administradas de fato por máfias'', indicava o documento.

Na mesma linha, um cubano disse ao Conselheiro Político da representação americana na ilha que o diretor de um centro de distribuição de pão colocou seus amigos em cargos estratégicos e controla toda a rede estatal de panificadoras.

Apesar das campanhas e sanções oficiais contra as práticas corruptas, que incluíram o deslocamento de 30 mil jovens do Partido Comunista Cubano (PCC) e da Liga de Estudantes para inspecionar postos de gasolina e livros de contabilidade do setor hoteleiro, tais práticas reinam em Cuba, onde a maioria de seus 11,2 milhçoes de habitantes trabalha em empresas do Estado, que controla todos os recursos em escritórios, armazéns e lojas.

O ex-embaixador espanhol Carlos Alonso, por sua vez, comentou a diplomatas americanos que ''a corrupção é necessária para sobreviver''.

- Enquanto na maioria dos países da América Latina, um escândalo de corrupção consiste em uma pessoa roubar US$ 11 milhões, em Cuba seria o mesmo que cada um dos onze milhões de cubano roubasse um dólar - teria acrescentado Alonso.

Para os americanos, profundamente anticastristas, esse monopolio estatal faz com que ''corrupção e roubo signifiquem a mesma coisa''.

''As práticas corruptas incluem o suborno, má administração dos recursos estatais e as falcatruas contábeis'', assinala o telegrama diplomático. O documento destaca que muitos dos postos potencialmente mais rentáveis são preenchidos subornando o funcionário estatal que decide sobre a cessão do serviço.

''Por exemplo, um trabalho com acesso a um posto de gasolina pode custar milhares de dólares, já que permitirá ao beneficiário traficar com o combustível. Um posto no setor turístico, com acesso às propinas, pode custar centenas de dólares. Um cubano nos disse que conseguir um trabalho na estatal CIMEX (de comércio exterior) lhe custaria mais de US$ 500'', completa o documento.

Os policiais "são famosos por aceitar subornos" depois de imputarem aos motoristas uma miríade de transgressões, escreveu Michael Parmly, que dirigiu a representação diplomática em Havana entre 2005 e 2008. "São tão corruptos que o governo renova as fileiras do corpo com recrutas não corrompidos do leste (da ilha). Mas, à medida que o tempo passa, os novos policiais se tornam tão corruptos quanto os antigos e é preciso incorporar outro grupo para substituí-los."

Para a comissão diplomática, o roubo e a corrupção de ''sobrevivência'' são generalizados nos setores de turismo, transporte, construção civil e distribuição de alimentos, que funcionam em paralelo a um mercado negro do cimento, tintas e madeira. Um exemplo é caso de uma mulher que confessou ter podido consertar a dentadura pagando pelos serviços de uma clínica dental clandestina, dirigida por dentistas do Ministério da Saúde e equipada com material roubado do Estado.

Os Comitês de Defesa da Revolução, presentes em todos os prédios de Cuba e responsáveis pela distribuição de mercadorias, usam dois critérios na hora de determinar a quem caberá os produtos mais requisitados, como, por exemplo, televisores e geladeiras: "as credenciais revolucionárias....e sua capacidade aquisitiva."

Outro telegrama enviado a Washington em 2009 faz a seguinte avaliação: "A corrupção em Cuba é uma ferramenta de sobrevivência aceita por todos''. Não obstante, indica que condutas consideradas corruptas nos Estados Unidos, como o conflito de interesses e tráfico de influências. são procedimentos normais em Cuba.

As autoridades toleram as corruptelas de sobrevivência até certo ponto, mas quando têm conhecimento de desvios importantes, atuam com severidade. Nesse sentido, os representantes americanos em Havana enviaram a Washington um telegrama datado de 2007, informando que o ex-ministro da Justiça Roberto Sotolongo foi destituído por estar envolvido em uma trama de corrupção relacionada à cobranda pelo acesso a contas de internet e que um subordinado foi detido tentando sair ilegalmente de Cuba com US$ 25 mil. No mesmo despacho, cita uma fonte que atribui ao ex-ministro acusações mais graves, como participação no tráfico de migrantes. A cúpula do partido comunista também foi atingida, quando Juan Carlos Agramonte, membro do Birô Político, foi detido em 2006 também por corrupção.



LAST

Sphere: Related Content
26/10/2008 free counters

Nenhum comentário: