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sábado, 25 de abril de 2009

Salvador tem 49% dos casos de leptospirose no Estado



Amélia Vieira | A TARDE

Margarida Neide / Agência A TARDE

Deficiência na coleta de lixo agrava problema na periferia

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As chuvas dos últimos dias trazem, além da preocupação com os desabamentos de imóveis e deslizamentos de terra, outro alerta: o risco da leptospirose. Isso porque o contato com as águas acumuladas em poças, que invadem casas e provocam alagamentos, são o meio adequado para o contágio pela doença, transmitida pela urina de ratos.

Este ano, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 21 ocorrências na capital baiana. Em 2008, no mesmo período (janeiro a abril) foram 35. Dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) evidenciam que Salvador, até o dia 22 de abril, teve 26 casos notificados, de um total de 53 no Estado. Com relação a Salvador, historicamente os dados sobre leptospirose não batem quando analisados os números da SMS e da Sesab (confira infografia). Em qualquer contagem, porém, o aumento de registros da doença é certo após o período chuvoso.

Há ainda o agravante dos sintomas serem confundidos com os da dengue, uma vez que são comuns: febre e dores de cabeça e no corpo. “Devido à maior frequência, a tendência é achar que é dengue”, observa a sanitarista Cristiane Cardoso, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da SMS.

Na quinta-feira, o órgão promoveu uma sessão técnica visando esclarecer os profissionais de saúde sobre a possibilidade de crescimento do número de vítimas de leptospirose e seu diagnóstico. Cristine Cardoso explica que o principal modo de confirmar a doença é através de exame laboratorial.

Quanto aos sintomas, o diferencial está nas dores na panturrilha (batata da perna), característica da leptospirose. “O médico deve investigar se a pessoa teve contato com água da chuva e lama e por quanto tempo”, acrescenta a coordenadora.

BACTÉRIA – A leptospirose é transmitida pela bactéria leptospira, presente em ratos contaminados que a eliminam através da urina. A bactéria não faz mal aos roedores. Contudo, é lesiva aos seres humanos que têm contato com a água infectada e o contágio se dá através da pele. Quanto maior o tempo de exposição à água e a presença de feridas, maior a possibilidade de contrair a doença.

Na sua forma simples o combate à bactéria é com antibióticos. Em sua forma grave, chamada de Síndrome de Weil, o paciente pode desenvolver insuficiências renal e respiratória e hemorragia pulmonar, com risco de óbito. “Nesses casos é preciso internamento em UTI e tratamento mais severo com antibióticos”, indica a sanitarista.
Ela acrescenta que a forma grave da leptospirose atinge mais comumente homens adultos, e dificilmente crianças, que, por sua vez, são as vítimas mais frequentes da dengue grave.

DESIGUALDADE – Em Salvador, em 2008, foram notificados 129 casos de leptospirose e 11 óbitos, conforme a Sesab. Este ano houve 21 casos e uma vítima fatal, segundo a SMS. Salvador está entre as cinco cidades brasileiras com maior incidência da doença, ao lado de Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, segundo Federico Costa, biólogo argentino e doutorando do Núcleo de Pesquisas de Leptospirose da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz).

A pesquisa, feita em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura e o Hospital Couto Maia, tem várias vertentes: análise de fatores socioambientais das comunidades em que há incidência, detecção de casos graves e melhores formas de tratamento, desenvolvimento de vacina e de um teste rápido.
Este último, espera-se que esteja no mercado no próximo ano. Ele permitirá o diagnóstico em 15 minutos. Atualmente, de acordo com Costa, a Fiocruz dá o resultado em três a cinco dias e o Laboratório Central (Lacen) em uma semana.

Costa destaca que os fatores ambientais são o principal risco para a disseminação da doença. “As desigualdades socioambientais, com deficiências estruturais e falta de saneamento básico, favorecem a alta infestação”, ressalta o estudioso.

PRECAUÇÕES – Ele destaca que a população também pode se prevenir com ações simples, como evitar a exposição à lama e água das chuvas. No caso de precisar desobstruir canais e esgotos, limpar quintais e casas alagados, o ideal é usar botas e luvas. Não tendo equipamentos de proteção, pode-se usar sacos plásticos. Evitar o acúmulo de lixo é uma forma de afastar os ratos, transmissores da leptospirose.

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