Ex-ministro lamentou que ''centro-direita'' tenha controlado governos desde a redemocratização
O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu (PT-SP) afirmou ontem que os grandes veículos de imprensa temem a concorrência de novas empresas privadas. Em discurso durante o evento Democracia e Liberdade Sempre, promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), o líder petista disse ainda que o País passa por uma batalha no campo da comunicação social.
"Não é uma batalha simples. Vai ter muitas nuances, muitas formas", afirmou. "O que eles não querem é concorrência. É o que eles temem. Não é imprensa alternativa, de esquerda ou sindical. É a própria concorrência capitalista", acrescentou.
Questionado se sugeria abertura do mercado brasileiro para grupos estrangeiros no setor de comunicação, Dirceu negou. Disse que defendia apenas a ampliação do número de veículos no País. O petista ainda afirmou ser favorável à regulação da mídia.
"Regulação da mídia não é censura à mídia. Ter um órgão regulador, como existe nos EUA, na França e na Inglaterra, adaptada às nossas necessidades e pactuada. Nós estamos numa democracia. É o Congresso que aprova. Se não pactuar, não construir consensos, não se aprova."
Dirceu disse que a eleição de Dilma Rousseff representa a chegada da geração de 68 ao poder, mas evitou fazer declarações sobre o futuro governo, para, segundo ele, evitar polêmica.
No discurso, o petista falou sobre a luta armada e o processo de redemocratização brasileiros. Lamentou que a redemocratização tenha ocorrido a partir de frente ampla controlada pela centro-direita. "Uma hegemonia que prevaleceu até a vitória do Lula. E que ainda tem presença nos nossos governos pelas condições e características do nosso processo político."
Argumentou que a resistência, na ditadura, ocorreu como resposta ao ataque inicial das Forças Armadas. "Quem pegou em armas foi a ditadura. As armas que a nação entregou às Forças Armadas para defender a Constituição e a democracia, elas usurparam para impor ao País uma ditadura", disse Dirceu. "E foi contra ela que nós nos levantamos e resistimos."Justiça ‘penhora’ casa de Dirceu para cobrir dívida
Beto Barata/AE
O Tribunal de Justiça de São Paulo mandou à penhora a casa do ex-ministro José Dirceu. Está assentada num condomínio elegante de Vinhedo (SP).
Deseja-se utilizar o imóvel para saldar uma dívida judicial atribuída a Dirceu. Coisa de R$ 120 mil.
Deve-se a revelação da novidade ao repórter Ricardo Feltrin. Ele conta que a sentença é nova, mas o processo é antigo. Arrasta-se há 20 anos, desde 1989.
É querela de uma época em que Dirceu, um aguerrido deputado estadual, era estilingue, não vidraça. Movia processos, não era processado.
Pois bem, esse Dirceu de ontem decidira patrocinar uma ação popular contra o governo paulista de Orestes Quércia (1987-1990).
Na ação, Dirceu questionara a compra de três dezenas de caminhões, feita pela Secretaria de Segurança da gestão Quércia.
Julga daqui, recorre dali, Dirceu perdeu a parada. Amargou derrotas na primeira e na segunda instância do Judiciário.
O diabo é que, ao longo do processo, houve a necessidade de contratar os bons préstimos de um perito judicial. A coisa não saiu de graça.
E é Dirceu quem vai ter de pagar a conta, estimada em R$ 120 mil. Daí a penhora da casa.
O doutor Luiz Carlos Bueno de Aguiar, advogado de Dirceu, diz que vai recorrer. Quer salvar a casa e livrar o cliente da dívida.
“Não vou permitir que a única casa em nome do ex-ministro seja penhorada para pagar uma dívida que está prescrita".
São mesmo tortuosos os caminhos do destino. Neste processo, nascido na fase estilingue, Dirceu pede a prescrição.
No processo do mensalão, da fase vidraça, Dirceu não pede, porque ficaria feio. Mas é sério candidato ao mesmo benefício da prescrição.
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