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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Condomínio pode custar o dobro da prestação da casa


Prestação mínima do financiamento dos imóveis do Minha Casa, Minha Vida é de R$ 50, mas condomínio custará cerca de R$ 100

Marina Gazzoni, iG São Paulo | 29/03/2010 07:13

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A manutenção dos apartamentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida pode se tornar inviável para as famílias de baixa renda. O condomínio dos imóveis de menor valor custará cerca de R$ 100 por mês para cada unidade, segundo construtoras e especialistas do mercado imobiliário. O valor é o dobro da parcela mínima do financiamento das unidades feito pela Caixa Econômica Federal, de R$ 50.


A questão preocupa o Sindicato da Habitação (Secovi-SP), que montou uma comissão para discutir o tema. A entidade teme que famílias com rendimentos entre zero e três salários mínimos, menor faixa de renda atendida pelo programa, não consigam arcar com os custos de manutenção dos imóveis. “A cobrança de R$ 100 de condomínio é inviável para famílias com renda inferior a três salários mínimos”, afirma Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP e coordenador do grupo de estudo sobre o tema. "Eles vão pagar de condomínio mais do que a prestação da casa. Isso abre espaço para inadimplência e abandono dos apartamentos."

Não há normas que exijam que o valor do condomínio seja menor do que a parcela do crédito imobiliário, mas, pelo “bom senso”, esta deveria ser relação entre as contas, afirma Marcos Whitaker de Assumpção, consultor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). “Quem paga R$ 50 de prestação recebeu subsídio para comprar o imóvel", diz. "Se precisa de subsídio para pagar a parcela, pode ser que não tenha dinheiro para pagar a conta de condomínio.”

Cortes de gastos podem ajudar moradores

Para conseguir manter o novo imóvel, os proprietários devem organizar as contas. O consultor em finanças pessoais João Sunfeld recomenda que as famílias relacionem ganhos e gastos de todos os integrantes e escolham no que vão economizar. “Isso vale para todas as faixas de renda”, afirma.

Foto: Leandro Farchi Ampliar

Para pagar o novo apartamento, Sofia Lisboa abriu mão de lazeres, como festas e baladas

A assistente administrativa Sofia Lisboa, 27, ainda não se mudou para o novo apartamento, mas já começou a controlar os gastos. Ela aproveitou as condições favoráveis de crédito para comprar um apartamento num lançamento enquadrado no programa Minha Casa, Minha Vida. Com renda de R$ 1.800, equivalente a três salários mínimos e meio, ela mora hoje com os pais e não gasta com habitação. Mas, assim que receber as chaves do apartamento, terá novas contas para pagar: a prestação do financiamento estimada será de R$ 300 e o condomínio entre R$ 100 e R$ 150, além de gastos para mobiliar o imóvel e as despesas de luz, água e material de limpeza.

“Estou economizando desde já para me sustentar depois", afirma Sofia. "Enquanto meus amigos gastam dinheiro com festinha e balada, eu estou pagando um apartamento.”

Condomínio viável para a baixa renda

A conta de condomínio que cabe no bolso das famílias com rendimentos de até três salários mínimos é de, no máximo, R$ 40, segundo Gebara. Já os consumidores enquadrados nas outras faixas de renda do programa Minha Casa, Minha Vida, com rendimentos entre três e dez salários mínimos, têm condições de arcar com valores praticados, segundo o vice-presidente do Secovi.

O condomínio deve custar entre 3% e 10% dos rendimentos da família, segundo Angélica Arbex, gerente da Lello Condomínios. Neste caso, uma família com renda de um salário mínimo (R$ 510), pode pagar entre R$ 15 e R$ 51 de condomínio. Para quem ganha três salários mínimos, esse valor varia entre R$ 46 e R$ 153.

Alguns economistas não definem uma porcentagem ideal da renda familiar para a cobrança dos condomínios, mas uma quantia máxima por mês para todos os gastos com habitação. Para o consultor em finanças pessoais Mauro Calil, a soma de todas as contas, como prestação do financiamento imobiliário, condomínio, luz, água, gás e material de limpeza, não deve ultrapassar 35% do rendimento das famílias. Neste caso, famílias com renda de um salário mínimo podem destinar até R$ 178 para gastos com habitação.

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