O presidente ( CARA DE PAU) Luiz Inácio Lula da Silva deverá ir à Argentina sexta-feira para participar do enterro do ex-presidente Néstor Kirchner. Lula ainda não definiu horário da viagem, mas pediu nesta quarta-feira ao seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, que converse com o assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia para organizar a ida ao país vizinho
( E NÓS ESTAMOS PAGANDO ESSA VIAGEM NO AEROLULA)
Exclusivo: os documentos, as testemunhas e as memórias da greve que manteve o presidente por 31 dias na prisão
por Camilo Vannuchi - 07/01/2010 - 12:2313 PARES DE KICHUTE
“Depois da intervenção no sindicato, desocupei a sala de casa e disse: ‘Pronto, aqui é o sindicato’”, afirma Dona Marisa. “Vinham políticos, almoçavam, alguns dormiam em casa.” Entre eles, os senadores Teotônio Vilela e Franco Montoro e os deputados Eduardo Suplicy e Ulysses Guimarães. Encarcerada, a diretoria tratou de arrumar o que fazer. Responsável pela defesa dos presos, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh conta que Lula pediu sua ajuda para distrair os metalúrgicos. “Ele subia todo dia para o gabinete do Romeu Tuma, o diretor do Dops”, diz Greenhalgh. “Lia jornais e recebia autoridades, mas os outros não aguentavam mais jogar baralho. Comprei 13 pares de tênis kichute e uma bola de futebol.” Entre as partidas realizadas no pátio do Dops, investiam seu tempo em brincadeiras e molecagens. Um dia, um metalúrgico substituiu o colírio do colega por urina. Noutro, a turma resolveu dizer a um dos presos que ele teria direito a cela especial por integrar o júri de Santo André. “Ele se convenceu e passou a exigir tratamento VIP”, diz José Maria de Almeida, hoje presidente do PSTU. “Os carcereiros colaram na porta da solitária uma folha com as palavras ‘cela especial’ e jogaram o rapaz lá por uns dias.”
Ao longo de 31 dias, não houve visita íntima. As condições da cela, com luzes permanentemente acesas e policiais em vigília, não permitiam nenhum tipo de atividade sexual, mesmo que solitária, por parte dos detentos. Aos poucos, a testosterona passou a turvar a visão dos companheiros. “Uma noite, fomos chamados pelo carcereiro para ver, através da janelinha da cela, cinco garotas que haviam sido presas”, diz o ex-deputado Djalma Bom. “Eram bonitas, de batom e roupa curta. Dois dias depois, o carcereiro nos levou para vê-las. Elas estavam com os seios à mostra e os rostos barbados! Eram travestis.”
Corpo do senador Romeu Tuma é enterrado em São Paulo
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
O corpo do senador Romeu Tuma foi enterrado na tarde desta quarta-feira no cemitério São Paulo, na zona oeste da capital paulista.
O parlamentar morreu ontem aos 79 anos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em decorrência de falência de múltiplos órgãos.
Além dos filhos, dos irmãos e da viúva de Tuma --que empurraram o caixão do senador rumo ao túmulo-- estiveram presentes eleitores e policiais. Compareceram também à cerimônia fúnebre a mulher do candidato à Presidência José Serra (PSDB), Mônica Serra, o deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e o vice-presidente do PTC, Ciro Moura.
Antes do sepultamento, o corpo de Tuma foi levado para uma capela dentro do cemitério, onde terminou de ser velado.
Durante o trajeto até o túmulo, o caixão de Tuma esteve coberto com uma bandeira do Brasil. Policiais da Tropa de Choque paulista fizeram uma salva de três tiros.
Momentos antes de o caixão ser sepultado, familiares discursaram em homenagem ao senador.
"Pai, por uma questão de justiça, o senhor é um dos poucos homens que deveriam ser enterrados de pé. Vá com Deus", disse o filho Romeu Tuma Jr.
O senador foi enterrado sob aplausos.
"É um dos grandes homens do nosso país que está indo embora, e isso é sempre sentido por muita gente", afirmou Mônica Serra.
VELÓRIO
Pela manhã, visitaram o velório na Assembleia Legislativa de São Paulo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), o governador Alberto Goldman (PSDB) e o senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que renderam homenagens.
"É o homem do diálogo. Nunca o vi do lado da perseguição, mesmo no tempo da ditadura, quando estávamos em lados opostos", disse FHC.
O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) foi um dos primeiros a chegar ao velório.
"Vim trazer à família do senador Romeu Tuma, aos amigos e a toda população de São Paulo o meu pesar pelo falecimento dele, uma pessoa afável, simples", afirmou.
Zanone Fraissat /Folhapress |
Robson (à esq.) e Romeu (à dir.) ao lado do caixão do senador Romeu Tuma, na madrugada desta quarta-feira |
Também estiveram na Assembleia os senadores Aloizio Mercadante (PT), Pedro Simon (PMDB) e Eduardo Suplicy (PT), além de deputados estaduais e prefeitos do Estado.
O ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, amigo pessoal de Tuma, foi ao velório representando também Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República.
"Venho de minha parte, que sou amigo pessoal dele e muito ligado à família, e também representando Dilma, que está no Norte do país, e não pode vir. Ela mandou uma mensagem de carinho, sentimento e pêsames", afirmou.
O ex-ministro lembrou que conheceu Tuma ainda na década de 1970, quando era advogado e, o senador, delegado de polícia. "Ele teve uma trajetória irretocável em todos os cargos que ocupou. No Senado, muito espírito público", destacou Márcio Thomaz Bastos.
HOMENAGENS
Mais de 40 coroas de flores foram enviadas ao local do velório. O candidato à Presidência, José Serra (PSDB), e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foram algumas das autoridades que prestaram esse tipo de homenagem.
O corpo de Tuma chegou escoltado por carros de polícia e foi carregado por policiais militares. Políticos e familiares acompanharam o trajeto do caixão.
DOENÇA
Tuma foi internado no dia 2 de setembro no Hospital Sírio Libanês e morreu em decorrência de falência múltipla de órgãos.
Mesmo doente, concorreu à reeleição. Sua candidatura foi mantida pelo presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, que tratou o assunto como uma "questão de honra".
No fim de julho, segundo a Folha apurou, o senador já dava mostras de abatimento. No dia 20 de agosto, quando foi inaugurado seu comitê central de campanha, Tuma fez questão de comparecer, embora já muito magro, com aparência fragilizada.
O senador ficou em quinto lugar com 10,79% (3.970.169 de votos).
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